XXXIII

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Um mês já se passou desde o meu resgate pelo povo que descobri se chamar Wonkru. Emori me contou basicamente tudo sobre a história deles, são pacíficos e muito ligados com a natureza, aqui eles possuem remédios para diversas doenças que na superfície são fatais. E vivendo em paz com a natureza na sua cidade subterrânea, eles sobreviveram a todas as pragas que assolaram os humanos.

- Bom dia! - Emori entrou animada em  meu quarto.

- Bom dia, Emori. - Sorri para ela e me sentei na cama.

- Como você está hoje? - Ela se sentou ao meu lado.

- Igual a ontem. - Tentei rir. - Ainda sem andar.

- Bom, eu imagino que esteja cansada desse quarto, há um mês que você vê apenas essas paredes.

- Isso é verdade.

- Por isso eu te trouxe algo. - Ela deu um pulo da cama e correu para abrir a porta. - Esse é o Finan. - Ela apresentou o rapaz que entrou. - Ele é o ferreiro daqui e eu pedi que construísse algo pra você.

- Olá, senhorita. - Finan sorriu para mim.

- Olá, Finan. - Sorri de volta.

- Bem. - Emori estava impaciente. - Pedi para que Finan fizesse isso. - Ela pegou um pacote cumprido que estava apoiado na parede atrás deles e me entregou.

- O que é? - A olhei desconfiada e ela fez um gesto para que eu abrisse. - Não acredito. - Sorri ao ver que estava embrulhado um par de muletas. - Iguais as do meu pai.

- Sim! - Emori deu um pulinho de alegria. - Achei que você iria gostar dessa coincidência, afinal, o destino a fez ficar igual ao seu pai, mesmo que seja temporário.

- Só você para me fazer ver algo bom na situação que me encontro. - Eu ri da animação dela.

- Seu pai, embora tenha nascido aleijado, foi destinado a grandes coisas. - Finan disse. - Esse deve ser o seu destino também, grandes feitos. - Ele riu e se aproximou de mim. - Deixe-me ajuda-la a pôr.

Finan pegou minhas pernas e as amarrou com pedaços de tecido, depois que elas estavam bem presas, me ajudou a levantar e encaixar meus braços nos apoios das muletas. Enfim eu pude ficar de pé, depois de um mês presa em uma cama, minhas costas já estavam ficando feridas.

- Parece que deu certo. - Finan sorriu.

- Obrigada, aos dois. - Sorri para eles.

- Agora você vai poder sair daqui e ver como é o nosso mundo. - Emori pôs a mão em meu ombro. - E com você se movimentando, a circulação das suas pernas vai aumentar e fazer com que o veneno seja filtrado mais rápido.

- Então isso também vai me ajudar a voltar para casa.

- Vai sim. - Ela deu pulinhos. - O Finan vai te acompanhar durante a sua estadia aqui, eu não posso por que preciso acompanhar a anciã curandeira.

- Tudo bem. - Assenti e ela saiu apressada. - Então você vai ser meu vigia?

- Sim. - Ele riu. - A verdade, é que eu espero que você seja meu passaporte.

- Como assim? - Dei alguns passos até a janela, ainda aprendendo a usar minhas novas pernas.

- Eu sempre quis sair daqui de baixo e viver na superfície.

- Por quê?

- Imagine como é, ver a luz do sol poucas vezes no ano, por que só temos permissão para sair de madrugada. - Eu o olhei com pena.

- Não havia visto por esse ângulo. - Suspirei e me direcionei à porta. - Você pode me contar sua história enquanto me mostra o lugar?

- Claro que sim. - Ele sorriu e me seguiu.

Realm of EmberOnde histórias criam vida. Descubra agora