Capítulo 24

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Jake



Assim que voltei ao meu apartamento, me dei conta de que ainda não estava  nada tranquilo, o pensamento da minha conversa com Millah não me deixou em paz por um único momento, mesmo enquanto contei tudo para os meninos, como fui interrogado pelo FBI, o que tinha no arquivo, como eu achava que eles tinham chegado até  mim, e todas as merdas relacionadas a isso. Phil foi embora logo em seguida. Dan ainda está no meu sofá, parece inquieto, como se estivesse se segurando para não falar o que quer. Isso já estava me incomodando muito.


- Pelo amor de deus, Dan! Fala logo. – É tudo que ele precisa.


- Não me contou que estava com a Millah...


- Eu não sabia que precisava contar.  – Era estranho que Dan agora estivesse se importando com isso, nossa amizade nunca foi do tipo que contávamos tudo um para o outro.


- Eu sei, é só que... Cara, você vai ter grandes problemas. – Ele diz balançando negativamente a cabeça, para ressaltar o que está dizendo.


- Por que acha isso?


- A garota... O jeito como ela estava hoje, Millah mal conseguia falar quando chegou aqui, desesperada era o que mais chegava perto de como estava. Tinha muito sentimento envolvido. Tudo envolvendo você. – Me sinto péssimo de ter preocupado tanto ela, mas a fala passada do Dan me deixa curioso.


- Ela se importa comigo, por que isso seria problema? – Dan me olha sem entender.


- Isso significa que Millah tem sentimentos por você, até algum tempo atrás surtaria se uma garota com quem se envolveu, desenvolvesse sentimentos por você. Não sabia que isso tinha mudado. – Isso me faz pensar, quando começamos com isso estabelecemos que seria apenas casual, mas agora, não importa mais, talvez porque eu já tenha ultrapassado o casual a muito tempo. Mesmo que no fundo aquele receio contido ainda exista. – Talvez isso tenha a ver com você.


- O que isso significa? – Ele solta uma pequena risada antes de continuar.


- Está apaixonado por ela e nem percebe.


- Eu não estou. – Digo no automático. De jeito nenhum vou dizer coisas como essas para o Dan, principalmente quando não tenho certeza se é mentira ou verdade.


- Claro que está. Quando chegou aqui a primeira coisa que fez foi procurar a Millah, e quando percebeu que ela está diferente, quase teve uma crise, se importa tanto com a garota que é desconfortável assistir de fora. – Isso é impossível de argumentar, eu não sei o que dizer. Nada do que o Dan falou parece mentira, mesmo que force minha mente a não admitir. – Acho que te dei coisas o suficiente para pensar, estou indo. – Dan se levanta, agradeço mentalmente por ele não me torturar por uma resposta.


- Tchau Dan.


- Pensa mesmo no que te falei, Amy morreu há anos, está na hora de seguir em frente. Tchau Jake. – Então, ele sai.


Minha cabeça é uma mistura de medo e confusão, medo de que o que Dan falou seja verdade, e eu realmente esteja apaixonado por Millah, mesmo que eu saiba que se existisse alguém capaz de trazer esse meu lado de volta seria Millah, ainda me assusto pra caralho com o pensamento de poder machuca-la da mesma forma que machuquei Amy. Porém, é ainda mais confuso que eu goste tanto da ideia de que Millah tenha sentimentos por mim. Tenho vários pensamentos nesse momento, e estou dividido entre os principais. Sei que Millah me pediu para ir embora, e mesmo que só faça algumas horas desde que isso aconteceu, sinto uma gigantesca vontade de ve-la.


Eu não penso muito do caminho da minha casa até a casa dela, porque seria provável de eu desistir.


Eu: Estou aqui em baixo, posso te ver?


Mando para Millah esperando que veja, já beira a madrugada, ela poderia estar dormindo. 5 minutos se passam e nada, estou me preparando para ir embora quando a porta da frente se abre, revelando a imagem maravilhosa de Millah saindo por ela. Millah vem até mim e para ao lado da porta do meu carro.


- Vem. – É tudo o que ela diz, imaginava que nos encontraríamos dentro do carro, como normalmente fazíamos, sei que Millah está tendo problemas em contar para sua colega de quarto sobre nós. Vendo minha hesitação ela diz: - Hannah saiu com o Thomas, duvido que voltem hoje. Não se preocupe.


