Capítulo 68 - Só você pode mudar?

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Camila Cabello  |  Point of View





— Você tem tanta sorte, Tyler. Minha crença não acredita que violência física resolva situações complicadas.

— Ok, Cabello. Entre. – Ele disse abrindo bem a porta.

Entrei e ele me chamou até a cozinha. Ele colocou uma roupa.

Sentei na bancada me serviu café pegando um para ele e sentou a minha frente.

— Você não gosta de mim, Camila? – Ele perguntou levando a xícara até os lábios.

— Não. Nunca gostei.

— Você me considera uma ameaça? – Olhei para ele...

— Não é ameaça. Eu confio em Lauren.

— Confie em mim também, Camila. Eu não quero nada com a Lauren. Somos... éramos amigos. Melhores amigos.

— Ver você... sua presença me lembra tudo que eu quero apagar da memória. Eu não consegui lidar com você na minha casa... com minha filha... sendo eu.

— Eu não estava sendo você, Camila. Deus! Você não era toda evoluída. Nossa... o olho da Lauren brilhava quando eu perguntava se não tinha problema de sairmos para tomar café... ela dizia que você era incrível e que nunca encanaria com uma coisa dessas... que seria como ela sentir ciúmes de Vero. Eu acho a mesma coisa.

— Eu nunca namorei a Vero.

— Você fala tanto em esquecer passado, mas é mais agarrada a ele que todos. Sim, Camila. Eu namorei a Lauren quando ela nem sabia da sua existência. Desculpe por isso.

— Eu sei que vocês transaram.

— Uma noite... da qual os dois se arrependem. Quase estragamos nossa amizade por uma bobagem.

— Não foi um sacrifício para você.

— Deus! Como você complica as coisas. Eu não quero a Lauren... não quero o seu lugar, Lauren é uma amiga valiosa e só. AMIGA. Eu sei que era um babaca, Camila. Você era pior ainda, mas as pessoas mudam. Você sabe disso, pois sentiu na pele. Você acha que consegue ser a mesma Camila?

— Não!

— Sua mudança é verdadeira?

— Claro que é.

— E porque a minha não pode ser?

— A Lauren é uma mulher espetacular...

— É Camila. Minha amiga é uma guerreira... e ela sempre amou você. Sempre... todos os segundos destes anos que vocês ficaram separadas. Eu via nos olhos dela o quanto doía quando ela ouvia seu nome... e no quanto Lucy foi escrota. Eu tentei alertar Lauren, mas Lucy sempre teve um poder muito forte sobre ela. Agora... nesses sete anos que você ficou fora, eu nunca tentei nada com ela, não queria... agora que ela está com você... qual é o sentido de tentar? Que tipo de jegue você acha que eu sou? Lauren não faz mais meu tipo.

— Qual é? Lauren faz o tipo de todos que respiram.

— Você a ama! Lógico que pensa assim, mas eu não. Eu não quero nada com ela, só amizade. Está em suas mãos levar isso adiante ou não. E Bia? Eu amo mesmo a sua filha... não tem com não amar aquela coisinha preciosa, mas eu vou respeitar tudo que vocês decidirem.

— Eu amo Lauren... eu sei que estou sendo injusta, mas eu precisava desabafar. Confesso que ela ter rompido a amizade com você... surpreendeu-me. Sempre eu que fraquejo nas brigas... agora que não sei o que fazer.

— Aquele dia... eu não tentei ser você. Era quarta, sempre largo cedo no emprego e vou lá. Você devia saber disso. Bia estava inconsolável... queria você de todo jeito. Lauren a fez parar de chorar e eu coloquei ela nas costas para irmos para cozinha... e ela sorriu... mesmo chorando. Eu corri... e ela soltou uma risada maior. Eu só estava tentando ajudar.

— Tyler... você fez a cabeça da Lauren naquela época? – Ele colocou a caneca na bancada e me olhou no fundo dos olhos.

— No começo sim, Camila. Pois eu conhecia você... era uma galinha nata... nenhuma te satisfazia e eu estranhei você ter pedido ela em namoro... e as mensagens caíram bem na explicação. Mas depois daquele dia no banheiro... que você não se gabou e quase chorou... ali eu parei. Eu disse que ela precisava conversar com você e Lucy quase me bateu. Eu nunca mais manifestei nada contra você, pois achei que você estava sendo sincera.

— Ela nunca falou de mim?

— Ela... Lauren não sentia uma decepção ou uma simples mágoa. Ela amava tanto você que qualquer um podia sentir a dor só de olhar nos olhos dela. Por isso nos aproximamos mais. Eu a levava a shows, boates e barzinhos. Eu queria ajudar ela a se distrair.

— Olha... eu preciso ir.

— Mas e a Bia? O que vamos fazer?

— Me deixa pensar um pouco. Eu preciso respirar... essa situação me enclausurou. Estou sufocando. – Eu disse e ele assentiu.


×××

Eu comprei uns bombons para Lauren e um bob esponja de chocolate para Bia. Ela não vai querer comer, mas vamos tentar.

Cheguei a nossa casa cheia de sacolas, pois queria preparar um churrasco para nós. Peguei tudo que Lauren gosta para preparar uma salada. Parei na porta da cozinha e quase tenho um troço.

Meus amores estão... fazendo uma bagunça. Estão preparando um bolo e pelo rosto de Bia estar marrom, deve ser de chocolate. Elas estavam conversando sobre o tempo que levaria.

— Mama... vai demolá?

— Um pouco, princesa. – Bia me encarou e abriu aquele sorriso lindo. Correu até mim e me fez derrubar a maioria das sacolas. Lauren se aproximou e juntou elas.

— Bom dia papa.

— Bom dia princesa.

— Mama e eu... – Ela olhou para mãe. — É suplesa né mama?

— É sim.

— Eu nem desconfio... – Eu disse e ela sorriu, escondendo a boquinha e olhando para mãe... cúmplice.

— E pelas compras... a papa vai fazer um churrasco para nós. – Lauren disse e Bia me encarou.

— Sélio papa? – Eu assenti. — Ebaaaaaaa! – Ela saiu correndo. — Vamo bota maiozinho mama! – Ela subiu as escadas e Lauren negou.

— Senti sua falta... não gosto de acordar sozinha. – Ela disse abraçando meu pescoço.

— Desculpe. Eu só precisava espairecer um pouco.

— Resolveu?

— Não. Mas... eu tenho que pensar muito no que vou fazer... só quero aproveitar essa quinta... aproveitar sua folga e curtir nossa família. Acha que estamos no clima? – Ela me encarou. Abraçou-me forte e levou sua mão entre meus cabelos, massageando meu couro cabeludo.

— MAMA! – Bia berrou e nos rimos.

— Porque ela não te chama para vestir ela? – Lauren perguntou.

— Porque ela diz que eu não sei combinar. Isso já faz os pelinhos da minha nuca se arrepiar. – Lauren gargalhou.

— É... será que ela fará o mesmo sucesso que você, amor? Afinal, ela é idêntica a você. – Franzi meu cenho.

— Está me debochando? – Eu disse e ela gargalhou. — Não me provoca, delícia. Ou resolveremos isso em um campo que me é favorável. Onde você sabe que eu domino...

— Está me provocando? – Dei meus ombros. — Sabemos muito bem quem domina essa área. – Ela disse e mordeu meu lábio. Fui beijá-la e ela se esquivou. — Vou ajudar nossa filha. – Ela disse saindo dali. Neguei e joguei uma água no rosto.

Logo eu estava preparando o churrasco e meus amores estavam brincando na água. Às vezes eu dava um mergulho e roubava uns beijinhos delas. O dia estava bom... mas a conversa com Tyler não saiu da minha cabeça.

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