Ezarel segurou minhas coxas com certa força, causando em mim alguns arrepios violentos quando, ao mesmo tempo, seu rosto se enfiou em meu pescoço, deixando alguns chupões no local, leves demais para o meu gosto. Minhas mãos apertaram seus ombros e sua boca procurou a minha novamente.
- Sabe, odiei ver aquele bastardo te olhando. - Ele me puxou mais para baixo, me deixando totalmente abaixo de si. - Ele quer você, Ember, como eu quero.
- Mas ele nunca vai ter. - Arfei quando senti seus dedos gelados desabotoando meu vestido. - É você que está aqui agora, é você que eu quero.
- É mesmo? - Suas mãos geladas alcançaram a pele quente de minhas costas, fazendo com que minha coluna se arqueasse involuntariamente. - Eu acho isso muito bom Ember, por quê desde que pus meus olhos em você, que eu te quero e muito.
Acredito que apenas uma noite jamais será tempo suficiente para estar com ele. Ezarel fez eu me sentir como a última mulher existente no mundo, cada toque dele, cada beijo... seus lábios e sua língua estiveram presentes em todas as partes do meu corpo, me dando prazer em lugares que nenhum homem jamais havia pensado em encostar. Meus gemidos eram abafados por seus beijos, infelizmente, Lucas dormia no quarto ao lado e poderíamos ter muitos problemas caso ele ouvisse algo.
No entanto, mesmo que abafasse meus gemidos com seus beijos, Ezarel se esforçava bastante em arrancá-los de mim. Só me dei conta de que a noite já havia ido embora quando vi os primeiros raios de sol entrarem pela fresta na janela, quase surtei ao perceber que simplesmente não dormi, mas isso iria acontecer mesmo que Ezarel não tivesse ocupado meu tempo. Ao menos dei uma utilidade ao que seria mais uma noite de insônia.
- Eu preciso ir. - Ele sorriu e beijou minha testa. - Se seu noivo me ver aqui, vou ser obrigado a arrancar os olhos dele.
- Isso vai acabar rápido. - Acariciei seu rosto. - Eu prometo.
- Eu sei que vai. - Ele suspirou. - Por quê se você não matá-lo, eu vou.
- Ezarel! - O repreendi.
- Não me importo de ficar preso em suas masmorras. - Deu de ombros. - Na verdade, não me importo em ficar preso em nada que seja seu.
- Você não toma jeito nunca, não é? - Ele negou e se aproximou de mim.
- Me perco de mim mesmo quando estou perto de você. - Disse com os lábios roçando os meus. - Mas isso é tão bom, simplesmente a melhor coisa que me aconteceu.
- Sabe. - Comecei. - Quando eu saí da aldeia Wonkru, tudo que eu mais queria era te ver. - Um sorrisinho tímido apareceu em seus lábios. - Não me importava com mais nada, eu só queria poder olhar para você, para o dono da voz que nunca parou de gritar por mim. - Me sentei na cama e vesti minha roupa.
- Só os Deuses sabem o que passei sem você aqui, Ember. - Ele suspirou e deitou a cabeça em meu peito. - Eu enlouqueci, não conseguia me reconhecer, ninguém conseguia.
- Eu estou feliz, por quê estamos juntos agora. - Senti seus braços se apertarem mais ao meu redor. - E mesmo que eu ainda tenha alguns empecilhos para remover, tudo parece bem, por quê tenho você.
- Pode ficar melhor se você me deixar desmontar aquele bastardo na porrada. - Ele disse, em um tom de brincadeira, mas tudo que ele dizia era nesse tom, então eu tinha certeza de que não poderia estar falando mais sério.
- Se controle. - Sorri. - Só mais alguns dias.
- Eu vou tentar. - Ele se levantou e me olhou. - Mas se ele encostar um dedo em você, vou arrancar o braço dela e fazê-lo engolir.
- Ele não vai. - Dei de ombros. - Por quê sabe que posso cortar a mão dele fora a qualquer momento.
- Eu amo o seu instinto assassino. - Ele riu. - A capacidade de se defender sozinha e arrancar a cabeça de qualquer um que se ponha em seu caminho é o que mais me atrai em você.
