𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮 𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻 • acotar

𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 25

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𝐿𝓊𝒶

A competição havia começado. Era muito emocionante observar de longe os animais passando por aqueles obstáculos onde alguns até se moviam para dificultar o percurso.

No início foi tranquilo até chegar no final da partida. O cavaleiro que eu havia postado iria lutar com o cavaleiro loiro exibido e todos foram para o parapeito olhar melhor.

E foi daí que resolvi colocar o plano em prática.

Acenei com o olhar para Estela que logo ocupou um lugar ao lado de Lucien que não percebeu pois estava concentrado na luta.

Era agora!

Sai e cruzei alguns corredores tomando cuidado se havia alguém por perto. Quando estava o suficientemente longe das arquibancadas e havia voltado para o salão olhei para o bracelete que passou a brilhar e com um puxão me guiou até um corredor aleatório.

Foi assim até um longo tempo. Eu sendo puxada pelo bracelete e olhando em volta. Até que passou a puxar mais forte e presumi que estava mais perto da biblioteca. Foi quando vi duas sentinelas fazendo guarda onde o bracelete estava me levando e por sorte consegui virar o corredor próximo para que não me vissem.

- Se saíssemos apenas para ver quem ganha. Acha que o nosso Grão-senhor nos punirá?

- Não inventa. Temos que ficar aqui. - diz o outro já cansado de ficar em pé.

- Apenas cinco minutos. - insistiu.

Ouvi o outro suspirar e eu sentia ele com vontade de ir ver a competição.

- Está bem. Apenas cinco minutos. E depois voltamos

E os dois saíram com passos largos indo para um corredor do outro lado.

No mesmo momento saí das sombras e fui em direção à porta. Tentei abrir mas na mesma hora levei um choque e me afastei de imediato e a porta brilhou. Reparei que minha tatuagem fez o mesmo com o choque. Eu tinha que atravessar. Fui até a parede com tinta azul escuro e passei minha mão por ela e rapidamente atravessei. Desse lado encarei vários lances de escadas que levavam para baixo em forma de espiral. Resmunguei vendo que levaria um bom tempo mas continuei descendo as benditas escadas.

Até encarar outra porta. Mesmo com receio toquei nela mas ela não me deu um choque mas estava trancada. Essa seria a segunda vez atravessando e já me senti cansada.

Dessa vez encarei várias prateleiras brancas que iam até o teto e eram muito largas. Os livros ocupavam cada espaço delas. Era um labirinto de livros. E provavelmente iria demorar até achar o que eu queria. 

𝐿𝓊𝒸𝒾𝑒𝓃

Merda!

O cavaleiro loiro era realmente muito bom e estava me deixando nervoso pois ele tinha grandes possibilidades de acabar com a minha aposta.

Apostei uma boa quantia de dinheiro nele apenas para que Lua se sentisse animada de novo. Ela pareceu triste ao se lembrar de algo do passado, então pensei em animá-la. Aliás estava sentindo falta da sua presença. Estela havia dito que ela foi ao banheiro e que era coisa de fêmea.

Confesso que fiquei preocupado, ela poderia ter me avisado, talvez eu pudesse ajudar. Mas agora estou aqui esperando o desempate da competição.

- Tem certeza que Lua está bem? - perguntei tentando não parecer preocupado demais.

Estela estava do meu lado e comendo algo em um pequeno saquinho.

- Lucien, não acha que se preocupa demais com ela? - lançou.

- O que quer dizer com isso? - pergunto me virando para ela.

- Quero dizer que para uma simples amiga se preocupa demais com a Lua. Que de longe até parece um... casal. E é claro que não são, não é? - ela me encarou com a sobrancelha erguida.

Espera... parecíamos um casal?

- Não. Claro que não. - respondi rapidamente e ela deu de ombros e voltou a atenção para o campo.

Somos amigos, apenas isso, não é?

Merda, nem mesmo eu sabia a resposta. Eu me sentia bem com ela, era mais fácil ser eu mesmo com ela. Mas não era só isso e eu sabia. Passei a reorganizar tudo na minha cabeça.

Me senti incomodado do jeito que Tarquin falou com ela, do jeito que olhou para ela. Eu poderia socá-lo apenas por isso. Por que ele tinha que beijar a mão dela? Ele sequer a conhece.

Quando voltei da Corte Primaveril fiquei alarmado quando a vi tremer e seus olhos lacrimejando. E por algum motivo senti um aperto no peito quando a vi daquele jeito, não queria que houve dor em seu peito mesmo sabendo que isso é uma coisa natural, porém não queria que ela se sentisse assim. Mas ela foi a única que me ouviu e me entendeu sem ao menos me julgar, me olhar torto ou me rejeitar como muitos fizeram durante anos. Fiquei dias pensando sobre o que ela me disse e concluí que ela tinha razão, não deveria me afundar por alguém que quer se afundar.

Quando ela sumiu na Corte Outonal eu fiquei desesperado e um medo me consumiu de cogitar a ideia de ter a perdido ou ter acontecido algo com a mesma. Mas não fiquei com raiva dela ter bebido, mas aliviado dela estar bem e sorrindo mesmo estando bêbada. Naquele dia ela me fez sentir leveza depois de muito tempo, me arrancou um sorriso sem ser forçado ou conveniente, um sorriso simples e inocente.

E seu humor podia facilmente mudar o meu, podia estar com raiva ou ansioso mas Lua conseguia mudar. Lua poderia não concordar mas ela era a fêmea mais linda que já vi não só a aparência, que por sinal era realmente coisa de outro mundo, um tipo de obra de arte humana. Mas também seu interior. Eu me encantava com sua personalidade, sua força e a maneira como ela encarava as situações, aquilo me surpreendia.

Quando Rhys havia me dito que Helion havia levado ela, uma raiva consumiu todo meu corpo sem que eu pudesse controlar. E no caminho tive o desprazer de encontrar Estela. Não sei como Lua gosta dela sinceramente. Estela é mandona e odeia qualquer coisa que eu faça ou diga mesmo ela não dizendo a Lua diretamente.

Aconteceu alguma coisa diferente?

E havia. Eu havia encontrado Lua, a pessoa que o caldeirão escolheu para se alinhar comigo.

Tudo fazia sentido e passou a se encaixar. O puxão que senti quando ela chegou em Prythian, os sentimentos à flor da pele quando se referiam à ela, o motivo de eu não me sentir incomodado de ver Elain longe conversando com outro alguém e meus sentimentos por ela simplesmente sumiram como se fossemos apenas conhecidos mas com um passado.

Lua era minha parceira.

Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, quer dizer aconteceu. Minhas mãos suavam, meu coração estava acelerado e a respiração totalmente escassa. Saio atordoado e me sentei longe dos outros.

Não sabia como deveria me sentir. Afinal a parceria também acontecia com um feérico e humano mas nunca vi nenhum caso que deu certo. Nenhum casal sequer de espécies diferentes aceitaram o laço.

E se Lua não me aceitasse? E se ela não sentisse o mesmo? Não era impossível de acontecer. Aconteceu uma vez e não queria que acontecesse novamente, na primeira vez já havia doído o suficiente. Eu gosto dela, até demais para alguém que acabei de conhecer. Não quero que ela se afaste e que novamente eu me sinta sozinho.

Gosto de sua companhia, de ouvi-la, de ver como ela se anima com alguma coisa e não quero perder isso. Não quero perdê-la e faria tudo para que isso não acontecesse.

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