IV

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Ambas guardas já estavam reunidas no grande salão do castelo, homens e mulheres conversavam sobre batalhas e armamentos e faziam brindes a isso. Iscas de ova de peixe fritas estavam sendo servidas com vegetais assados, as taças de vinho não ficavam vazias e a cada passo que eu dava alguém prestava reverência a mim.

- Majestade! - Ocatvia, que já estava um pouco alta desde o almoço, apareceu na minha frente acompanhada de um homem quase tão alto quanto meu irmão. - Este é o Nevra, meu braço direito no comando da guarda da sombra. - Ela piscou para mim.

- É uma honra poder estar em sua presença, alteza. - Nevra prestou continência e me lançou um sorriso galanteador.

- Se Octavia confia em você, eu também confio, Nevra. - Lhe estendi a mão e ele a beijou, seu toque quente me causou um arrepio que me fez suspirar. Seus olhos focaram nos meus.

Octavia saiu andando e puxando Nevra pelo braço, ele não parou de me olhar até que sumiu da minha vista. Confesso que é um homem lindo, porte de guerreiro e elegância de um lorde. Me encaminhei até a mesa de doces onde estavam os merengues que Deidra havia mandado fazer na cidadela. A contato com Nevra havia me deixando de certa forma nervosa, o coração um pouco acelerado e as bochechas quentes.

- Estão tão bons quanto eram quando éramos crianças? - Ela apareceu ao meu lado.

- Agora tem gosto de saudade. - Lhe dei um meio sorriso.

- Vi você conversando com Octavia e o famoso Nevra. - Ela me olhou de soslaio.

- Famoso? - A encarei curiosa. - Nunca tinha ouvido falar nele.

- Então você anda mais afastada da cidade do que deveria, o nome do Nevra anda na boca do povo.

- O que ele fez de tão grandioso?

- É o melhor guerreiro da guarda da sombra, só perde para a Octavia.

- A guarda da sombra só tem bons guerreiros, assim como a guarda reluzente. - Peguei um copo de hidromel.

- Veja. - Deidra apontou para todos os guerreiros que conversavam animadamente. - Todos eles tem marcas de batalha.

- Sim.

- Agora olhe para ele. - Ela me virou na direção em que Nevra conversava calmamente com Caon, outro soldado. - Ele não tem nenhuma marca sequer.

- Mas como isso é possível? - Eu quase deixei o copo de bebiba cair.
Todos lembram de meu irmão como Bjorn Ironside, Bjorn de ferro, mas poucos são os que lembram do motivo de tal nome. Em anos lutando na guarda reluzente, meu irmão nunca foi ferido a ponto de ter cicatrizes, apenas arranhões e cortes leves. O nome Ironside foi dado pelo capitão de sua tropa, pois na primeira batalha travada por Bjorn, nenhum inimigo foi capaz de feri-lo.

- Estão comparando ele com seu irmão. - Deidra me deu um meio sorriso, ela e Bjorn eram apaixonados, mas nunca se declararam um para o outro.

- Não combina com ele. - Fiz careta, ao mesmo tempo Nevra me encarou do outro lado do salão e ergueu seu copo em cumprimento, ergui o meu de volta e me virei para Deidra.

- Ocatvia o transformou em seu braço direito por que ele se mostrou o mais leal e letal. - Eu sorri.

- Talvez ele seja bom no que faz. - Ela me olhou rindo.

- Foi por isso que Octavia o apresentou a você.

- Por que?

- Por que ele é leal. Ela sabe que você valoriza a lealdade até em homens com os quais só vai se deitar por uma noite. E sabe que ele tem interesse em você. Nevra é rico, poderia muito bem ser um lorde de seu reino, mas se recusa a comprar o título pois sempre quis fazer parte da guarda da sombra.

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