Capítulo 26 - Prova de amor

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Camila Cabello  |  Point of View





Não acredito que ela não me reconheceu. Acho que fui a única que pensei em nós todos os segundos dos meus dias. Me sinto menor agora, eu não devia ter aceitado e eu já tinha escutado a voz dela, não precisava ter passado por isso.

Ela entrou no meu quarto e logo sentou novamente.

— Desculpe, Camila. Eu não sabia como reagir e fingi não te conhecer.

— Tudo bem, Lauren. Podemos agir com profissionalismo e fingir que não nos conhecemos.

— Eu conheço você, Camila. Eu só fiquei em pânico.

— E me fazer sentir um lixo ajudaria em que?

— DESCULPE. QUE DROGA. – Ela levantou e estava com uma expressão raivosa.

— No meu quarto de meditação não há gritos e não se pragueja.

— Desculpe. Mas eu estou me explicando e você não escuta.

— Tudo bem. Vamos continuar com a entrevista.

E lá se foram algumas horas até Kevin anunciar que o almoço de Lauren a aguardava. Ela saiu do meu quarto e eu
fiquei ali, meditando e tentando controlar meus nervos, pois eu estava muito nervosa.


×××


Já a noite, eu não conseguia dormir, eu estava com saudade de Lauren, uma saudade acumulada por anos e não ia
sanar com um simples contato. Eu queria ficar perto dela, mas sabia que isso era errado... eu poderia assustá-la...

Mesmo assim, eu levantei, coloquei uma roupa normal e peguei meu skate. Logo estava na porta do quarto dela... pensando se batia ou não... foda-se! Ai! Perdão. Eu não posso nem pensar nessas coisas.

Bati fraco na porta, na esperança dela não abrir. Mas...

— Quem é?

— É a Camila. – Ela abriu a porta, estava com uma camisa branca e a lingerie vermelha. Olhei nos olhos dela e a senti
tão perdida quanto eu. — Se veste. Vamos conversar um pouco, longe daqui.

— Já vou.

Depois de um tempo, caminhamos para fora do mosteiro e colocamos os tênis. A levei para pista de skate.

Sentei a beira da mesma, onde conversei com meu mestre a primeira vez.

— Quer conversar sobre o que? – Ela perguntou.

— Sobre nós.

— O que exatamente?

— Não pensou um pouco em mim durante esse tempo? – Ela olhou para frente e depois para o outro lado.

— Pensei, Camila. Muito.

— Eu também penso em você sempre. Eu queria que tivesse dado certo.

— Mas deu. Você está em paz, faz um sucesso enorme e deve estar rica... mais rica.

— Eu preferia estar com você. – Eu disse e ela sorriu.

— Você continua galante, Camila.

— Continuo amando você. – Eu disse a encarando e ela prendeu o olhar no meu. — Só aceitei essa entrevista... porque você não tem como fugir de mim aqui. Esse é o motivo.

— Eu... não sei o que dizer.

— Diz que me ama também. Que não se esqueceu de nada que vivemos e... que sentiu minha falta.

— Camila... as coisas não são tão simples assim. Eu fui pega de surpresa.

— Isso é o destino conspirando, Lauren. Eu acredito nessa força maior, que mudou tudo do nada e nos trouxe até aqui.

— Eu sinto as mesmas coisas, Camila. Eu amo você, não me esqueci de você e com isso... eu continuo magoada.

— Você não leu o livro? Eu era doente, Lauren. Eu me curei por você. Eu mereço a porra de um crédito! – Eu disse e joguei meu skate longe, perdendo toda e qualquer paciência que tinha. — O livro é sobre nossa história. A porra do livro todo é pra você.

— Está irritada por quê? Não pragueje.

— Você não facilita. Você me enlouquece, Lauren. Não tem noção do poder que tem sobre mim.

— Não é uma coisa simples.

— Não é... claro que é. Você é cabeça dura. Se confiasse um pouco em mim.

— Provas, Camila. Provas são melhores que falas. Você me jurou um monte de coisas, mas as únicas que tiveram fatos foram as que te detonavam. As provas são as mensagens. – Eu tomei o rosto dela em minhas mãos. Ela fechou os olhos e eu tremi por sentir a pele dela novamente em contato com a minha.

— Todos os dias foram provas, Lauren. Eu nunca disse pra ninguém que gostava... pode perguntar pra qualquer garota daquela escola. Eu dizia que era apaixonada por você. Eu não conseguia ficar sem sexo, eu me abstive por você. Tive deslizes? Óbvio. Eu era nova demais e não sabia como as coisas funcionavam. Eu procurava por garotas para sexo... Depois fui entender que procurávamos garotas para nos completar... sexo vinha com o tempo e é questão de confiança. Você confiou em mim e isso quer dizer que eu te transmiti algo bom. Lembra do nosso ultimo final de semana? – Ela assentiu e fechou os olhos. — Tinha espaço pra mentiras naquele quarto? Precisava ter atravessado o oceano pra me escutar?

— Não sei, Camila. – Ela afastou minhas mãos.

— Você tem alguém? – Perguntei temendo a morte completa da minha alma se a resposta for positiva.

— Não, Camila. Eu não tenho ninguém.

— Você mantém contato com alguém da escola?

— Tyler e Lucy continuam sendo meus melhores amigos. E saio com Vero, as vezes, mas por causa da Lucy.

— Seu círculo de amizades é péssimo.

— Eles são bons amigos.

— Se você diz...



Lauren Jauregui  |  Point of View




Acho que a vingança seria uma maneira de arrancar um pouco da mágoa do meu peito. Quem sabe assim eu não me sinta melhor.

— Camila... vamos fazer o seguinte... prove que me ama. Amanhã a noite, vou te esperar no meu quarto, quero você, vamos relembrar nosso último final de semana... quero que me faça sua?

— Eu não posso profanar o templo.

— Será sua maior prova de amor por mim.

— Isso vai contra todos os meus princípios.

— Você só seria a velha Camila de novo. – Ela olhou o skate e foi dar uma volta. Após um tempo, parou ao meu lado.

— Você acreditaria em mim? – Ela perguntou em um tom quase infantil e eu assenti.

— Vamos voltar... preciso meditar sobre isso. Amanhã as oito, Kevin vai te chamar para o culto matinal. – Assenti e logo estávamos na porta do quarto. — Boa noite. – Ela beijou meu rosto e eu beijei o canto da boca dela... ela fechou os olhos e correu dali.

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