𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 38

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

E então ela encheu a banheira que tinha um formato perfeitamente circular. Me despi e entrei na água enquanto ela procurava alguns produtos no armário próximo do banheiro. Enquanto isso, Pompom resolveu se deitar perto da janela que dava para uma varanda. Os vagalumes estavam rondando o banheiro.

- Então, - começou Frygga. - você é de outro mundo, certo? - eu assenti. - Como veio parar aqui?

E assim começou minha manhã, relembrando novamente tudo que eu vivi nos últimos anos. Não queria dizer todos os detalhes, porém Frygga queria saber tudo, ela era bastante curiosa. Mas tentei ao máximo desviar a atenção dela.

Admito que cada vez em que eu me lembro do que aconteceu meu coração se aperta formando uma dor insuportável. Mas preciso suportar essa dor.

- Lua, eu não poderia te dizer que deveria voltar ao seu mundo, porque se isso acontecesse a Corte Lunar ainda estaria debaixo do mar. Mas você não pensa nem um pouco em voltar?

- Não. Como eu disse, Vyridian está destruída. Não tem motivo para que eu volte. - digo sem encarar seus olhos.

- Entendi. - diz sincera.

Passamos um tempo em silêncio enquanto ela passava o óleo em meus ombros.

- Frygga me responda uma coisa. - me virei para encará-la. - Por que não gosta de Cronos? - fui direta.

Eu precisava saber. Se ele estiver escondendo algo, quero estar ciente disto.

Frygga estava incomodada mas decidiu me responder depois de suspirar.

- O nosso Grão-Senhor, tinha bondade e se importava conosco. Com o seu povo. Ele era leal a nós. - ela estava falando do antigo Grão-Senhor, pai de Cronos. - Mas Cronos não se encaixa no papel de Grão-Senhor.

- Por que acha isso?

- Porque... - suspirou. - Se eu continuar falando, minha ação vai ser considerada uma traição.

- Não será uma traição se eu perguntei.

- Melhor não, senhora Lua.

Ela tinha receio em me contar. Mas por quê?

Tem muita coisa que passava na minha cabeça, mas nenhuma delas faz total sentido. Aparentemente vou ter que observar mais Cronos de perto.

Assim que o banho terminou, Frygga foi até um dos armários pegar uma toalha. Me levantei nua sentindo a água escorrer por cada canto do meu corpo, foi quando Frygga se virou e encarou minhas cicatrizes. Ela emitiu um som de espanto e deixou o pano cair.

Senti meu estômago revirar.

- Lua... - ela mantinha a mão sobre a boca.

- Não vamos falar sobre isso. - aperto minhas mãos em punho.

- Mas, elas...

- Por favor... - implorei. - Não vamos falar sobre isso.

Ela engoliu em seco e mesmo assustada e com várias dúvidas na sua cabeça, Frygga pegou a toalha e me enrolou em volta.

Falar sobre as cicatrizes ou ao menos encará-las era como se todos os momentos em que cada uma delas apareceram acontecessem de novo, a sensação é a mesma. A sensação de nojo voltava.

Tento colocar na minha cabeça que estou segura, que ninguém vai poder me tocar daquele jeito de novo, mas... eu simplesmente não consigo.

(...)

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora