Acordei atrasada pra variar, o celular despertando já caiu pra fora da cama, dei um pulo e corri pra me arrumar e arrumar as coisas e corri pra sair logo de casa.
Não sei se é só eu mais minha vida é esquecer como se anda quando tem alguém me olhando.
A entrada é complicada, sol quente e muita gente impaciente com saudade, coisas que estressam qualquer um.
Pra variar não converso com ninguém e de verdade não é nada que me incomode.
Ao entrar são sempre os mesmos procedimentos a parte mais difícil do meu domingo.
Caminhando no pátio respiro aliviada sensação de que a pior parte passou mesmo sabendo que a outra mais difícil é quando me despeço dele pra ir embora.
De longe vejo ele sentado me procurando com os olhos, pode ser o orgulho que o impede de falar mais sei que ele fica feliz em me ver.
Pesadelo: Fala comigo tampinha, pensei que tu nem vinha pô. -Ele fala se levantando e eu corro indo abraçar ele.
Yara: Para de mentir que tava ai bem me esperando homi. -Falo e ele olha pra mim, sorrindo.
Pesadelo: Tava mesmo vou mentir não. -Ele fala desviando o olhar.
Yara: Como você tá? -Falo e olho pras marcas expostas nós braços dele.
Eu não consigo deixar de reparar nessas coisas, me corta o coração de verdade.
Minha resposta foi o silêncio já que ele atacou a comida que eu trouxe.
Pesadelo: Caí da escada pô. -Ele fala de boca cheia e mal consegue prender o riso.
Yara: Eu tô falando sério contigo, semana passada não tinha nenhuma dessas marcas Yago. -Ele para de sorri quando mudo o meu tom de voz e o olho séria.
Pra me enrolar ele é previsível, primeiro passa as mãos no rosto e em seguida coça a cabeça.
Pesadelo: Entrei numa briga essa semana e acabei me machucando pô, ei olha pra mim. -Ele fala me chamando atenção já que eu rolava os olhos procurando alguém que olhasse diretamente pra ele.
Yara: Infelizmente eu sei que não posso fazer nada já que eles vão te bater ainda mais se eu fizer isso. -Falo e respiro fundo sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
Pesadelo: Se for pra tu ficar chorando eu vou proibir tua visita Yara, eu não gosto de te ver assim tampinha. -Ele fala passando as mãos no meu rosto.
Tenho uma mania em não falar nada quando estou com vontade de chorar fiquei quietinha enquanto ele comia.
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Pesadelo: Tô ligado que tu anda de pé ou de ônibus por isso um moleque de minha confiança vai te buscar agora pra onde tu precisar ir. -Ele fala de uma vez e eu olho pra ele assustada.
Yara: E desde quando tu tem motorista particular Yago? Bateram na sua cabeça.
Ele deu a maior gargalhada e logo imitou um porquinho, me fazendo olhar ao redor com vergonha já que todo mundo olhou pra gente.
Pesadelo: Não sei o que seria de mim sem tu não garota, qual foi. -Ele fala ainda dando risada com as mãos na barriga.
Hoje foi um daqueles dias em que eu agradecia já que enquanto nós conversávamos eu agradecia pelo tempo que passava devagar.
E mais uma vez eu saía daquele lugar em lágrimas e antes dele se encostar na parede que tem logo ali, eu pude olhar pra ele que levantou a cabeça rapidamente e mandou um beijo pra mim.
Cheguei do lado de fora e fiz o que sempre faço, respirei fundo.
Depois de andar muito, parei perto de uma praça olhando algumas crianças que brincavam ali, e que de alguma forma eu lembrava de nós dois quando éramos mais novos.
A cada passo que eu dava sentia que um carro ia cada vez mais se aproximando de mim, comecei a cantar uma música na expectativa do meu dom espantar quem é que seja.
xx: É essa sim carai, tenho certeza. -Uma voz rouca fala ao parar o carro do meu lado, quando observo o vidro do carro se abaixar lentamente.
É nessas horas que eu me esqueço até do meu nome.
Mais pensei rápido e fiz o que qualquer um, no meu lugar faria.
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