Capítulo 54 - Tempo passando

1.8K 119 2
                                    

Camila Cabello  |  Point of View




Após organizar a casa... eu não tinha nada para fazer. Vero estava viajando para conseguir uns preços melhores para nossa obra e Lauren estava trabalhando... com aquele barrigão. Eu sou contra, mas como tenho a família inteira contra mim, decidi me abster.

Decidi fazer uma visita aos meus pais. Peguei meu carro e passei no mercado, pois estava com vontade de comer tacos... não sei se minha mãe vai querer prepará-los para mim.

Entrei na cozinha da minha antiga casa e alguns momentos surgiram em minha cabeça. Talvez a maternidade / paternidade esteja me deixando muito mais emotiva que o normal. Deixei as sacolas sobre a bancada da pia e encontrei meu pai em sua biblioteca, lendo um livro e tomando um chá. Ele ergueu o olhar e sorriu, repousando o livro na perna.

— Filha! Que bom ver você. – Ele puxou uma cadeira para perto dele. – Sente com o papa. – Ele bateu no estofado e eu o abracei antes de sentar ali.

— Como vocês estão? Não achei a mama.

— Ela saiu... ela ficou com uma vontade de fazer tacos e foi até o mercado.

— Sério? Eu comprei tudo, pois queria comer isso hoje. Deixei na cozinha.

— Vou ligar para ela. – Ele disse e levantou, pegando o celular no bolso e falou com ela, enquanto eu pegava o livro que ele estava lendo, era uma indicação minha. O chá, pelo cheiro, era um dos que eu havia dado a ele. — Ela está na esquina, se entreteve com a vizinha e nem saiu ainda.

— Que bom. – Parei para analisar os traços da idade de meu pai e percebi que estava passando muito pouco tempo com eles. Os cabelos brancos e a postura curvada denunciavam que o tempo estava passando rápido demais para todos, não só para a gestação de Lauren.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não. Está tudo bem.

— E Lauren?

— Está bem. Trabalhando.

— E meu neto ou neta?

— Está inquieto. Não posso tocar na barriga que ele nem precisa mais ouvir minha voz. Conhece meu toque.

— Você era assim também. Sua mãe ficava com ciúmes quando isso acontecia.

— A Lauren ama essa conexão. Ela fica toda boba.

— Gostando da vida de casada?... faz pouco, mas podemos ter uma base.

— Eu amo a Lauren. Cada segundo com ela é precioso e confesso que imaginei um filho mais para frente, para poder curtir ela melhor, mas como veio agora, estou adorando também.

— Você tinha me falado, de aproveitar um tempo sozinha com Lauren antes de terem filhos.

— Ela fez um surpresa para mim... eu comentei que adoraria uma criança e ela parou de tomar anticoncepcional.

— Bela surpresa.

— Sim... pensando por outro lado, esperar o que? Ficamos tanto tempo longe e cada segundo é precioso. Não podemos desperdiçar.

— Concordo com esse pensamento. Já decidiram os nomes?

— Não. Lauren é muito indecisa. Escolhemos um e no outro dia ela aparece com dez diferentes... Lauren é a
bipolaridade em pessoa. – Eu disse e ele sorriu.

— Grávidas. Todas ficam assim.

— Eu adoro.

— Como você acha que sua vida estaria se ela não tivesse descoberto as mensagens?

— Sabe... eu me pergunto muito isso. Eu acho... que nossos erros sempre vão nos perseguir... caso eu tivesse ido para a faculdade com ela e ela descobrisse lá? Seria muito pior, pois eu não ganharia uma viagem e não conheceria o mestre. Ou depois... se estivéssemos nesse mesmo momento e as mensagens surgissem.. Ou eu contasse meus motivos iniciais? Seria um desastre.

— No fim, o horror foi a salvação.

— Quase isso. Eu não sei, Lauren é uma mulher madura hoje e talvez ela me entendesse, mas agora não importa, estamos juntas e assim ficaremos.

— Vocês ainda têm relações?

— Sim. Mais de lado por causa da barriga dela, mas é gostoso também. Sei lá... tudo que eu faço com ela vira algo extremamente viciante... ela me domina inteira.

— Esse amor jovem... é bom ouvir sobre isso.

— E você e a mamãe? Como é a convivência?

— No começo... viajamos bastante... nos arrependemos de não ter tido mais filhos... depois começamos a desacelerar. Não do dia... da vida. Ficar na nossa cama... sem nenhum compromisso, parecia mais tentador que visitar o Caribe. Então... percebemos que estávamos velhos.

— Vocês não estão velhos...

— Estamos sim, filha. Parece que foi ontem que troquei sua fralda, mas na verdade, vou trocar a fralda do meu neto. Isso é velhice.

— Ou eu me precipitei...

— Sabemos que não.

— Olha os amores da minha vida...

— Oi mama... como você está?

— Muito bem. E a futura papa? Como está?

— Ansiosa. Muito ansiosa e com um apetite que só seus tacos vão sanar.

— Viu como mãe sente as coisa? – Ela disse ao meu pai. — Farei, amor. Do jeitinho que você gosta.

— Quer ajuda? Precisamos de muitos, pois Lauren come por três agora.

— Dois, minha filha. – Meu pai me corrigiu.

— Você não viu a quantia que ela come, poderia ser por quatro. – Ele gargalhou.

— Melhor ajudarmos sua mãe então.

Assim fizemos, a ajudamos, mais comemos que ajudamos, mas ela estava adorando... e nós também. Fazia tempo que eu não ficava sozinha com eles. Liguei para Lauren e avisei que almoçaríamos tacos e ela logo se empolgou.

Arrumei a mesa e minha mãe foi levar uns tacos para a vizinha, mesmo com meus protestos de que Lauren não sossegaria enquanto não visse a bandeja vazia.

Lauren chegou e já pegou um, sentando e nem me beijou. Meu pai sentou a cabeceira da mesa e eu ao lado de Lauren, que estava de boca cheia.

— Oi, Lo. Como está? – Ela fez um gesto com a mão, depois que engoliu o taco inteiro me abraçou. Beijou meu rosto.

— Oi bebê. Desculpe, eu estava com muita fome.

— Tudo bem. Agora vamos esperar minha mãe. – Eu disse e ela assentiu.

— Acho que tem alguém revoltado aqui em baixo. – Ela disse e eu me inclinei.

— Oi pequeno... está com fome? Logo logo a vovó chega e sua mãe come até a bandeja.

— Não tenha dúvidas disso. – Lauren disse e ela já estava com outro taco. Meu pai acompanhava tudo sorrindo... Neguei, pegando um taco e colocando no prato de meu pai, me servindo de outro.

— É melhor a mama se apressar, ou não vai sobrar nada para ela. – Lauren bateu no meu braço e meu pai gargalhou.

Logo mama chegou e elas engatam uma conversa paralela. Foi um ótimo almoço.

Notas finais:

Eu tô tentando acabar com todo esse mistério
Quando você pergunta se eu te levo a sério Fico sem reação mesmo sentindo tudo acabar

E acabou!
Me apaixonei por outro e não é mais segredo
Fui adiando o fim eu tive tanto medo
de te machucar
Machuquei!

Eu menti e, agora, tô saindo
e tô trancando a porta
Que é pra deixar bem claro
que não tem mais volta
E não dá pra esconder
sou a pessoa errada pra você.

TramaOnde histórias criam vida. Descubra agora