Capítulo IX - Amor.

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À medida que as semanas se passavam, a intensa tristeza pela perda das pessoas próximas ia se amenizando gradualmente. Isso resultou em uma melhoria na qualidade de vida, com a disponibilidade de mais comida e a perspectiva de habitar casas doadas por outros moradores, o que prometia eliminar a fome e o frio que tanto os afligiam. Já havia se passado um ano desde a queda da muralha Maria, um marco que representava as profundas mudanças que haviam ocorrido em suas vidas.

Os planos de Eren para ingressar na divisão de reconhecimento se tornavam cada vez mais ambiciosos. Ele sonhava com isso constantemente, mas mantinha-se calado perto de Mikasa, que sempre encontrava uma forma de frustrar seus sonhos e planos, tentando fazê-lo desistir desse desejo.

Desde a morte de seu avô, Armin vinha se comportando de maneira triste. Ele comia pouco e, como resultado, estava emagrecendo rapidamente. Sua fraqueza física dificultava o desempenho de suas tarefas diárias, o que lhe rendia constantes repreensões.

Uma viúva conhecida de Benício, avó de Armin, generosamente ofereceu um espaço para o trio em sua própria casa. O casebre era pequeno e simples, mas a mesa sempre estava farta e a idosa era extremamente gentil com os jovens. Eles compartilhavam o mesmo quarto, improvisando camas no chão.
Apesar da precariedade, aquelas camas ofereciam mais conforto e calor em comparação com o duro e frio chão do celeiro onde haviam passado tanto tempo.

Durante uma madrugada, Eren acordou inquieto e não conseguiu mais dormir, preocupado com a situação difícil em que Armin se encontrava. Ele se levantou e caminhou até a cama de Mikasa para discutir a situação do amigo.

--- Mika? Mika... Mikasa? — Eren a chamava enquanto cutucava suavemente a garota.

--- Aí! O que foi, Eren? —  Murmurou ela, esfregando as mãos nos olhos para despertar, levantando-se em seguida.

--- Mikasa, tenho um plano para fazer Armin se sentir mais animado.

--- Precisava ser agora? Não podia esperar até eu acordar para me contar? — A garota reclamou.

--- Não. Tem que ser agora! — Disse ele, sentando-se em sua cama. — Presta atenção, Armin contou que o livro que o seu avô deu a ele era de seus pais.
Eles o encontraram em uma biblioteca no centro da cidade, em uma sala com livros não acessíveis ao público.
Mas eles não os destroem, apenas os mantêm guardados...

--- E? — Mikasa falou sem entender onde ele queria chegar.

--- E... Nós vamos até a livraria para encontrar um livro igual ao que ele tinha. Assim, Armin vai ficar feliz de novo. — Eren terminou a frase com um largo sorriso no rosto.

--- Eren, não acredito que você está pensando em ir lá e roubar um livro! — Suspirou angustiada. — Nós podemos acabar sendo presos. Entenda que Armin está passando pelo processo de luto, ele perdeu sua única família viva. — Ela passou a mão entre os cabelos e fechou os olhos para refletir.

--- Shiu... Fale baixo! — Eren se aproximou e cobriu a boca de Mikasa.  — Claro que não seremos pegos. Enquanto eu converso com a bibliotecária, você procura a sala e pega o livro.

Mikasa retirou a mão de seus lábios e voltou a falar baixo. — De tudo que eu falei, essa foi a única coisa que prestou atenção? — Fez uma expressão brava. — Enfim... Mas por que eu? — Mikasa arregalou os olhos e olhou firmemente para Eren.

--- Porque você é habilidosa, Mikasa. Nós somos capazes, e eu acredito que vamos conseguir. Isso é suficiente. Eu sei que ele está de luto, mas se tiver o livro em mãos, ele poderá se lembrar daqueles que amava. — Disse Eren, levantando-se da cama e estendendo a mão em direção a Mikasa. — E então, vai me deixar fazer isso sozinho ou vai aceitar?

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