- Por quê? - Questionei. Nenhum de meus parceiros pensou assim, todos queriam cuidar de mim, me manter segura diante de todas as ameaças que me ocorriam. Embora todos eles soubessem da minha plena capacidade de apunhalar alguém. O único que chegou perto de se sentir bem com isso foi Nevra, ele respeitava o que eu represento, mas ainda tentava me domar.
- Por quê você é alguém que não precisa da presença de ninguém. - Ele deu de ombros. - Se alguém gosta de verdade de você, precisa decidir te acompanhar de livre e espontânea vontade, mas sabendo que você não precisa de ninguém.
- E você escolheu me acompanhar? - Questionei.
- Eu não tive muita escolha. - Sorriu. - Você domou meu coração, eu vou te seguir por qualquer caminho.
- É só disso que eu preciso. - E o sorriso que vi em seu rosto iluminaria o resto do meu dia.
Uma batida forte em minha janela nos assustou. Ezarel pulou da cama, terminando de vestir a camisa e puxou sua espada. A janela se abriu e Finan enfiou a cabeça para dentro do quarto, um sorriso maroto em seu rosto.
- Você disse que voltaria antes do sol nascer. - Falou para Ezarel. - Bom dia, Ember! - Disse animado.
- E você, como uma boa babá que é, veio me buscar. - Ezarel brincou.
- Bem, eu também preciso falar com ela. - Apontou para mim com a cabeça.
- Eu já vou indo. - Ezarel me deu um selinho e saiu pela janela. Logo depois, Finan entrou no quarto e me encarou com os olhos semicerrados.
- Então, você vai se casar. - Falou despretensiosamente e foi mexer em minha penteadeira.
- E você só ficou sabendo disso agora? - Esperei sua resposta e recebi uma risada. - Diga logo o que veio me dizer.
- Eu quero saber qual é o plano. - Disse, entretido com minha escova de cabelo.
- Não posso contar. - Neguei.
- Então existe um plano. - Ele se virou para mim e sorriu. - Isso me deixa mais tranquilo, sabe, por um momento, pensei que o tempo em baixo da terra tivesse enlouquecido você.
- Eu já era louca quando fui para lá. - Dei de ombros.
- O príncipe está a vontade demais. - Seu sorriso maluco ainda estava lá. - Sabe, para quem está em uma armadilha.
- Ele está exatamente onde eu quero. - Também sorri. - E do jeito que eu quero que esteja.
- Ele tem muitos aliados, você sabe, não é? - Assenti. - Seja lá o que for que pretende fazer, sei que vai deixá-los furiosos.
- É a minha intenção. - Confirmei.
- Você está querendo iniciar uma guerra, Ember? - Seu sorriso deveria ter diminuído com a possível antecipação de uma guerra, mas ele apenas o manteve inabalável, como Ezarel faria.
- Esse é o único caminho para manter minha soberania diante dos reis. - Expliquei. - E agora que Lucas formou aliança com vários deles, precisei arrumar um jeito de criar uma vantagem para mim.
- Entendi. - Ele concordou. - Lucas se tornou o menino dos olhos de todos os nove reinos. - Continuou. - Pelo que me contaram sobre eles, em minhas aulas de preparação, que Ezarel me obrigou a ter com Deidra, eles estão caminhando para criar uma única extensão, para te deixarem cercada e sem escolhas.
- Eu percebi tudo isso no momento em que Octavia me informou da aliança de Lucas com dois reinos. - Suspirei. - Entende por quê tive que tomar medidas drásticas?
- Entendo perfeitamente. - Assentiu. - E te apoiaria mesmo que não entendesse, pois estou louco por minha primeira batalha.
- Você é louco. - Soltei uma risada.
- Doidinho de pedra. - Ele concordou. - Mas, as melhores pessoas são assim.
- Acho melhor estar preparado para a guerra. - Estalei a língua. - O que os porquinhos vão dizer quando souberem o que aconteceu com o grande javali?
- Não vão dizer nada. - Finan caminhou até a janela novamente. - Por que nós iremos cortar as gargantas de todos, um a um.