Capítulo 24 - Tranquila

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Camila Cabello  |  Point of View





Com meus olhos fechados, eu tentava me desligar do mundo externo e o cheiro dos incensos de lavanda me purificavam um pouco.

— CONSELHEIRA K.

— Kevin... qual é a primeira regra básica do templo? – Eu falei com a voz mansa e continuava com meus olhos fechados.

— Não gritar. Desculpe, conselheira. Mas o seu editor está aqui.

— Mande-o entrar. – Abri meus olhos e endireitei minha postura. O homem engravatado atravessou a porta, com o
novato gritador.

— K!

— Carter Duncan. A que devo a honra? – Falei puxando uma cadeira pra ele, já que ele tinha nojo de sentar em tapetes. — Kevin... pode ir com o Mestre Jun. Ele começará a meditação em dez minutos.

— Sim, conselheira.

— Novato?

— Sim.

— Vim trazer as novidades que não importam pra você.

— Mais entrevistas?

— Muitas. – Ele me entregou uma pilha de folhas.

— Seria muita exposição.

— Mas te liberaram pra fazer isso.

— Você está louco pra que eu aceite.

— Grande K. Seus lucros, são meus lucros. E ninguém está te oferecendo miséria.

— Não vou aceitar. – Comecei a folhear os convites, eram muitos e bem generosos.

— Você que sabe, grande K. – Ele disse. — Você conversou com seus pais sobre os depósitos.

— Sim. Era o gerente do banco dele que estava desviando um pouco do dinheiro.

— Que filho da puta.

— Carter. Não pragueje no templo.

— Perdão. – Quando eu passei para a última pilha de folhas, encontrei uma do Jornal da hora.

— Ah... um jornal de Miami.

— Sua cidade natal. Não sente falta de lá?

— Sinto, mas medito e passa. – Ele gargalhou. — Ligue pra esse jornal. Pergunte os detalhes... acho legal dar
notoriedade pra minha cidade.

— Isso, garota. É assim que se fala. – Ele pegou o celular e discou o número.

— Deixe no viva voz. – Ele o fez.

— Jornal da hora... Alice falando.

— Bom dia, Alice. Sou o Carter Duncan e recebi um e-mail deste jornal com o interesse em entrevistar K.E.

— Você disse K.E.?

— Sim.

— Fui orientada a passar a ligação pra o editor chefe quando esse nome fosse citado. O senhor pode aguardar na linha?

— Claro.

— Acho que foi um erro... melhor deixar isso...

— Nick Jonas falando. É uma honra receber um retorno.

— Sim. Bom, queria saber como vocês procederiam caso K aceite a proposta.

— Bom, nos faríamos uma festa, eu seria promovido, deixaríamos metade do mundo com inveja. – Eu dei risada. — E eu mandaria minha pessoa de confiança pra aí no outro dia.

— Quantas pessoas viriam?

— Só uma.

— Você está ciente sobre as regras do templo?

— Eu não, mas ela leu o livro e amou.

— Peça pra falar com ela. – Eu sussurrei e ele assentiu.

— Pode colocar ela na chamada?

— Sim. Alice, peça a Srta. Jauregui vir até minha sala. – Meu coração errou o compasso por ouvir esse nome. Achei ser delírio.

— Sente. Estou com o editor do K.E. Ele quer saber se você sabe das regras do templo.

— Sim... – Era ela... a voz dela, eu reconheceria aquela voz mesmo que se passassem duzentos anos. — Não posso
usar roupas que mostrem muito meu corpo, nem fotografar o templo e não se pode tocar nos deuses.

— Você está bem? – Ele perguntou pra mim, enquanto tapava o celular.

— Porque?

— Você está chorando.

— Aceite essa entrevista. Pague todos os gastos dela e diminua em cinquenta por cento o que eles querem pagar.

— Mas...

— Fica com todo o lucro pra você. Diga que aceito.

— Aceitamos. Mande seus dados por e-mail, K pagará todas as suas despesas. Parabéns, espero que aproveitem a oportunidade. – Ouvimos uns gritos e comemorações.

— Muito obrigada pela oportunidade.

— Agradeça para K. Está ouvindo você.

— Obrigada, Sr K. – Ele ia corrigi-la, mas eu neguei.

— Adeus, senhorita. Pode me mandar o e-mail.

Ele desligou e ficou me perguntando o que tinha acontecido, mas nem eu sabia, era Lauren e estou me sentindo a mesma adolescente tola de anos atrás.

— Você conhece ela? – Ele perguntou.

— Ela é meu livro.

— Ai cacete.

— Não pragueje.

— Desculpe. Isso vai ser interessante. Porque aceitou?

— Quero ver ela.

— Pra que?

— Conseguiu sua entrevista, Carter. Pode me deixa sozinha?

Ele assentiu e saiu. Eu não sabia o que responder... não sei pra que quero ver ela. Só sei que quero.

Lauren Jauregui  |  Point of View

— Você é a minha rainha, Lauren. Obrigada por ler esse bendito livro. Vamos entrar pra ranking dos 10 mais. Eu serei promovido e vou promover você, rainha.

— Calma, Nick. Você está muito empolgado.

— Mas isso é inusitado, Lauren. Vários tentam há tempos.

— Ok. Preciso que me libere, tenho que arrumar minha mala e avisar meus pais.

— Claro. Vai. Pode ir.

Fui pra casa e arrumei tudo. Vai ser bacana conhecer um lugar novo.

×××

Depois de uma despedida exagerada de meus pais, estava no aeroporto com Nick chegando completamente afobado... como sempre.

— Minha rainha, aqui estão, as passagens, o endereço no templo, o nome de quem procurar... só não tem o nome do hotel. Acho que ficará lá no templo.

— Tudo bem.

— Que bom. Achei que ficaria desconfortável.

— Na verdade estou adorando tudo isso. Falando bem sério, estou sentindo uma tranquilidade bem grande. Isso é muito estranho.

— Tem certeza que não quer alguém lá com você?

— Nós dissemos que só uma pessoa iria.

— Está certa. Pergunte tudo... tudo sobre a vida pessoal dela.

— Eu sei. Não se preocupe.

A última chamada soou e logo eu estava no avião.

TramaOnde histórias criam vida. Descubra agora