Where You Belong

Capítulo 33

Millah

Desde que cheguei  do meu encontro com Richy não consegui pensar em outra coisa, o que poderia fazer para para de me sentir assim? No fundo acho que sei a resposta, e realmente acho que ela envolve o Jake.

Batidas na porta chamam minha atenção. Eu não queria ver ninguém  agora, acho que não tenho cabeça para isso, mas Hannah saiu para resolver as organizações finais do casamento com o Thomas. Eu estou sozinha aqui, e não tenho uma boa desculpa para não abrir a porta. Então junto toda minha força de vontade para levantar e abrir a porta.

- Oi. – Jake diz assim que me vê. Confesso que estou surpresa, não esperava vê-lo hoje. Porém, o que realmente chama minha atenção é o jeito que ele está me olhando, Jake parece irritado, principalmente irritado comigo. Ele não espera um convite para entrar no meu apartamento. – Hannah está aqui?

- Não, ela saiu com o Thomas. – Digo fechando a porta atrás de mim. – Qual o problema agora, Jake? Por que veio aqui?

- Bem, então talvez você possa me contar, por que caralho foi ver o Richy?! – Ele parece ainda mais irritado quando faz a pergunta, o que definitivamente também me deixa com raiva, Jake certamente não tem o direito de exigir qualquer explicação minha. Também me deixa curiosa sobre como ele sabe disso, tive cuidado em não falar com ninguém, e duvido que Richy contaria para Jake.

- Isso realmente não interessa a você.

- Não? Tá brincando comigo, Millah?! Quase fui preso por conta desse cara, e você ainda vira na minha cara e diz que isso não me interessa?

- Não tem o direito de vir na minha casa e usar sua briga contra mim. Porra, quem foi que falou sobre isso para você?!

- Amy viu você, mas realmente não é o importante nesse momento...

- Amy foi quem falou?! – Interrompo. Se fosse possível acho que sentiria me sangue ferver nesse momento. – Como essa garota sabia disso? Ela estava me seguindo ou alguma merda parecida? Se bem que não seria a primeira vez.  – É uma alfinetada direta nela. Que definitivamente não passaria despercebido pelo Jake.

- Sabe que não foi ela que seguiu você aquela vez! É insano culpa-la por isso.

- Insano é o jeito como defende ela! Igual a um idiota apaixonado, que está cego para todo caos que ela está fazendo aos poucos aqui. – Pela primeira vez desde que chegou aqui, Jake parece indignado.

- Caos?! Que merda ela fez até agora? Você que está se comportando igual uma louca desde que ela voltou.

- E de quem você acha que é a culpa por isso, porra?

- Como isso explicaria o fato de que foi se encontrar com um cara que traiu você, te chamou de vadia na sua cara, além de insinuar que conseguiu seu emprego transando comigo. Como isso é culpa minha?! – Eu odeio como ele pontua todas essas coisas, porque de alguma forma realmente parece loucura.

- Não é justo você falar tudo isso para mim. Não vou tentar me explicar pelo jeito que resolvi consertar toda a bagunça que deixou em mim. – Ele evita olhar para mim, acho que poderia sentir sua culpa a 1km de distância - Pode dizer o que quiser, mas enquanto eu falava com meu ex namorado tóxico, você se preparava para falar com a sua que só está brincando com você desde que chegou aqui.

- Ela não está, e me explicou porque fez tudo isso. – Ele não parece mais com raiva, mas em compensação acho que a minha irritação só piora.

- E o que justifica seus 5 anos se fingindo de morta?

- Amy estava com medo. Medo que Phil e eu fossemos falar sobre a sua família, e suas atividades ilegais, o que não era um pensamento muito louco, Phil estava puto com ela. Amy tem uma necessidade absurda de agradar seu irmão, ela tem um problema, e isso fez com que aceitasse. – Isso realmente me deixa decepcionada, como Jake poderia acreditar nisso? Penso no que Phil me disse, talvez ele só esteja tentando ver o melhor da Amy, quando realmente não existe.

- Jake, ter uma dependência de alguém, e realmente querer agradar aquela pessoa, não significa fingir de morta por 5 anos, e deixar seu ex namorado achando que foi o culpado.

- Não. Isso não é verdade, você não conhece ela.

- Você tem razão, eu não conheço a Amy, mas entendo uma coisa, que antes ela disse que tinha medo que pudessem denunciar as práticas criminosas de seus familiares. Mas sabe o que também é crime? Pseudocídio. Se ela voltou agora, poderíamos muito bem denunciá-la  por fingir a própria morte. Então por que Amy voltou? Não faz sentido Jake. – Isso faz ele pensar.

- Ela disse que queria nos avisar. Que seu primo e irmão foram soltos – Isso chama minha atenção. Jake falou muito pouco sobre a prisão deles, mas sei que estarem soltos não é nada bom. – E acham que fomos culpados pela prisão deles. Querem descobrir se foi mesmo nós.

- E foi? – Percebo que Jake não querer me responder, mas ele também não luta contra.

- Foi. Phil denunciou eles. Acho que você entende que isso não é bom, levando em conta que estão soltos agora. – Eu concordo com a cabeça. Um pouco atordoada com a recém informação. - Eles pretendiam usar a volta da Amy para descobrir isso, mas ela não aceitou. Decidiu nos avisar.

- Mais uma vez, de acordo com a Amy. – Sai antes que possa filtrar. Jake não gosta nada, e eu percebo.

- Millah... Ela não é o inimigo aqui! Não entendo o motivo desse seu ciúme todo. – Eu fico boquiaberta. Ele não pode ter acabado de falar isso.

- Ciúmes?! É mesmo o que acha que está acontecendo? – Jake dá de ombros.

- Eu não consigo pensar em nenhuma outra coisa. – Estou pasma. Eu não tenho ideia de quem seja esse cara na minha frente, mas definitivamente não é o meu Jake.

- Quer saber de uma coisa? Você sempre foi muito bom em me fazer sentir incrível, mas nesse momento, eu odeio pra caralho o jeito que está me fazendo sentir. Meu deus, em pensar que estava mesmo amando você. – Não, não, não! Definitivamente eu não acabei de admitir que amo ele. Mas que merda! Isso é ruim, isso é muito ruim. Por que não posso pensar no que vou dizer uma única vez na vida?!
Jake parece sem palavras. Seus olhos estão arregalados, enquanto olha para mim.

- Millah, eu.. – O interrompo.

- Para. – Eu sei que dá sua frase só pode vir rejeição ou pena. Não preciso disso. – Não tenho interesse no que tem pra me falar. Isso foi antes, antes de vir na minha casa para gritar comigo, me chamar de louca, e dizer que tudo que estou fazendo se resume a ciúmes da Amy. – Só percebo que estou chorando quando as lágrimas chegam no meu queixo. - Agora quero que você vá embora. Por favor.

- Tudo bem. – Sua voz só ressalta o quão isso o abalou também. Ele parece imerso em seus pensamentos. – Nós não vamos voltar a ficar juntos. – Diz com a voz baixa. Suas palavras saem rasgando, é doloroso pra caralho.  Ele passa por mim e sai pela aquela mesma porta.

Arrasto meu corpo de volta para o sofá. Lugar onde nunca deveria ter saído. Não me sinto mais irritada, acho que só estou triste e confusa. O misto de sentimentos dentro de mim, está me deixando exausta, não consigo mais, só quero que pare, mas algo dentro de mim insiste em dizer que só está começando. Meus olhos se fecham, e sinto toda a agonia sumir, enquanto eu adormeço.