Capítulo 21

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Jake


Ando até a área principal do bar, me sento perto de uma longa janela de vidro, observando a rua. A história do meu pai querer falar comigo era mesmo curiosa, não tínhamos qualquer contato há anos, era o suficiente para mim. Não tenho ideia de quanto tempo passou, Millah sai de nossa sala e senta na minha frente com suas pernas cruzadas. Ela me encara com cuidado.



- Você está bem? – Ela pergunta com receio, quase que com medo, se devia ou não estar falando.


- Claro. Não se preocupe. – Millah fica calada novamente, ela parece perdida sobre o que fazer novamente. Tão desconfortável, odeio vê-la assim, não quero que Millah se sinta desconfortável perto de mim. Decido acabar com isso. – Phil já foi embora?


- Sim, saiu minutos atrás. – Ela se inclina, apoiada em seus próprios joelhos. – Você saiu tão irritado que não tinha certeza se iria queria companhia. Por isso demorei para vir aqui.


- Quando coisas assim acontecem normalmente prefiro ficar longe de pessoas, mas você é a exceção Millah, eu sempre vou preferir que esteja comigo, lindinha. – Millah sorri, e tenho certeza que se não estivesse sentado, seria o suficiente para me fazer cair de costas, era normal me sentir assim sempre que ela sorria.


- Eu também, Jake. Eu também. – Odeio a felicidade que isso me causa, é tudo o que poderia querer, que ela também se sinta exatamente como eu me sinto em sua presença.


- Eu não estava irritado. As coisas com meu pai só não são nada prática. – Digo com mais facilidade do que imaginava.


- Isso ficou bem claro para mim, Jake – Isso me faz dar uma risada. É claro que ela percebeu, acharia estranho se não tivesse.


- Bem, minha mãe morreu quando eu tinha 5 anos em um acidente... – Eu começo.


- Eu realmente não sabia. Sinto muito.


- Não se preocupe, faz tanto tempo e eu era tão novo, nem me lembro dela com clareza. Continuando, meu pai não é um cara ruim, apenas a morte da minha mãe mudou ele completamente, de alguma forma acho que ele nos culpava, passou a ser não muito legal com Phil e eu.  – Isso é um eufemismo gigantesco, mas ainda não queria assustar Millah. – Por isso, quando Phil fez 21 nós dois fomos embora, ficamos sem falar com nosso pai por bastante tempo, até que tudo aconteceu com a Amy, ela estava morta, e Phil e eu tínhamos sido as últimas pessoas a verem ela viva, automaticamente nos tornamos um dos principais suspeitos. Phil estava desesperado e ligou para ele pedindo ajuda, meu pai por incrível que pareça realmente nos ajudou. Ele tinha bastante dinheiro e influência. Conseguiu desviar qualquer suspeita que poderia existir sobre Phil e eu.


- Espera, o que isso significa? Ele pagou para vocês dois deixarem de ser suspeitos no desaparecimento de Amy? – Eu sabia que ser vago não iria funcionar com Millah.


- Não para deixarmos de ser suspeitos, isso é praticamente impossível. Ele só pagou para que as investigações se concentrasse em outra pessoa, até que presumissem que a morte dela foi um acidente. Meu pai melhorou muito no conceito do Phil depois que fez isso, mas não pra mim, ele ainda é o mesmo babaca da minha adolescência.


- Você sempre consegue me surpreender, Jake. – Respondo com uma piscadela. – Mas acha que nunca vai conseguir mudar seu conceito sobre seu pai?


- Acho que não, ele nunca me deu motivos o suficiente para isso. – Prossigo, com a pergunta que acabou de entrar na minha mente -Não está aqui para tentar me fazer mudar de ideia e falar com ele, né? – Millah bufa.


- Claro que não, você não é uma criança, faça o que achar melhor. Só estou aqui para apreciar uma boa companhia. – Estou sorrindo como se não estivesse tão tenso minutos atrás, esse era o efeito que Millah causava em mim.


O resto da semana passou assim, ainda era sufocante ficar no mesmo lugar em que a Millah e manter distância, mas depois que Phil nos pegou, ela ficou bem mais fissurada em manter as regras, mesmo que eu não me importasse. Meu pai tentou contato algumas vezes, mas fugi de todas as conversas. Hoje é uma sexta-feira e Millah foi embora há algumas horas, ela tinha algum compromisso com a amiga, era meio decepcionante, principalmente por ter muitos planos para nós essa noite, mas entendo, temos passado boa parte do tempo juntos, é normal elas quererem um tempo juntas. Quando saio de dentro do bar percebo que já está começando a escurecer, geralmente não ficaria aqui por tanto tempo, já que não tinha nada me esperando em casa decidi adiantar algumas coisas no bar. Phil deveria chegar em breve, então vou para o estacionamento, hora de ir para casa, com sorte até conseguiria falar com Millah mais tarde. Estou pronto para entrar no meu carro quando uma voz atrás de mim me impede.


- Jake Hawkins? – Eu me viro para encarar os dois caras de terno. Não preciso ser gênio para saber que nada de bom vêm disso. Picos de ansiedade começam a me preencher, mas tento fazer tudo com calma. Prefiro que não saibam que já descobri algo sobre eles.


- Sou eu, como posso ajudar os senhores? – Dou o sorriso mais radiante que consigo, torço para não parecer assustador.


- Sou o Nathanael, e esse é o meu colega, o Jones. Somos do FBI, se não se importar, gostaríamos de fazer algumas perguntas, se puder nos acompanhar.


- Claro. Isso não é um problema. – Eu sei exatamente por que eles estão aqui, e sem dúvida estou muito encrencado. Não existe como escapar dessa “conversa”, mas ainda posso evitar que eles saibam coisas que não devem. – Eu só preciso pegar meu telefone e podemos ir.


- Como o senhor preferir, vamos espera-lo. – Eles não se movem, sem dúvida seria difícil. Entro no carro enquanto finjo procurar pelo meu telefone. Sinto os dois par de olhos concentrados em mim. Protegendo uma das minhas mãos com meu corpo, pego meu telefone e abro na conversa com o Phil. Enquanto a outra ainda pro finge procurar.


Jake: Estou com problemas. Vá até o Dan e apague a pasta com o nome BNZ no meu computador. Só envolvam a Millah em último caso.


Tenho certeza que em certo momento pode ser muito difícil para eles, e Millah conseguiria ajudar, mas realmente não quero envolve-la nisso. Saio do carro, pronto para encarar o que me espera, torcendo para Phil e Dan conseguirem fazer o que pedi.


- Tudo bem, podemos ir agora.


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