Trama

Capítulo 55 - Manter a calma

Camila Cabello  |  Point of View

Estávamos voltando da consulta de Lauren em um silêncio total.

— Tudo bem para você? – Ela perguntou e eu assenti.

— Claro, amor. Falta pouco mesmo... logo teremos um pequeno conosco.

— É que eu me sinto incomodada com isso.

— Você a ouviu... é sem penetração... Nada nos impede de brincar um pouco... – Eu disse repousando a mão na coxa dela.

— Mas eu gosto de você dentro de mim.

— Uou... uou uou uou...

— Para, bebê. Eu estou falando sério.

— Eu também prefiro isso, amor. Mas é pelo nosso pequeno... falta pouco.

— Vai parecer um ano. – Ela disse emburrada. Os hormônios...

Não falei nada, apenas desviei nossa rota e rumei em direção do parque. Abri a porta para ela e entrelacei nossos dedos...

— Sabe... aquele dia que estávamos aqui, na nossa adolescência, você perguntou o porquê de te olhar tanto... eu estava criando uma consciência naquele momento.

— De que? – Eu me sentei sob a árvore e a puxei, a ajudando a sentar ali também.

— Você era especial demais e por mais incrível, mesmo contra todos os fatos, você realmente estava ali comigo. A Camila imatura e de chinelo.

— Eu amava seus chinelos... eu realmente admirava seu jeito largado. Você não ligava para os outros, mas eu sentia que se importava comigo.

— E eu me importava, só era idiota demais para admitir isso naquele dia, mas você me conquistou no primeiro segundo, Lauren. Quando você entrou naquela sala... já me tinha nas mãos.

— Você já pensou em como seriamos se nada tivesse nos atrapalhado?

— Eu escuto essa pergunta o tempo todo. Não sei como seriamos, mas sei o que somos hoje. Somos a prova que o amor de verdade existe e por mais que tudo e todos gritassem contra isso.

— Você é muito fofa, Camz... o pior é saber que não eram todos contra, só uma minoria gritante. – Ela se aconchegou bem ao meu tronco e eu a abracei, repousando minhas mãos na barriga dela. — Vai ser um garoto, amor.

— Não... vai ser uma garotinha... né, pequena? – Eu disse e Lauren sorriu.

— Também quero uma garotinha, só falo para você ficar assim.

— Eu quero uma garotinha, mas quando penso em um garotinho fico louca também. Eu nem sei mais o que eu quero.

— Não é? Bem assim. Só quero que ele seja parecido com você.

— Não! Ele tem que ser uma mistura de nós duas... e que tenha esses olhos verdes lindos.

— Não! Ele pode ser eu por completo, mas tem que ter seus olhos castanhos.

— Isso nunca sairá em consenso. Vamos ter que fazer outro depois...

— Mais filhos?

— Eu conversei com meu pai sobre isso no mês passado e ele disse que se arrepende de não ter tido outro filho, pois eles ficaram sozinhos... imagino que ele está certo. Pelo menos mais um podíamos tentar.

— Podemos, amor. Mas vamos com calma pois quem vai se arreganhar em uma mesa sou eu.

— Eu sei, amor. Desculpe, se eu pudesse faria isso por você.

— Eu sei que faria, amor.

— Sabe... Eu gosto de Maria Eugenia.

— Mas você está em ideia fixa que é uma menina.

— Você sabe... eu converso muito com ela, ela me deu umas dicas.

— Vocês duas... ela nem sabe de nada e já estão me excluindo das dicas.

— Ela é minha princesinha.

— Se nascer um menino, o coitado vai ser complexado.

— Vai nada. Vou amar ele da mesma forma. Vou amar... – Eu disse e beijei a nuca dela. – Nossa família, Lauren Jauregui Cabello.

— Nossa família, Sra. Cabello. – Ela repousou a cabeça no meu ombro e esperamos o fim de tarde observando as
pessoas que ali passeavam. — Não vejo a hora de ter uma criança correndo pela casa, desorganizando tudo, te atrapalhando nas meditações... vai ser cômico você tentando ser rígida com ele ou ela.

— Eu vou ser surtar... – Eu disse e ela gargalhou. — Mas eu vou conseguir.

— Vai sim, amor. Nós vamos. – Ela entrelaçou nossos dedos e beijou minha bochecha.

×××

Pronto... o médico deu sinal verde e a qualquer momento nosso filho ou filha vai nascer. O que eleva nossa ansiedade no céu.

— Está tudo bem, Lo?

— Sim, Camz. Essa massagem é divina... – Eu estava massageando os pés dela que estavam super inchados por conta do calor.

— Calor é um perigo não? Olha como eles incharam... só demos uma volta no quintal.

— Estou toda inchada... ainda bem que falta pouco.

— Sim.

— Tem algum chá para dor?

— Eu queria ter algo para te ajudar, amor. Mas só tenho para acalmar a ansiedade.

— Então faz um para nós duas... você está muito mais que eu.

— Vou fazer... – Procurei o controle da TV e entreguei para ela. Beijei sua testa. — Já volto.

Fiz o chá e levei até o quarto. Ela tomou e pegou no sono. Fiquei assistindo a um filme.

Ela acordou e ficou controlando a respiração.

— Tudo bem? – Eu perguntei.

— Sim... só uma contração, mas não quero me enganar de novo. – Ela se referia a várias contrações que ela sentiu a uns dias, mas eram alarme falso.

— Tudo bem... se ficaram mais fortes me fale. E se não for, não tem problema, mas você não pode ficar sentindo dor. –
Ela assentiu.

Depois de uns minutos, ela apertou meu braço e soltou um gemido sofrido.

— Vamos agora para ao hospital... – Eu disse fazendo a volta na cama e a pegando pelo braço. Quando ela levantou, uma poça de água se formou no chão.

— A bolsa...

— Estourou... tudo bem, Lo. Vai doer muito, mas eu estou aqui com você... – Ela deu um grito. – Você consegue caminhar?

— Não, amor...

— Tudo bem, amor... eu consigo com você... Só segure meu pescoço... não! Vou colocar sua bolsa no carro... achar a chave do carro... e ligar para sua médica... vai doer, mas fique calma... eu já volto... ok? – Ela assentiu e eu a deitei na cama. – Fica deitadinha que vai ser mais fácil para te carregar. Ok?

— Sim... Camz...

— Eu corri com a bolsa e liguei para a médica, que nos esperaria com uma cadeira de rodas no estacionamento.

Notas finais:

O meu cupido é gari
Só me traz lixo
Lixo, lixo, você é prova disso
Lixo, lixo, você é prova disso

Esse cupido é cego
Tá demitido
Sua flecha não tem ponta
E nem sentido
Cupido amador
Uma decepção me trouxe um amor
Encomendado do lixão

Não me tratou bem
Não me deu valor
Será que eu mereço esse tipo de amor?
Só decepção pro meu coração
Cupido inconsequente
Sem rumo, sem direção