Capítulo 47

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Millah


Amy está aqui, bem na minha frente, ela parece estressada, e não me causa nenhum conforto, principalmente quando me lembro da falta de notícias do Jake.

- Amy, o que está fazendo aqui?

- Eu quero falar com o Jake. – Eu realmente não sou do tipo fácil de ser intimidada, mas o seu tom rude realmente me deixa assustada.

- Sinto muito, mas ele não está aqui.

- Eu sei que não, mas para mim ficou bem claro que você é a maneira certa de chegar até ele... – Estou começando a ficar ansiosa, porque ela fala como uma psicopata.

- O que quer com ele?

- Não vou facilitar as coisas assim pra você garota! Podemos ir logo encontrar ele, ou podemos faze-lo aparecer. Você decide. – Posso dizer que sem dúvida Amy está falando sério, e que a segunda opção não parece nada agradável, principalmente para mim.

- Me diga o que quer com ele, e te levo. Caso contrário, é melhor começar a fazer o que estava planejando. Isso não me assusta, Amy. – Isso é mentira, uma mentira gigantesca, Amy me assusta totalmente, mas ver o Jake parece ser muito importante para ela.

- A porra do Phil matou o meu irmão! – Ela grita sem se importar em estarmos no meio da rua, e por que se importaria? Estamos completamente sozinhas. – E assumiu a semanas, então é melhor o Jake parar de esconde-lo, porque juro que se ele não aparecer as coisas vão desandar completamente. – Sua revelação me pega totalmente desprevenida. Merda! Isso é horrível, assassinato?!?! Isso vai além de qualquer coisa que poderia entender. Porcaria Phil! Mas uma vez nos colocou em seus problemas, com certeza era disso que ele queria falar comigo.

- Jake não está ligado com as coisas que o Phil faz, e posso te garantir que não é ele quem o está escondendo.

- Não confio em nenhum de vocês! Eu juro por deus, Millah... Me leve até onde você sabe que o Jake está. – Ela vai me matar aqui se não fazer o que está pedindo, e no fundo meu instinto de sobrevivência está gritando desesperadamente para que pelo menos dessa vez eu não aja como um idiota, e que só a leve até o Jake, ele sabe se defender como ninguém, essa é a verdade... Mas nem esse pensamento está sendo suficiente, não existe a menor possibilidade.

- Não. – Meu murmuro sai abafado, pela voz atrás de mim.

- Já estamos aqui Amy! – Me viro rapidamente para a voz que conhecia muito bem. Jake e Phil andam em passos apressados até nós.

- Maldito filho da puta! – Ela destila todo seu ódio para o Phil. – Era isso que precisava fazer para você sair de onde caralho estava? Me aproximar dela? – Vejo Jake revirar os olhos de relance. Sei que essa história com o Phil ainda é complicada, e não tenho ideia do contexto que fez eles conseguirem conversar. Definitivamente vou perguntar depois, mas estamos com uma puta situação agora, e não é o momento.

- Eu não matei aquele merdinha! – Eu não preciso ser nenhum gênio para saber que irritar a Amy não é uma boa ideia.

- Está me achando com cara de idiota, Phil?! Espera que eu acredite que tudo não passa de coincidência? Que em uma noite meu irmão  vem te ver, e magicamente no dia seguinte ele aparece morto... Coincidência então? – Eu tenho tantas perguntas... Toda essas coisas ditas parecem estranhas.

- Eu não matei ele, porra! – Phil grita. – Mas quer saber de uma coisa? Realmente sinto muito por não ter sido eu, deve ser uma sensação maravilhosa.

- Chega Phil! – Jake diz com firmeza - Nós vamos embora agora, Amy. – Jake me pega pela mão.

- Se descobrir quem foi o culpado, me diga Amy, para que eu possa agradecê-lo pessoalmente. – É claro que Phil não perderia a oportunidade. Jake balança a cabeça negativamente, com reprovação.

Mas é claro que nada acabaria tão simples assim. Jake, Phil e eu não conseguimos dar sequer três passos ser ser interrompidos, pela nova presença.

- Temos uma coisa para resolver, Hawkins, vocês não vão para lugar nenhum. – Sou atraída pela voz... Aquela voz. Me viro rapidamente para ver quem fala, e simplesmente não consigo acreditar. Era aquele mesmo cara que vi do lado de fora do café onde encontrei o Richy, mas que merda, ele era a outra pessoa do trio?! Eu levo alguns segundos para reparar a coisa prata em suas mãos, apontada diretamente para nós, cacete! Ele tem uma arma, a porra de uma arma.

- Eu te disse que ainda nos veríamos novamente, Millah. – Ele tem um sorriso no rosto. Phil e Jake me olham sem entender, é verdade que não tinha falado sobre nosso pequeno encontro, mas como eu poderia saber quem ele era?!

