Capítulo 94 - Acordando

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Camila Cabello  |  Point of View



“Querido Mestre...

Estou exausta, esqueci como se medita e não sei o que fazer. Minha esposa reclama todos os dias do meu jeito possessivo e eu, pela primeira vez em anos, estou me irritando com isso. Eu prometi visitas, mas ser mãe é um compromisso tão viciante que não consigo pensar em outra coisa... quer dizer, não sei se voltei a ter aquele problema, mas ando pensando muito em sexo ultimamente.

Preciso de uma luz, sinto Lauren cada vez mais sem paciência com meus ataques e... como eu sempre deixei claro, ela é a pessoa mais importante na minha vida, afinal, foi por ela que me encontrei, e não quero me perder novamente.

Queria uma ajuda, quero saber como andam as coisas por aí e como estão todos. Preciso de um monge para me ajudar aqui, se tiver alguém que queira ficar mais perto da família, pode ser até de uma cidade vizinha, aqui no templo tem quartos, estou precisando de mais um monge pleno para me ajudar, pois o número de frequentadores só aumenta.

Na verdade, Lauren me disse que vou acabar desistindo de tudo e para ser sincera, já pensei algumas vezes nessa possibilidade.”

K.E.

Foi isso que escrevi e fui até o correio enviar.

O resto do meu dia foi comigo tentando me concentrar, mas qualquer mosca que voasse na minha frente me tirava toda a concentração. Bufei e berrei de desespero, logo Mark, o monge que me ajudava ali estava na sala.

— Conselheira, K. Aconteceu alguma coisa? – Eu fiquei olhando para ele por um tempo, mas não me senti a vontade para conversar com ele sobre isso.

— Não... tentei uma meditação nova, mas ela não é eficaz.

— Com gritos?

— Sim. Por isso não é eficaz. – Ele sorriu e se curvou, saindo dali.


×××


Após nove dias, estávamos almoçando e Bia planejava seu aniversário. Me pediu um skate de presente e eu assenti. As três estavam empolgadas com a festa, mas eu só consegui pensar no dia que chegaria minha carta e minha ajuda.

— Pode, papi? – Ela perguntou e eu olhei para Lauren.

— Ela quer uma rampa no quintal de aniversário.

— Você não queria um skate?

— Quero os dois.

— Tudo bem, eu vou pesquisar se tem como, mas já aviso que na minha casa o meu papa não conseguiu montar uma. Não é certo. – Ela assentiu, mesmo não sendo uma confirmação, ela parecia feliz.

— Podem assistir TV, meninas. – Elas levantaram e eu olhei meu prato ainda cheio. Lauren retirou os pratos das
meninas e eu fui até a pia, enrolei papel filme no meu prato e o levei até a geladeira. Assim que fechei a porta, minha cintura foi enlaçada em um abraço forte.

— O que aconteceu? Está distante. – Ela disse e eu me virei para abraçar ela melhor.

— Nada... só estou preocupada com a quantia de visitantes e novos integrantes no templo. É muita gente.

— Mas isso é bom, amor. Você achou que não existiriam tantos budistas nas proximidades e agora é uma referência. Eu tenho muito orgulho de você. – Ela selou nossos lábios e eu sorri.

— Lauren, existem mulheres que são boas profissionais, outras que são excelentes donas de casa, outras são mães exemplares e outras são esposas maravilhosas. Eu fico com tanto orgulho quando vejo que você consegue ser tudo isso ao mesmo tempo. É tão louco quando percebo que a vida me recompensou demais colocando uma mulher como você na minha vida. Ou ele sabia que eu era fraca e colocou uma muralha do meu lado para não me deixar abater. Obrigada por ter me alertado, eu realmente estava cedendo e se você na tivesse falado, eu simplesmente não saberia onde aquilo terminaria.

— Camz...

— Não. É verdade. Eu estava ficando psicótica e você com seu jeitinho todo especial cansou de me mandar mensagens sutis e me mandou a realidade. Eu precisava disso e agora preciso de ajuda.

— Eu ajudo você.

— Você sempre está me ajudando, mas eu mandei uma carta ao mestre. Preciso de tratamento de choque. – Ela me abraçou mais forte.

— Você sempre me derretendo toda com sua fofura. – Eu sorri.

— Só estou sendo sincera.

— Uma sincera super fofa. Sabe, Camila... eu imaginei que tipo de esposa você seria, eu sempre soube, desde o instante que bati meus olhos em você, que teríamos uma química sexual intensa e quase incontrolável e antes do casamento, eu me perguntava. E se for só isso? E se ela não gostar das minhas manias... era estranho imaginar nossa vida depois do casamento, pois eu não tinha uma imagem formada de você, só tinha a certeza que te amava com todas as minhas forças e isso devia me manter firme, caso nada desse certo. Eu sempre senti seu amor Camz, mesmo nos sete anos afastadas, eu sentia isso e não sabia o que era, mas depois que subimos no altar e juramos companheirismo, você se mostrou a melhor escolha da minha vida. Eu sei que posso contar com você e fora alguns excessos, mas sempre vem acompanhado dessa pureza que eu vejo em você. Eu não me importo se você foi ninfomaníaca ou brincou com metade das mulheres da cidade, eu só vejo pureza em você. Se não fizesse amor tão safado eu te acharia um bebê. – Eu sorri e encostei nossas testas.

— Lo... eu precisava ter ouvido isso. Eu tenho a impressão que só tenho errado com você.

— Não, amor. É isso que eu venho tentando enviar na sua cabeça, você não está errando conosco, você está errando com você. Está se anulando, o combinado era eu cuidar a Lu até ela ir para escolinha, mas ela liga para você de em dois segundos você está aqui. Eu não estou reclamando, pois amo ficar com você, mas temos responsabilidades.

— Eu não controlo isso.

— Amor... você ficou anos sem sexo e mesmo comigo quase te estuprando, você aguentou. Eu confio muito no seu potencial, me fez subir pelas paredes e não desistiu... eu sei que ser mãe é mágico e você é uma mãe excelente. Sei o quanto torceu por suas princesas, mas você precisa separar as coisas. Só estou sendo clara com você, sei que é chato ouvir sempre a mesma coisa, mas não quero que se condene, quero que entenda o que está acontecendo.

— Eu entendo você agora, amor. O mestre vai me ajudar... eu sei que ele vai.

Ela assentiu e selou nossos lábios novamente. Depois disso eu terminei a louça para ela e assistimos a um filme com as crianças.

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