Where You Belong

Capítulo 36

Jake

Ando de um lado para o outro com meu telefone no ouvido, estou desesperado para que Millah atenda ao telefone e fale comigo. Mesmo que pudesse entender se ela não fizesse, as coisas que eu disse são imperdoáveis, Millah tentou me avisar quanto a Amy, mas só ignorei, porque aquela era a Amy, eu não poderia acreditar que ela me magoaria. Mesmo que isso pareça loucura agora, ela fez isso 5 anos atrás, por que não faria agora?

Millah atende ao telefone. Juro que preciso respirar fundo para me acalmar e não assusta-la, mas não posso conter a pontada de esperança que ousa crescer dentro de mim.

Eu: Millah oi. Aí meu Deus. Oi.

Estou aliviado pra caralho. Porque sinto que tudo ainda pode não estar perdido.

Millah: Oi...

Ela diz baixinho com receio.

Eu: Me desculpe, Millah. Sério, você  estava certa, me sinto péssimo por tudo que fiz você passar.

Ela permanece em silêncio, eu não me deixo desanimar, e continuo:

Eu: Amy veio aqui, ela tentou me convencer que algo tinha acontecido entre você e o Phil. Acho que só estava tentando me colocar contra você, me desculpe por não ter percebido antes.

Millah soluça do outro lado da linha. Ela estava chorando?

Millah: Eu sinto muito Jake... Sinto tanto!

Diz com a voz embargada, em um sussurro quase inaudível. Um nó gigantesco se forma na minha garganta, me impedindo de falar por alguns segundos, por que ela estava dizendo isso?

Eu: Sente pelo o que, Millah?

Quase não escuto minha própria voz, estou com medo pra caralho.

Millah: Ele estava lá... E você e eu tínhamos acabado de brigar. Estava chateada. Por favor, me deixe ver você, preciso que entenda.

Minha respiração fica acelerada, tudo ao meu redor parece se mover em câmera lenta. O que passa na minha cabeça, é Millah e Phil juntos. Me sinto dolorosamente traído e decepcionado, por pessoas que realmente confiava. Que logo é substituído por raiva, muita raiva. Millah continua falando, mas não consigo prestar atenção, eu só consigo pensar na Millah beijando outro cara,  o que só piora é o fato dele ser meu irmão. A porra do meu irmão. Desligo a chamada, e caminho com determinação para fora do meu apartamento, estou pronto para acabar com isso.

Só percebo que Dan estava esse tempo todo lá, escutando toda a minha conversa com ela, quando ele me puxa pela ombro.

- Eu sei que está bravo, mas acha que o melhor a se fazer nesse momento é ir falar com a Millah?

- Não estou indo falar com a Millah. Phil é o único que me deve uma explicação.

Me desvencilho do Dan, não vou deixar que ele me atrapalhe. Mesmo que não seja o suficiente para fazer com que Dan vá embora, porque ele continua me seguindo. Saio de casa com todo meu nervo a flor da pele, eu sei que se fosse esperto, me acalmaria e depois falaria com ele, mas não consigo, porque nada parece justificar o meu próprio irmão  fazer isso comigo.

Agradeço mentalmente pela casa do Phil ficar perto, seria impossível dirigir no meu estado. Nada sutilmente bato na porta.

- Jake, Phil é um idiota, e realmente em qualquer outro momento apoiaria você bater nele, mas não acho...

- Para Dan! – interrompo – Eu não vou embora ou me acalmar. Essa merda vai acontecer agora!

A porta se abre, e ao julgar pela cara do Phil, ele sabe exatamente o que sei e o que vim fazer aqui.

- Eu juro por deus que vou matar você.

- Jake, você está bravo isso é claro, mas realmente prefiro que conversemos, antes de se precipitar... – Ele diz calmamente, como se estivesse falando com um animal perigoso. O que só é pior, antes poderia não ser verdade mas me sinto bem capaz de mata-lo.

- “Me precipitar”?! Então, você beija a Millah, a minha garota, e tudo que tem para dizer é que estou me precipitando?

- Tecnicamente, eu não beijei ela. -  Ele diz baixo.

- Mas que porcaria de irmão é você?! Primeiro a Amy, e agora a Millah... Tem algum fetiche pela garotas que namoro? É isso?

- Não aja como se não soubesse o jeito em que me sentia em relação a Millah. – Estou horrorizado com suas palavras. Se antes Phil estava tentando ser pacífico, ele desistiu completamente. O que não é nenhuma surpresa, ou as coisas funcionam do jeito dele ou não funcionam.

- Exato eu sabia! Por isso que no dia em que beijei Millah pela primeira vez, me senti culpado, e vim correndo contar o que tinha acontecido, quando você me garantiu que não era um problema, e que não se importava. Você disse isso!

- Vocês não estão juntos! Lembra? Você mesmo disse isso na cara dela.

- Ou você é burro pra caralho, ou só enxerga o que favorece você. Isso não se trata da Millah ficar com outras pessoas! No momento em que terminei as coisa com ela, estava ciente de que logicamente Millah se relacionaria com outras pessoas. Meu único problema é que a pessoa foi você. Meu próprio irmão. Sabendo o que passamos com a Amy, você fez tudo novamente, sem se importar com as consequências. – Phil não diz nada, apenas evita olhar para mim, acho que finalmente se deu conta do que isso significa para nós. – Estou cansado de te defender, e sempre resolver seus problemas, quando você não tem a decência de fazer o mínimo por mim. A partir de hoje não quero estar relacionado com você de forma alguma, vou te vender a minha parte do bar, para não termos nenhuma ligação, e de verdade, espero nunca mais te ver.

- Não, Jake. Você não pode estar falando sério. – Phil diz com certo desespero. Que não me afeta nem um pouco, pelo menos é o que digo para mim mesmo.

- Estou sim. Depois de hoje, você morreu para mim.  – Ele me olha chocado. Eu não tenho mais nada para dizer, então viro as costas e vou embora.

Dan ainda me segue, acho que quer ter certeza de que não vou fazer nenhuma burrice. Eu sei que deveria voltar para casa, não estou no meu melhor estado, mas não consigo, tenho que ve-la. Não posso fazer isso com Dan colado nas minhas costas.

- Agradeço por não me deixar sozinho, mas realmente preciso ir até a Millah, e preferiria ir sozinho. – Dan concorda.

- Faz sentido, mas tem certeza que quer fazer isso hoje?

- Sim. Acho que não dá para as coisas ficarem piores.

- Você decide. Eu estou indo, então.