Todo o resto acontece extremamente rápido o meu antigo conhecido me agarrou, segurando-me à sua frente, como um escudo. A sua arma estava na lateral da minha cabeça.  Minha respiração está acelerada, e eu sei que só não estou no chão agora pela força em que ele está me segurando. De relance consigo ver Phil imobilizando a Amy no chão com ela protestando aos gritos. O meu olhar se cruza com o do Jake, ele parece desesperado, e eu definitivamente sei que estou completamente assustada, ao ponto de só reparar agora na coisa nas mãos dele, ele também tem a porra de uma arma. Caralho. Mas que merda!

- Se quiser conversar, ótimo, Phil e eu vamos ouvir, mas deixe a Millah ir. Isso não é sobre ela. – Jake parece bravo pra caralho. Diferente de mim que está infinitamente assustada, várias alternativas se passam na minha cabeça para o fim de hoje, e eu não gosto de nenhuma.

- Amy e eu pensávamos que o justo seria um irmão por outro irmão. O que não seria nada legal para você, Jake, mas ela... – Ele olha pra mim, e eu estremeço - Vai fazer vocês dois sentirem! Por terem denunciado a gente e por depois ter matado um dos nossos. Vocês estão causando um inferno nas nossas vidas há um bom tempo, Hawkins. Vamos terminar com essa merda.

- Não! – Parece mais como um grito desesperado, o que não me deixa nada calma - Não seja tão idiota, você não quer chamar uma atenção desnecessário. Deixe a Millah ir, e vamos fazer como tem que ser.

Bem, eu tenho certeza que a situação não está nada boa, eu tenho uma arma apontada na minha cabeça, Jake também tem uma que está apontada para o cara atrás de mim, mas se Jake apertar o gatilho tenho certeza que não vai ser nada fácil de mirar nele, além de que eu não estou em um lugar legal, antes da bala conseguir atingi-lo em um lugar nada estratégico, ele teria a chance de disparar a sua própria arma, e diferente dele, eu não tenho a menor chance de sobreviver com a merda de um tiro na cabeça, estou com raiva de mim mesma, isso não deveria acontecer! Isso não acontece com pessoas normais, que vivem uma vida normal e entediante... Agora eu sou a porra de uma refém imprestável, que não consegue pensar em qualquer outra opção para conseguir sair viva daqui hoje. Eu tento não chorar, porque sei que isso não vai ajudar ninguém, mas é impossível evitar quando penso no Jake... Sei que ele não vai se perdoar sabendo que tudo isso foi porque eu me envolvi nessa merda toda, algo que desde sempre foi contra. Ele vai se sentir culpado e vai se fechar igual quando o conheci.

- Você é patético! – Ele aperta mais a arma na minha cabeça, um gosto amargo desce pela minha garganta, eu vou morrer, e só percebi agora o quanto quero viver.

- Mas que merda! Estou avisando... se machucar ela, eu mesmo vou matar você.

A ironia dessa situação me irrita, durante boa parte da minha vida vivi dentro da lei, meu padrasto é um ex policial, porra! E vou acabar morta em uma esquina qualquer com um tiro na cabeça, tenho certeza que ele vai dizer para todos os cantos como fui imprudente de ter me relacionado com um cara que está envolvido em coisas como essas, e em como não aprendi nada com ele, e todas suas histórias com criminosos... É então que surge como um clarão a história de como ele se tornou um ex policial. Caralho! Sim! Porra, como consegui esquecer essa merda? Ele também estava em uma situação com reféns, e para se livrar, deu um tiro inofensivo na perna do refém.

- Atira em mim. – Torço para que Jake esteja lendo meus lábios. E sua cara confusa, só confirma que ele leu sim. – Faça Jake. – Os olhos do Jake estão arregalados, como se ele entendesse exatamente o que quis dizer, mas parecia tenso, não é uma situação nada fácil. Atirar em mim não deve ser fácil. O meu raptor continua dizer alguma merda, que não consigo prestar atenção, porque tudo que importa é que Jake consiga fazer. – Não hesite... – Jake está respirando de uma maneira totalmente descompassada, parece indeciso, e com medo. Estamos ficando sem tempo, merda, Jake precisa fazer. Então, eu o forço a fazer. – Agora Jake! – Grito.

Não dá tempo de eu, Phil, Amy, ou o cara com a arma na minha cabeça reagir. Acontece em um segundo, um estrondo alto e rápido. O cara que antes me segurava contra ele, me soltou de uma vez, me fazendo desabar contra o chão. Só então senti a dor agonizante na minha panturrilha. O Jake tinha mesmo atirado em mim. Luzes vermelhas e azuis, dispararam, juntamente de uma sirene alta.










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