XXXVI

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Quando a noite enfim caiu, Finan mal se aguentava de animação. Ele carregava apenas uma mochila com o que julgou ser essencial, enquanto eu, não carregava nada além de mim mesma. A anciã ordenou que nos dessem um cavalo para a viagem e, durante a madrugada, finalmente fomos embora. Finan se quer olhou para trás, quando saímos da entrada secreta, ele jurou jamais colocar os pés naquela vila novamente e disse que entre voltar para lá e a morte, Valhala parecia muito mais agradável.

- E se os seus guardas cortarem minha cabeça quando chegarmos lá? - Ele perguntou depois de um tempo em silêncio.

- Não vão. - Respondi de qualquer maneira, estava entretida, amarrando a outra linha vermelha em meu outro punho.

- Como você pode ter certeza disso? - Ele me olhou por cima do ombro.

- Por quê eu estou com você. - Respondi despreocupada.

- Você é pequena, Ember. - Finan riu quando belisquei seu braço. - Eles vão me ver primeiro e vão fazer meu corpo de tábua de tiro ao alvo.

- Então me deixa ir na frente. - Pedi e ele negou.

- Se nos atacarem no caminho, você tem tempo para correr.

- Não vão nos atacar, Fin. - Revirei os olhos e pude senti-lo sorrir.

- Não preciso ver seu rosto para saber que está revirando os olhos para mim.

- Ainda bem que não precisa ver.

O cavalo seguia devagar pela única trilha existente. Eu queria correr o máximo que pudesse para chegar logo em minhas terras e ter a certeza de que estaríamos seguros, mas Finan era irritantemente controlado e seguia da maneira que ele achava melhor.

Nós ainda não estamos em suas terras, Ember, você ainda não é minha rainha. Não pode mandar em mim.

Ele disse depois que passei vinte minutos tentando irritá-lo para que andasse mais rápido.

- A noite foi feita para o descanso, Ember. - Ele me disse um pouco cansado da minha insistência. - Vivendo do jeito que eu vivi pela vida inteira, você aprende a alinhar sua energia ao ambiente em que se encontra.

- Você está falando besteiras. - Resmunguei.

- Se não quer chamar atenção enquanto caminha pela noite, deve se movimentar devagar, como se andasse dormindo.

- Você é irritante.

- Obrigada, eu me esforço muito pra isso. - Ele deu uma risadinha e ignorou meus xingamentos.

Depois de horas cavalgando, finalmente comecei a reconhecer as árvores, a terra, os caminhos... estávamos entrando nos limites de Eldarya. Meu coração batia acelerado, meu estômago estava gelado, tudo que eu mais quis em todo esse tempo foi rever as minhas terras, sentir o cheiro do meu reino, saber que estou em casa.

- Acabamos de entrar nos limites de Eldarya. - Informei.

- E como você sabe? - Finan questionou. - Está tudo um breu.

- Eu sei por quê é tudo meu. - Disse contente. - E agora, eu posso mandar em você.

- E qual a primeira ordem da rainha? - Ele perguntou, mesmo já sabendo a resposta.

- Quero que pare o cavalo, vamos trocar de lugar.

- É arriscado, Ember. - Ele repreendeu.

- Arriscado é você parecendo uma muralha em minha frente, se meus guardas nos virem assim, com certeza vão atirar flechas em você.

- Tudo bem. - Ele puxou as rédeas do cavalo e o animal parou devagar. Finan me estendeu a mão como apoio para descer, minhas pernas quase falharam novamente quando fiquei de pé, estava sentada a muito tempo. - Você está bem?

Realm of EmberOnde histórias criam vida. Descubra agora