𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 2

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Abro meus olhos e a luz do dia me cega.

Tento me acostumar com a claridade.

Olho em volta, encaro um espelho onde eu, quer dizer, tinha que ser eu. Eu... Eu estou ferrada. Tento descer da cama enorme tentando me acostumar com meu novo corpo mas a cama era grande demais. Vou andando pela cama até me aproximar do espelho e encaro a raposa que eu virei.

EU ERA UMA RAPOSA!

Olho cada detalhe meu, meu rabo, meus olhos. Tudo.

Eu estava entrando em desespero.

Percebi que havia uma faixa no meu braço... quer dizer, pata. Era mais fácil ela ter me matado - penso comigo mesma.

A porta é aberta me assustando e me fazendo voltar para onde eu estava e me encolhi.

- Olá, raposinha!

Sinto uma sensação de déjà vu ao encará-lo. Ele era grande, quer dizer... eu que era pequena, talvez seja isso.

Seus cabelos são longos e vermelhos como folhas das árvores no outono. Sua pele é bronzeada e usava trajes em tons de verde e amarelo queimado.

Mas acho que fiquei muito tempo encarando sua cicatriz, onde imagino que deve ter doido quando foi lhe arrancado o próprio olho. Um olho dourado que parece ser ouro, substituí o lugar. Ela brilha quando o sol reflete na mesma. Até que ele finalmente fala:

- Trouxe comida.

Ele deixou em cima da cama uma bandeja cheia de comida e que tinha um cheiro delicioso.

Eu encarei a bandeja receosa e encarei ele me afastando mais.

- Não precisa ter medo. Confie em mim e pode ter certeza que não iria perder meu tempo colocando veneno na comida.

O ruivo diz e eu rosnei para ele. Como assim eu sei rosnar?

- Pode ter certeza, raposinha, não iria ganhar nada fazendo isso. Alias, sou o Lucien.

"Eu sou Lua. E como vim parar aqui?"

Lucien franziu o cenho.

- É... Eu não consigo te entender. Desculpe.

Se antes eu estava ferrada agora eu estava na merda.

Como eu não imaginei, eu sou uma raposa, como ele iria entender o que uma raposa diz.

Apenas agora que vi suas orelhas pontudas. Ele era algum tipo de fada caolha?

Acho que ele percebeu minha cara de confusão, pois falou:

- Não se preocupe, nós iremos resolver isso. Agora coma pois está fraca e precisa se alimentar.

O que ele quer dizer com nós?

Avancei indo até a bandeja lentamente e comi um pedaço de algo que não sabia o que era mas era salgado e delicioso, comecei a comer rápido, só agora percebi que estava com fome.

- Eu disse para comer a comida não o prato. - o ruivo comentou e eu o ignorei.

Mas enquanto comia vinha mais perguntas na minha cabeça.

Onde estava? Por que estava aqui? Como vim parar nesse quarto? É como essa comida consegue ser tão boa?

Assim que terminei ele estava me encarando boquiaberto.

- Percebeu que comeu isso em poucos minutos? - ele aponta para a bandeja agora vazia.

"Você disse para que eu comesse, então eu comi."

- Está bem... Venha preciso te levar até Rhys, ele vai saber o que fazer.

"Quem é Rhys?"

Ele se afasta virando as costas e indo até a porta enquanto continuo no mesmo lugar.

-Pode vir! - ele diz me chamando com a mão.

Por acaso ele acha que eu sou um cachorro?

Olho para baixo e confirmo pela terceira vez, essa cama é mais alta que o normal. Encaro Lucien pedindo ajuda.

- Não consegue descer? - digo "não" balançando a cabeça - Vamos logo com isso.

Ele bufa e vem até mim. Me pega com cuidado e me coloca em seu colo. As mãos dele são grandes e com calos, acho que ele deve treinar muito.

Saímos do quarto e olho cada detalhe de cada corredor. Ouço vozes altas e uma risada de fundo até descemos alguns lances de escadas e dar de cara com uma sala cheia. É algum tipo de festa que eu não estou sabendo?

- Ela acordou.

Lucien diz chamando a atenção de todos que me encaram nos braços dele. Rapidamente todos vem para cima de mim.

- Ela é tão fofinha! - diz uma loira de vestido vermelho. Ela é muito bonita.

- Qual será o nome dela? - uma de olhos azuis e cabelos castanhos claro pergunta. Ela também é linda.

- Será que podemos adotá-la? - o de cabelos negros na altura do ombro pergunta. Ele veste roupas estranhas e suas asas eram enormes que pareciam de um morcego.

- E como ela veio parar aqui? - o de cabelos pretos mas curtos também pergunta, e usando essa roupa estranha também e com as mesmas asas. Mas havia... sombras ao seu redor.

- Vocês estão assustando ela, desse jeito. - diz uma voz longe.

Um homem alto que de olhos violetas mas que parecem azuis entra na sala com uma mulher de pele verde e cabelos brancos. Ela é alta e magra, muito magra, mas não parece doente ou com fome. Veste um vestido branco com cinto de couro marrom.

Não percebi que estava tremendo até Lucien acariciar meu pelo e lançando um meio sorriso de conforto.

- Essa é Phauna. Ela consegue falar com animais e vai saber o que aconteceu.

Amém! Finalmente vou poder perguntar como vim parar aqui.

Ela se aproxima com um sorriso simpático, ela parece ser gentil.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora