Capítulo 77 - Evolução

1.2K 96 2
                                    

Narrador  |  Point of View





Vero achou melhor passar o dia na casa das Cabello-Jauregui, pois assim conseguiria se sentir menos tentada a procurar Lucy.

Quando retornou para casa, ligou o rádio, colocou sua música preferida e pediu uma pizza, esperando ela sentada no sofá da sala. Já havia proibido a entrada de Lucy no prédio, como Camila falou, ela precisava pensar sozinha e isso era complicado, muito complicado, pois ainda sentia cada segundo da noite com Lucy e seu corpo dava alerta de que a cama de Lucy seria mil vezes melhor que aquele sofá.

O telefone tocou... não podia fugir eternamente, então atendeu, mas ficou em silêncio.

— Verônica?

— Fala.

— Nossa... fiquei preocupada, não me atendeu o dia todo e saiu sem se despedir. Está tudo bem?

— Eu estou confusa, Lucy. – Vero disse, tentando ser o mais sincera possível. — Eu amo você, Lucy. Desde o colegial, mas sei que você gosta de brincar comigo.

— Vero... eu sei que sou complicada, mas eu gosto de você.

— E Camila? – Vero já fechou os olhos, imaginando a pior resposta possível.

— Verônica... eu não sei o que sinto por Camila. Eu achava que a amava, depois pensei ser desejo. Aquele dia que eu estava caminhando pelo shopping atrás delas... eu não quis só a Camila. Eu quis a filha dela, a vida dela... a estabilidade dela. Elas brincavam, sorriam o tempo todo, Camila perguntava o tempo todo se elas precisavam de algo ou se estavam bem. Aquela criança olhava para elas como se elas fossem o mundo dela... e elas são. E eu quero ser o mundo de alguém...

— Você só sente inveja de Lauren.

— Eu penso sobre isso também. Vamos nos ver, Vero. A noite de ontem foi incrível.

— Preciso pensar. Queria que não me procurasse mais.

— Servi só para uma noite para você?

— Eu sei muito bem o que é isso. Com o tempo você se acostuma. – Vero disse e encerrou a ligação. A pizza chegou e
ela decidiu que só iria assistir a um filme... resolveria problemas depois... Lucy ficou confusa, Vero nunca havia a recusado e isso mexeu com ela.



×××



Camila estava lendo o protocolo que havia feito... refeito... sobre como procederia no templo. Bia entrou correndo no quarto.

— Papa...

— Oi princesa.

— Cadê a mama?

— Está no banho. – Camila disse calma e Bia correu para o banheiro, tirando a roupa pelo caminho e fazendo Camila rir, negando com a cabeça e deixando as folhas na cama. Foi até o quarto de Bia e escolheu uma roupa, pegou uma toalha e voltou para o quarto.

Bia bateu no vidro do Box, assustando Lauren que estava pensativa sob o chuveiro. Ela abriu o vidro e Bia entrou com ela no espaço.

— Como está a minha princesa? – Bia ergueu os braços e Lauren a pegou no colo, a abraçando. – Aconteceu alguma coisa? – Bia se afastou... tocou o rosto de Lauren... ficaram se encarando...

— Amo vochê mama... – Lauren ficou com o coração acelerado.

— Eu também amo muito você, princesa.

— Conta históinha pá eu mimi?

— Conto amor. Qual você vai querer? – Lauren pegou o sabonete e passou pelas costas de sua primogênita, enquanto ela decidia o que queria escutar de sua mãe antes de dormir.

Lauren a colocou de pé no Box e começou a esfregar seu corpinho, fazendo cócegas e arrancando gargalhadas da pequena que estava amando ficar ali... tanto que quando Lauren chegou o chuveiro, ouviu um resmungo de reclamação.

Camila havia deixado a roupa e a toalha na pia do banheiro. Logo as duas estavam vestidas e se juntaram a Camila na cama. Bia sentou no colo de Lauren e repousou a cabeça no peito dela. Camila entregou o bico a ela e ela o colocou na boca, segurou a mão de Camila e se aninhou em Lauren. Ficaram em silêncio, Lauren assistia a TV e Camila lia e relia seus protocolos. Bia pegou no sono, logo depois Lauren... Camila se virou em dez para colocá-las na cama sem acordá-las, mas conseguiu.



×××



No outro dia, Camila acordou cedo e preparou o café da manhã. Estava apreensiva, escolheriam hoje a escolinha de Bianca, para ela era um tormento ter que abandonar a pequena em uma escolinha, mas todos da família foram a favor, então teve que se acostumar com a ideia...

Lauren acordou e foi despertar Bia, a arrumou como a princesinha que é, vestidinho azul e lacinho branco no cabelo. Bia amava quando a mãe a produzia, e se sentiam mais próximas a cada dia.



×××



Camila, obviamente, já havia testado a paciência de Lauren e a esgotado, nenhuma escola a agradou, nem as indicadas pela própria mãe. Faltava uma escola, Lauren já estava convencida de que teria de voltar para casa trancar Camila no quarto de meditação e convencer ela de que essa é a melhor alternativa.

A responsável foi educada, muito atenciosa e respondia até os questionamentos mais esquisitos de Camila, com uma paciência que Lauren invejou, pois estava a ponto de esgoelar a esposa.

— Aqui seria a salinha dela. – Camila enfiou a cabeça dentro da sala, tinham dois meninos e seis garotinhas.

— Olá! – A professora sorridente nos cumprimentou. — Quem é essa princesinha?

— Plincesa Bia. – A pequena disse, com o sorriso largo, que arrancou suspiros das senhoras.

— Quer conhecer a sala? – Bia olhou para as mães, que assentiram. Ela assentiu freneticamente. — Liz... pegue a mão da Bia e mostre os trabalhinhos de vocês. – Ela disse e uma menininha se aproximou, pegou a mão de Bia e logo as duas iniciaram um bate-papo que deixou até o coração duro em relação a esse assunto de Camila derretido.

— Nós sabemos que não são as melhores notícias que saem nos jornais sobre creches e escolinhas, mas estamos dando o nosso melhor aqui. Confie em nós, podemos ensinar muito a ela e nos tempos de hoje, sabemos como fica difícil cuidar e trabalhar. Nossas portas são abertas, podem vir a qualquer hora, só os entregamos nas mãos dos pais e mães, se algum amigo vier pegar, teremos que ser avisados com antecedência e precisaremos de uma foto atual para liberar. Tomamos todos os cuidados, não precisam ficar preocupadas.

Camila olhou para Lauren e assentiu a contragosto, sem aceitar bem a ideia, mas sabendo que era o melhor a se fazer.

TramaOnde histórias criam vida. Descubra agora