Há muito tempo eu não me sentia tão feliz e livre. Respirava com mais leveza e nada me tirava o sorriso do rosto, estar envolta de pessoas normais, que apenas me cumprimentam, me permitiu relaxar um pouco.
- E então, como se sente? - Nevra me perguntou enquanto eu olhava os arranjos de flores de uma barraca.
- Leve e comum. - Ele sorriu.
- É bom se sentir assim.
- É sim. - Voltei minha vista para ele, quando atrás de sua cabeça vi uma barraquinha tão conhecida por mim. - Merengues! - Exclamei e sorri. Nevra virou a cabeça para onde eu olhava e entendeu.
- Venha. - Me puxou até a barraquinha . - Boa tarde, Senhor Rowen. - Ele sorriu para o homem de cabelos grisalhos que estava atrás do balcão de madeira. Eu me lembrava dele, é o mesmo homem que vendia merengues e biscoitos da lua para mim, Deidra e Octavia quando éramos pequenas.
- Ora, Nevra. - O homem sorriu e apertou sua mão. - Majestade. - Dirigiu seu olhar para mim e reverenciou.
- Olá, Senhor Rowen. - Sorri para ele.
- O que os jovens desejam? - Ele mantinha o sorriso no rosto.
- Dois saquinhos de Merengues, por favor. - Nevra lhe entregou as moedas.
- E... - Eu ia falar, mas o senhor Rowen completou minha fala.
- E três de biscoitos da lua. - Ele me olhou e sorriu, lembrava de mim.
- É bom pra comer com cerveja amanteigada. - Eu terminei a fala e sorri tímida.
- A majestade continua igual a quando era mais nova. - Ele entregou os pacotes a Nevra, que iria lhe entregar mais dinheiro. - Os biscoitos são por conta da casa.
- Obrigada, senhor. - Nevra o olhou sorridente.
- Volte mais vezes, alteza. A vila fica mais bonita com a sua presença.
- Eu vou voltar sim, Senhor Rowen. - Sorri para ele e acenei quando comecei a sair.
- Então você já o conhecia? - Ele me olhou surpreso.
- Eu sempre comprei merengues e biscoitos da lua na barraquinha dele. Todos os domingos.
- E são bons com cerveja amanteigada? - Ele riu. - Nunca comi essas coisas.
- Nunca comeu biscoitos da lua? - Ele negou. - E você vive aqui na vila? - Ele riu.
- Pois é, parece que tenho muito a viver ainda. Mas venha, vamos atrás da cerveja amanteigada. - Nevra me guiou por algumas ruelas até chegar em uma taberna que parecia menos promíscua do que todas as que eu tinha visto até agora. Nós entramos e estava um pouco vazia, por ainda ser de tarde, nos sentamos e a dona veio nos atender.
- O que o jovem casal deseja? - Ela perguntou ainda de longe, quando chegou mais perto, me reconheceu. - Ora, Majestade. - Me reverenciou. - É uma honra tê-la em meu estabelecimento.
- Muito obrigada. - Sorri e apertei sua mão. - Qual seu nome?
- Fannar, majestade.
- Fannar, você tem cerveja amanteigada? - Lhe perguntei sorrindo.
- A melhor de toda a vila, alteza.
- Então me traga um balde de cerveja e dois copos, por favor.
- Agora mesmo, majestade. - Então ela saiu apressada para trás de seu balcão e quando virei meu olhar para Nevra, ele parecia não acreditar em algo.
- O que foi?
- Você é surpreendente, Amber.
- O que eu fiz?