𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 15

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Eu não dormi muito. Logo acordei assim que bateram na porta.

- Com licença. - diz uma voz rouca entrar.

Ela vestia um vestido longo e reto, era amarelo com detalhes em branco. Em seu cabelo um coque que contrastava com seu rosto marcado de pele dourada como amêndoas. Ela era linda.

Segurava uma bandeja de ouro com comida fresca.

- Bom dia, senhorita. - diz ela.

- Bom dia.

Digo com dificuldade na voz e me sentei na cama.

- Quem é você? - perguntei enquanto ela colocava a bandeja em cima da minha cama.

- Meu nome é Estela. E meu grão-senhor pediu para que eu cuidasse de você. - ela foi até a janela abrindo as grandes cortinas brancas.

O quarto era em tons de bege e branco e em dourado. E algumas decorações eu podia jurar que eram feitas de ouro. A decoração me lembrava Vyridian, era como se estivesse em meu quarto só que esse era muito, muito maior que o meu quarto de antes.

Comi metade da comida e Estela me ajudou no banho e me vestiu - mesmo eu insistindo que não precisava de ajuda. Ela trançou meu cabelo e colocou alguns adornos nele. Me olhei no espelho. O vestido era dourado, com fendas nas laterais da minha perna, ele destaca ainda mais minha magreza que só agora percebi que estava em um caso crítico. A trança estava jogada em cima do meu ombro fino.

Estela me guiou até fora do quarto.

O lugar era lindo com os mesmos tons de cor do meu quarto. Era tudo muito elegante e refinado. O aroma do ar era limpo e as janelas eram enormes que iam do teto ao chão. Paramos em frente em uma porta dupla que logo foi aberta sozinha sem sequer encostar-se nela.

Era um escritório.

Em pé estava Helion olhando a paisagem pela grande janela, parecia que o mesmo estava me esperando. Sem se virar falou:

- Pode sair, Estela. Quero conversar a sós com ela. - diz ele.

Ela acenou e fechou a porta logo atrás dela. Mal tive tempo em falar com ela.

- Como está? - perguntou.

- Vou estar bem quando me explicar o porquê disso tudo. - digo cruzando os braços.

- Você é bem brava para uma humana, não acha?! - diz se virando com um sorriso de rosto. - Venha, tenho que te mostrar uma coisa.

Ele foi até uma porta no canto da sala e a abriu, olhou para mim fazendo um convite para que eu entrasse.

Segui ele.

Logo desço alguns lances de escada com Helion atrás de mim. O lugar não era muito apertado, as paredes eram de pedra e um pouco escuro. Para iluminar melhor o lugar, Helion fez uma esfera de luz surgir que nos guiou até acabar as escadas.

A esfera flutuou até o centro e sua luz se espalhou pelo local.

Havia um mapa enorme na parede, várias prateleiras de livros, um globo enorme de ouro em um canto junto com grandes pergaminhos, uma mesa com uma cadeira e uma bagunça em cima dela.

Olhei para tudo confusa por ele ter me trazido aqui.

- Vou te contar uma história curta, para que possa entender claramente. Aqui era o lugar em que meu pai ficava grande parte do dia quando eu era pequeno. Ele descobriu que havia outra corte em Prythian antes de morrer, uma corte que havia sido mantida por anos escondida com medo das guerras, medo de perder o seu povo. - ele andou até o mapa e eu fui atrás.

Cada ponto estava nomeado, as cortes, as terras humanas, Hybern e fora do continente.

- E aqui está a Corte Lunar.

Ele disse e tocou no mapa. Como aquarela no papel se desenhou uma ilha próxima a Corte Diurna e Crepuscular. E lá estava ela, a Corte Lunar, uma ilha grande maior que a Corte Estival. Admito que até agora não estava entendendo.

- Como ele descobriu isso? - perguntei.

- Há uma profecia que foi transformada em canção conforme o passar dos anos. Ele percebeu que havia alguma coisa errada e resolveu pesquisar. Até que foi parar aqui, e encontrou aqueles pergaminhos. - ele acenou para onde elas estavam. - Neles contavam uma história, uma profecia.

Ele pegou um pergaminho e me entregou. Olhei meio desconfiada mas abri aquele papel e passei a ler.

"Após uma visão do Lorde da Corte Lunar, ele com medo e receio escondeu sua corte de todos. Sem se reunir com os outros Lordes, se camuflou no mar, se afundou, trazendo uma péssima imagem para o mesmo. Mas eles voltariam, assim que a estrela caísse e os salvassem!"

Parecia ser um tipo de diário em forma de pergaminho. Olhei para Helion com os olhos arregalados.

- Mas isso não quer dizer nada. Pode significar outra coisa. - digo fechando o pergaminho e entregando para ele.

- Eu também achei isso quando li, mas até ver isso.

Helion andou e parou em frente a uma parede, pousou sua mão grande na pedra gelada. E a parede se abriu. Helion deu espaço para que eu entrasse. Quando entrei quase caí para trás.

Havia uma escultura de mármore branco, a mulher que estava nele tinha o meu rosto. Tinha exatamente minhas características. Algumas partes estavam desgastadas e pouco sujas com algas e terra.

- Quando Rhys me contou sobre você, foi quando eu associei tudo. Tudo estava igual, eu apenas tinha que ver você. E quando te vi acabando com o Az foi quando percebi. Você é a resposta das minhas perguntas, você Lua - senti ele se aproximar. - é a Estrela da Corte Lunar.

Eu não estava acreditando. Aquela escultura era minha, era o meu rosto. Apenas pintaram um quadro meu apenas uma vez, mas foi em Vyridian. O que uma escultura minha estava fazendo aqui?

- O que mais fala nos pergaminhos? - perguntei mesmo não conseguindo olhar para ele.

Helion me trouxe mais dois pergaminhos.

No segundo dizia.

"Não siga em frente, se afunde que os vagalumes te levaram ao seu destino."

Se afunde? Vagalumes? Mas que merda é essa?

Era obviamente uma charada. Abri o terceiro pergaminho. Ele estava em branco, não havia nada.

- Por que esse está em branco? - perguntei mais pra mim mesma.

- Eu não faço ideia. Também me pergunto isso, pensei que talvez você... saberia.

- Eu não entendo. - me viro e o encaro. - Por que eu?

- Às vezes o destino apenas nos escolhe, não temos muito o que fazer.

- Então tudo que aconteceu comigo em Vyridian, foi pra no final eu estar aqui? Para salvar uma corte que o Grão-Senhor teve uma crise e simplesmente resolveu escondê-la de todos? E agora eu tenho que salvá-los?! Por que ele simplesmente não volta saindo do seu esconderijo? - quase gritei.

Quando percebi, Helion estava sentindo algo parecido com receio e havia recuado. Olhei para os meus braços e eles estavam brilhando.

- Desculpa. - digo tentando me acalmar e as tatuagens pararam de brilhar.

- Lua, eu não tenho a resposta para essas suas perguntas.

- Onde encontraram isso? - perguntei apontando para trás.

- Foi depois da guerra. Ela estava alojada na minha praia.

Era muita coisa para pensar. Eu era a tal estrela. Então aquela desgraçada que arruinou a minha vida sabia disso? Merda eu estava ficando sem ar, minhas mãos tremiam e sentia meu peito queimar.

- Lua... - Helion parece encarar o nada com o cenho franzido como se tivesse lendo algo no ar. - Lucien está aqui, e quer te ver.

Merda!

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𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora