Capítulo 92 - Família

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Camila Cabello  |  Point of View




Eu sentei no chão e coloquei joelheiras... fazia alguns anos que não usava bermuda em público. Lauren ajudou a Bia a colocar o capacete e as proteções dos joelhos e cotovelos.

— Vamos papi... mostre o que você sabe.

— Eu nem lembro mais como se anda nisso.

— Acho que sua papi está com medo de perder para você. – Lauren disse e eu revirei os olhos.

— Estou com medo de perder a perna. – Foi a vez de Lauren revirar os olhos.

— Camz... você é muito dramática. – Levantei e peguei meu skate antigo... uma série de momentos me vieram à mente. Quando ajudei Lauren a chegar ao cinema sobre ele... quando eu caí e o mestre me ajudou. Quando trouxe Lauren para essa pista e percebi que estava apaixonada por ela.

Coloquei-o no chão e pisei na sua ponta na beira da rampa. Eu era muito boa nisso, no mínimo sou razoável. Quando forcei a outra ponta para baixo e deslizei pela rampa, o vento no meu rosto me fez fechar os olhos, ela uma sensação maravilhosa e quando abri, estava subindo a outra parte da rampa e me arrependi de não ter colocado o capacete quando me desequilibrei um pouco, mas eu fiz uma manobra e minha família vibrou por mim. Ergui os braços, dando dois impulsos e subi a rampa, passando a borda e sustentando meu corpo no ar.

Bia parecia que ficaria sem voz de tanto que gritava, desci dali depois de um tempo e deixei que o skate fosse sozinho até o outro lado, ficando de parada no meio da pista. Claro que eu não tinha o pique de dos meus dezessete anos, estava bufando com falta de ar, então recuperei minha respiração antes de voltar para minha platéia.

— Isso foi incrível, papi. Me ensina! – Bia disse.

— Filha... sua papi vivia nesse skate, levou um tempão para ela fazer tudo isso. Ela vai te ensinar aos poucos. – Lauren explicou e Bia assentiu.

— Vamos? – Ela disse me puxando. Ela ficou na beira da rampa.

— Pisa na ponta dele. – Ela fez. — Agora você vai pisar na outra e jogar o corpo um pouco para frente. Se você se desequilibrar, caia sobre as proteções. – Eu fiz a posição que ela devia fazer. Ela assentiu. — Vou tirar meu skate de lá para não te atrapalhar, já vou te esperar lá em baixo. – Ela assentiu, o mais difícil ela já sabe, que é ficar sobre ele.

Pisei no skate e o peguei, colocando ele sob meu braço. Fiz um positivo e ela assentiu. Ficou pendida para frente e demorou, depois colocou o corpo ereto novamente.

— Não tenha medo. Eu estou aqui e você vai amar a sensação quando estiver descendo. – Ela sorriu para mim. Pendeu o corpo e pisou na outra ponta, ela começou a descer, se desequilibrou, mas colocou os braços para os lados e o recuperou.

Por pouco tempo, assim que a linha ficou reta, ela pendeu todo o corpo para o lado e o skate a deixou, corri e consegui a segurar.

— Droga. Sou péssima nisso.

— Hey! Você foi muito bem, vamos treinar aqui dentro primeiro.

— Você foi ótima, princesa. – Lauren gritou.

— Obrigada, mama. – Ela disse retribuindo o sorriso.

— Vamos aqui dentro. – Ela correu e pegou o skate, olhei para Lauren e ela comia um sorvete com Lu. Bia ficou na minha frente e eu estendi as mãos para ela. Ela pegou e se equilibrou, fui caminhando com ela e subimos um pouco na rampa. — Vou te soltar agora. – Ela assentiu e eu a larguei.

Ela deslizou um pouco e depois se impulsionou, subindo um pouco no outro lado. Ela sorriu e pegou impulso, subindo mais alto ao meu lado. Quando ela foi descer ergueu a mão e eu bati nela.

— Você está indo incrivelmente bem, princesa. – Ela gargalhou e pegou o jeito. Então peguei meu skate e comecei a andar com ela.

— Papa... você sabe deslizar nas barras? – Ela disse se apoiando em uma.

— Posso tentar. – Ela assentiu e eu me impulsionei até o fim da pista, peguei velocidade e quando me aproximei da
barra, pulei segurando meu skate, eu deslizei até a metade, depois pulei novamente virando o skate.

— Que irado, Papi! – Ela disse e eu desci da barra, segurando meu skate.

— Papi... – Vi a vozinha da minha pequena me chamando. — Queio andá pumbem. – Ela disse fazendo bico. Subi a rampa e a segurei no meu colo.

— Não é perigoso? – Lauren perguntou.

— Se eu cair, me jogo de costas. – Lauren assentiu.

— Cuidado. – Ela disse visivelmente preocupada e eu que sou a neurótica.

Desci a rampa com ela no colo e ela abriu os bracinhos aproveitando o vento. Ela gargalhava e eu ria junto com ela. Bia estava concentrada em subir a rampa. Claro que com Lu no colo eu não fiz nada extravagante, só andei para lá e para cá.

— Papi... queio batatinha flita.

— Vamos ao Mc depois que sua irmã cansar, Ok?

— Eba!

Parei o skate e depois de um tempo descansando, senti minha cintura ser abraçada. Olhei para trás e Lauren selou nossos lábios. Sorri e selei-os varias vezes.

Soltei Lu e ela pegou meu skate e começou a brincar com ele. Subi com Lauren e sentei no mesmo lugar que ficamos quando mais jovens.

— Foi aqui que eu soube sobre sua rixa com Tyler. – Ela disse e escorou a testa na minha.

— Foi exatamente nesse dia... que eu descobri que estava perdidamente... – Beijei a bochecha dela. —  Irrevogavelmente... – Beijei a outra e ela sorria. — Intensamente... – Beijei o nariz dela. — Apaixonada por Lauren Jauregui. Minha primeira e única paixão. Meu primeiro e único amor.

— Você é encantadora, Camz. Eu amo você a cada dia mais e você me falando essas frases... eu fui precipitada naquela noite.

— Por quê?

— Eu disse que já tinha me apaixonado, mas eu nunca na minha vida havia sentido o que eu senti por você.

— Não se culpe por precipitações, afinal, você namorava a rainha delas. A louca, rebelde sem causa e ridiculamente impulsiva.

— Você só não era muito boa ouvinte, mas agora é a rainha da paciência. Como as coisas mudam. – Ela disse entrelaçando nossos dedos.

— Ainda bem, não? Não imagino como você aturava aquela Camila.

— Eu achava sexy deixar uma bad girl me desejando daquela forma.

— Deve ser porque você é a rainha da provocação.

Ela gargalhou e me abraçou forte. Ficamos assim até Bia cansar, e digamos que isso demorou muito.

TramaOnde histórias criam vida. Descubra agora