Capítulo 97 - Energias

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Lauren Jauregui  |  Point of View





No final de semana, a família se reuniu na nossa casa e todos estavam tentando nos distrair, mas a falta que Camila faz já está impossível de esconder. São seis meses, Lu não entende muito sobre saudade, mas Bia está sucumbindo, não quis festa de aniversário, não quer ir aos treinos de vôlei e nem toca no skate dela.

O tempo sem Camz é insuportável é como se eu não tivesse um porque, minha base e meu motivo, ela é a razão de tudo, sempre foi e sempre será.

Meu corpo foi abraçado por trás e eu sai dos meus devaneios. Me virei rapidamente e Tyler ficou sério.

— Desculpe, não queria te assustar.

— Tudo bem. – Eu o abracei. — Que bom que você veio... como você veio?

— Comprei o carro do Austin.

— O todo tunado? De solteiro?

— É esse mesmo.

— Ele faz muito barulho e não ouvi nada.

— Eu dei uma modificada nele. Faz algum tempo que não tomamos café e por isso não sabe da minha nova aquisição.

— Ty... eu nem sei como levanto da cama. – Lu passou correndo com Lukas. — Quer dizer... por elas.

— Vamos lá, Lo. Se anime, estão perguntando por você, eu sei que é difícil, mas ela precisa disso e quando voltar... imagino que será muito intenso. – Ele piscou pra mim e eu neguei, acertando seu braço de leve.

— Não fala bobagens. Mas eu sinto muita falta dela, provavelmente vou trancar as meninas no quarto...

— Viu. Agora deixe de pensar muito e vamos comer. Ela vai voltar logo, mas como ela vive dizendo, o mundo é feito de retribuições e emanação de energias, se você mandar essa angústia e vibrações ruins para ela, como ela vai melhorar?

— Talvez você tenha razão.

— Eu sempre tenho razão. – Eu revirei os olhos. — Agora vamos porque a senhora Cabello está fazendo tacos e não vai sobrar nada se demorarmos.

— Não vai mesmo.

Voltamos a cozinha e Bia se aconchegou ao meu corpo enquanto eu conversava com Keana.

— Queria conversar com você.

— Me desculpe, Keana. Você me mandou mensagens,mas estou em outro planeta…

— Eu entendo.i

— O que aconteceu?

— Eu cheguei no escritório de Vero e a Tal Lucy estava lá. – Eu arregalei meus olhos.

— Fazia anos que não ouvia esse nome.

— Pensei que nunca iria ver ela... ela é linda. Tão confiante e segura.

— O que Vero te disse?

— Que ela foi saber como estava a vida dela, que ela estava indo para Milão modelar as roupas da mãe dela e sugeriu que Vero fosse com ela. – Eu levei as mãos à boca. — Eu sei. Fiquei muito irritada, eu não engoli que elas não mantinham contato nenhum, essa proposta não pode ter vindo do nada. – Eu neguei.

— Se tem uma coisa que eu aprendi sobre casos com a Lucy, é sempre desconfiar dela. Lucy é uma manipuladora nata, ela é fixada nas duas. Acho que ela era obcecada por Camz por não ceder e gostava de ser tratada como princesa por Vero. Mas como quem muito quer, nada tem. Acho que você deve desencanar, ótimo saber que ela vai para bem longe e espero que ela seja muito feliz por ela.

— É... você está certa. – Ela disse e levantou, caminhou até Vero que conversava com Austin e a abraçou. Vero pareceu surpresa, provavelmente, elas não se comunicaram desde Lucy e abraçou Keana tão forte, pude ouvir o suspiro de alívio, mesmo com a casa em um repleto caos por conta das crianças.

— Filha... – Chamei Bia e ela me encarou. — Vai brincar.

— Não quero, mama.

— Mas precisa. Vai logo, vai distrair um pouco, convide a filha dos tios príncipes para jogar. Ela é mais velha, deve gostar.

Ela se arrastou até a garota, que sorriu e prontamente levantou, a seguindo pela escadaria. Todos puxavam assunto e
conversávamos sobre tudo, foi bom ver o quanto temos pessoas incríveis e que estão nos ajudando nessa fase.



Camila Cabello  |  Point of View




Estava no templo e já tinha perdido as contas do tempo que passei ali, o que é um ótimo sinal. Abri meus olhos e mestre Khan me analisava.

— Nem percebi sua presença.

— Isso é ótimo, pois estou a algumas horas fazendo barulhos aqui. – Eu assenti e ele sentou a minha frente.

— Algum problema, mestre?

— Eu estava me acostumando com sua presença aqui, mas já está pronta para voltar.

— Certeza, mestre? Eu não quero decepcionar ninguém.

— Não vai, você reaprendeu a arte de dominação da mente, até evoluiu de nível. Só vou te dar uma missão.

— Claro.

— Leve o Kevin com você, ele ficará perto da família e será um grande Lama, mas todos vêem que a família é a grande culpada por ele não conseguir plenitude.

— Será ótimo, mestre. O mestre Ginze acertou em cheio quando lhe ordenou, ele vivia falando que o mestre é quem traz a luz onde só há escuridão e foi exatamente isso que fez por mim.

— Ele ordenou você.

— Eu não estava preparada e nem sou completamente iniciada no budismo. Seria um problema.

— Sua ordenação daria uma luz nova a esse lugar. Assim como seu templo já é referência, esse seria iluminado também.

— Como eu não preciso seguir as regras a risca... obrigado por tudo.

— Não me agradeça. Ginze me fez prometer que cuidaria de você, estou tentando, mas a distância não ajuda. Só quero que quando se sentir confusa, use sempre o mantra...

“A felicidade não é desejar que as coisas sejam diferentes, e sim, estar em harmonia com você mesmo e o mundo que te rodeia”. – Falamos juntos e nos curvamos.

— Agora pode arrumar sua mochila. Suas passagens estão com o Kevin, ele vai com você e espero que encontrem harmonia juntos.

— Obrigado mesmo, mestre.

— Mande um abraço a Lauren e quero conhecer as pequenas pessoalmente. Venham me visitar.

— Vamos vir. Logo estaremos aqui, mas minhas filhas não são nada calmas.

— Se fossem não teria graça. – Ele disse e nos levantamos. Ficamos abraçados por um tempo. — Lembre-se, K. A raiva e o ciúme são manifestações claras de ignorância e imaturidade. Você não é isso, seu poder de controle é ótimo e deve abusar no uso dela.

— Claro, mestre. Assim farei. Só preciso de um mantra para subir em aviões. – Ele sorriu.

— Esse eu vou ficar te devendo, pois nunca subi em um e provavelmente, será muito vergonhoso quando eu fizer.

Eu sorri e depois de mais um abraço, fui arrumar minhas malas.

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