- Tudo bem. – É somente o que digo antes de sair do carro e acompanha-la para dentro.


Já no lado de dentro da casa, é bem espaçosa e iluminada, cheia de porta retratos por todos os cantos, algumas com Millah presente outras não, essas provavelmente pertencem a amiga. Me deixa curioso, vi Hannah de vista, pouquíssimas vezes, nunca vi motivos para mudar isso, sinceramente acho que ela não é minha maior fã, provavelmente por conta do Phil. Ouve tempos em que não estávamos tão bem quanto agora.


- Você não é muito bom e dar espaço, não é? – Ela diz brincando, era bom que estivesse melhor do que antes, mesmo que ainda sentisse que nada estava 100% bem, e eu não conseguia entender o motivo.


- Costumava ser, mas você veio para mudar isso completamente, lindinha. – Nós dois nos sentamos lado a lado. Millah apoia a sua cabeça em uma das mão e me olha curiosa.


- Não estou reclamando, mas por que veio aqui?


- Já te disse, queria te ver.


- Sim você disse, e até acredito, mas sei que tem mais coisa aí. – Millah tem razão, e o fato dela perceber torna menos difícil assumir para ela.


- Eu só sabia que não iria conseguir dormir sabendo que pudesse ter feito algo para te magoar. Acho que estou aqui de alguma forma buscando redenção.


- Fez alguma coisa para mim que precisasse de redenção?


- Não consigo pensar em nada. – Respondo com sinceridade.


- Então pare de agir como se fosse culpa sua, tudo isso se trata de mim mesma, não fez absolutamente nada de errado, Jake. – Isso me deixa calado, eu não tenho ideia do que ela esperava agora, é tudo muito estranho para mim. – Agora me responda, por que achou que eu seria útil em ajudar ao Phil e ao Dan? – Fico feliz com a súbita mudança de assunto.


- Tinha policiais atrás de mim, sabia o que eles queriam, e sabia também que não poderiam acha nenhuma daquelas merdas comigo, por isso só fui ousado o suficiente para mandar aquela mensagem ao Phil, enviar minha senha por mensagem seria descuidado demais, achei que você poderia ajudar nesse quesito.


- E por que, Jake? – Posso estar errado mas enxergo uma sutil irritação vindo dela, e mais uma vez ela está me deixando totalmente no escuro.


- Eu não sei se estava levando tudo para o lado emocional, mas esperava que você pudesse se lembrar do dia em que nos conhecemos. – Digo dando os ombros, fingindo ser indiferente ao fato dela não entender. Mesmo que não seja muito agradável de ouvir.


- Como assim? – Sua falta de entendimento é clara. Estou chocado com o fato dela não se lembrar. Chocado negativamente.


- 16 de Janeiro, quando nos conhecemos. Não se Lembra? – As sobrancelhas dela se franzem.


- O que? – Ela faz uma pausa - Quero dizer, eu lembro, é claro. Pensei que fosse pelo aniversário da morte da Amy, foi o que Phil disse. – Amy? Minha mente está uma completa bagunça. Meu deus! É claro! Quando conheci a Millah era o aniversário da morte da Amy. Eu tinha me esquecido completamente. Pela primeira vez em muitos anos essa história deixou de me perseguir por um bom tempo, concidentemente ou não, depois de que conheci Millah. Isso deveria significar alguma coisa.


- Não tinha absolutamente nada a ver com Amy... Quero dizer, sim era o aniversário da sua morte, mas coloquei porque foi quando nós dois nos conhecemos. Mudei 2 dias depois de te conhecer, sabia que você era alguém importante. – Seu rosto confuso é substituído por um radiantemente feliz, ela começa a rir. Eu estou confuso, muito confuso, sua reação faz parecer como as últimas horas não existissem.


- Você não para de me surpreender, Jakezinho! – Ela diz se agarrando ao meu pescoço. Não entendi ao certo sua felicidade, mas ela estar feliz já é o suficiente para mim, eu não preciso de um motivo. Ter ela nos meus braços é reconfortante o suficiente.

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