XVII

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Dois dias se passaram, as defesas estão de pé, o óleo foi derramado no mar, soldados estão a postos e o clima de suspense reina em todo o território. A população já não põe a feira nas ruas e cada família está trancada em casa, com medo. Não gosto de ver o meu povo assim, mas, por enquanto, é necessário. As guardas tem trabalhado juntas e eu só tenho tido contato com Deidra, Octavia e Ezarel, limitei o acesso das pessoas a mim e troquei de quarto no castelo, um quarto com visão para o mar é tudo que preciso agora.
Desde que Nevra saiu de minha sala naquele dia horrível, eu não o vi nenhuma vez, acredito que ele tenha me evitado e tenho certeza de que é melhor assim, não sei se consigo olhar para ele ainda. As coisas estão diferentes.

- Ember. - Ezarel bateu na porta de meu novo quarto.

- Pode entrar.

- Os olheiros da guarda da sombra avistaram navios se aproximando, ainda estão longe, mas acreditam que seja a esquadra dos reis.

- Quanto tempo para chegarem até nós?

- Se não pararem, algumas horas.

- Então chegarão a noite, muito estratégico.

- Não mais que nós.

- Quando for a hora, quero você e Deidra aqui, acha que consegue atirar flechas da minha janela?

- Sim.

- A lei imperial criada pela inútil da minha irmã me impede de pisar no campo de batalha, sob risco de perder a coroa, então preciso de vocês aqui.

- Certo. Os navios serão postos na água agora mesmo.

- Lembre- se de pôr somente os mais velhos, tudo vai queimar.

- Sei bem.

- Peça para deidra montar um pelotão da guarda reluzente na praia e nas pedreiras. Aqueles que conseguirem passar pela água, terão que ser mortos da maneira tradicional.

- Sim, minha rainha.

- E garanta que todos os aldeões estejam trancados dentro de suas casas até essa batalha acabar, ponha guardas nas ruelas se preciso.

- Vou discutir isso agora mesmo com Deidra. E quanto a Octavia e a guarda da sombra?

- Diga para Octavia liberar alguns soldados como reforço para a guarda reluzente e o resto deles se mantém na sombra, caso algo saia do controle. Ela só pode agir sob minhas ordens.

- Sim senhora.

- Aliás, qualquer ataque só pode ser feito sob minhas ordens. Eu terei uma boa visão do inimigo se aproximando daqui.

- Certo. Mais alguma coisa?

- Depois que tudo isso acabar, você terá a sua guarda, como eu prometi.

- Conversamos sobre isso depois da vitoria, minha rainha. - Ele sorriu para mim e se virou para sair do quarto, quando pareceu se lembrar de algo e retornou. - Amber, tem o direito de não me responder nada, mas, por que deixou o Sub comandante Nevra?

- Todos sabem?

- Não senhora. Apenas eu, Deidra e Octavia. Apenas estou preocupado.

- Ele tinha muito mais a perder comigo. - Foi o que me limitei a responder.

- Certo. - Ele me olhou de uma maneira estranha e se retirou.

Suspirei fundo mais uma vez, é o que mais tenho feito esses dias, respiro fundo e sigo. Ao que parece, a noite de hoje será longa e intensa, como há muito tempo não acontece. Escondi em meu armário duas espadas e em baixo da cama meu arco, como sempre.
Sai do quarto em busca de Octavia, percebi que preparei todos do reino para o ataque, menos a mim mesma. Há muito tempo não treino, acho que parei desde a morte de meu irmão.

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