Verônica Iglésias | Point of View
Estava esperando Lucy no apartamento dela. Fazia duas horas, minha cabeça virava do avesso, pois eu pensava nas mil maneiras dela estar me traindo com qualquer um na rua.
Quando ouvi a porta abrir, eu estava parecendo uma mafiosa, sentada na poltrona, fumando um cigarro e com um copo de uísque ao meu lado. Ela sorriu quando me viu.
— Oi amor. Não sabia que viria hoje, se não teria vindo cedo.
— E onde você estava?
— No trabalho.
— Até essa hora?
— Estamos organizando algumas idéias para uma matéria de capa. – Ela tentou me beijar, mas virei meu rosto.
— Parece cansada... está vermelha.
— Eu corri quando vi seu carro.
— E porque que eu não acredito nisso. – Ela bufou se atirando no sofá.
— Porque você é uma neurótica, Verônica. Você desconfia até da sua sombra, não acredita em uma vírgula que sai da minha boca.
— Tenho meus motivos.
— Não, Verônica. Eu estou me esforçando, não saio com meus amigos, não bebo, não fumo, fico só com você. Eu quero muito que dê certo, mas você vai ter que confiar em mim.
— Não consigo. Estou psicótica com essa relação, penso em você como uma pessoa que vai me trair a qualquer segundo. – Ela ficou me encarando e marejou os olhos.
— Acho que pelo seu bem, devemos parar por aqui. – Ela disse e senti as lágrimas escorrerem por minhas bochechas. – Eu gosto muito de você, é meu dever não te fazer mais nenhum mal.
— Acho que esse é o problema. Eu amo você... preciso de alguém que sinta o mesmo por mim.
— E se eu dissesse que amo você? Você iria acreditar em mim?
— Lógico que não.
— Você vê futuro nisso?
— Acho que não. – Eu levantei, amassei meu cigarro no cinzeiro e caminhei até a porta.
— Me dá um abraço antes. – Ela disse e me puxou pela mão. Ela escondeu o rosto na curvo do meu pescoço, beijei o rosto dela e ela me encarou. – Por mais que você não acredite... eu estava andando na linha desta vez.
— Fico feliz que desta vez não tenhamos nos magoado ao extremo no término. – Ela assentiu.
— Sim. – Ela segurou meu rosto e selou nossos lábios de forma demorada. Acabei aprofundando ele e ela adentrou meus cabelos com sua mão. Me afastei, antes que ficasse impossível de voltar a trás.
— Até, Lucy.
— Até, Vero.
Ela acenou e fui embora dali. Peguei meu carro e dirigi para o bar mais longe daquele bairro, não queria encontrar com ela... que provavelmente mataria a abstinência de álcool do corpo.
×××
Após umas semanas, cruzei com Lucy algumas vezes, nos cumprimentávamos e tentávamos uma conversa que não
demorava muito... eu não conseguia fingir uma amizade com ela e pelo jeito, ela também não.Estava cansada de trabalhar, depois do templo de Camila, os clientes me procuraram aos montes e eu estava cheia de trabalhos.
Estava a fim de relaxar... em um lugar diferente. Queria beber um pouco e descansar a mente. Entrei em um pub, era bem no centro da cidade e sentei nos banquinhos, observei o movimento que era intenso.
— Vai querer o que, latina? – Virei rápido quando escutei a voz rouca... de uma mulher linda diga-se de passagem. — Você fala?
— Falo... estou em um pub, quero a melhor cerveja daqui. – Ela piscou para mim e eu quase caio do banco. Que merda é essa?
Ela voltou com a caneca e deixou em minha frente. Indo atender outras pessoas ali, fiquei analisando ela... analisando muito para quem acabou de terminar com o amor da vida.
Esquece Verônica! Ela tem que ser simpática para todos... é o trabalho dela, você acabou um relacionamento e está desesperada... quer esquecer a Lucy e... olha como o sorriso dela é lindo... fora que a bunda dela é maravilhosa. Esquece! Perdi o foco.
— Eu cobro pelas encaradas que levo. – Ela me acordou, debruçada em minha frente e me encarando. Escorei-me ficando bem perto dela.
— Acho que vale a pena pagar. – Eu disse me inclinando e ela sorriu de canto e se afastando. Bateu o pano que estava no seu ombro na parede e só então vi a placa enorme. “Proibido cantar nossas bartenders. Respeite o ambiente.”. Corei violentamente.
Dois caras estavam me encarando, com uma expressão estranha, depois cochicharam algo, apontaram a bunda dela e riram. Chamaram a atenção dela e pediram mais um drinque.
Eu terminei a cerveja rapidamente para que ela viesse me atender rápido. Fiz sinal para mais e outra moça me atendeu. Fiquei frustrada, mas como a moça pareceu não querer mais conversa comigo. Deixei o dinheiro no balcão e saí dali.
Estava saindo do pub e o segurança me puxou pelo braço.
— Keana pediu que lhe entregasse isso. – Ele me deu um papel e tinha um número nele.
— Keana... – Ele apontou para o balcão e a moça sorriu para mim, acenando.
— Mandou bem... ela odeia se envolver com clientes. – Eu sorri.
— Obrigado.
Entrei no carro e dirigi até minha casa. Tomei um banho, comi o almoço que Lauren me mandou e me deitei. Disquei o número dela... mando mensagem? Somos adultas... devo ligar... mas até que horas ela trabalha lá? Quanta duvida... Keana... é um nome muito lindo. Ela é linda... vou mandar uma mensagem.
“Olá... Eu sou a latina do pub. Meu nome é Vero. Adorei te conhecer, queria ter ligado, mas não sei que horas você sai daí. Beijo!”
Ansiedade definia... mas não foi tão necessário, pois meu celular vibrou pouco tempo depois.
“Olá, Latina. Estava fugindo de mim? Saindo sem me dar um tchau. Que sorte que vi seu vulto, mas agora tenho que aturar o Paulão me zoando por perseguir clientes. Quero deixar claro que não costumo espalhar meu número por aí, mas acho que vale a pena deixar o meu com você. Adorei te conhecer também... vai voltar algum dia?”
“Não fugi, você estava ocupada e não quis incomodar. Você quer que eu volte?
“Você está intimada a voltar amanhã... meu turno é das oito à meia noite. Chegue nesse período. Te espero! XoXo 😘
“Combinadíssimo. Até!”
Fiquei sorrindo, pode ser precipitado, mas preciso de alguém novo na minha vida. Se for me fazer bem...
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Trama
Fanfiction"O comportamento emocionalmente instável dos adolescentes é atribuído à explosão hormonal típica da idade." Camila sabe muito bem o que é isso, já se deixou dominar por todos os instintos primitivos e não controla seus impulsos, já Lauren, soube mui...