𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮 𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻 • acotar

𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 14

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𝐿𝓊𝒶

Assim que senti o chão em meus pés, olhei em volta. Não sabia exatamente em qual Corte estava exatamente. Não consegui decifrar o aroma mas não era ruim.

Ele me colocou cuidadosamente na cama do quarto em que estávamos.

Seu olhar era estranho e seus sentimentos estavam a mil. Mas estava exausta demais para tentar descobrir quais eram exatamente os sentimentos.

- Quem é você? - pergunto.

- Me chamo Helion e você está na minha Corte, a Diurna.

- E o que você quer de mim? Não iria me trazer até aqui apenas por simpatia. - ele riu.

- Você é esperta. Mas quando descansar irei responder suas perguntas, agora descanse.

Então ele saiu do quarto e me deixou sozinha.

𝐿𝓊𝒸𝒾𝑒𝓃

Nessa última noite não consegui dormir. Uma dor de cabeça me impediu até mesmo de fechar os olhos.

Hoje foram minhas últimas horas no apartamento.

Ele era confortável, com móveis de madeira quase em um tom de vermelho. Não era grande mas era aconchegante. Entreguei as chaves ao comprador e logo me vi andando pelas ruas olhando o movimento.

Iria até a casa de Feyre, sabia que a esta hora ela estava acordada. Pensava em me despedir brevemente sem muita cerimônia. Também pensava em falar com Lua e saber como ela estava.

Até que a caminho de lá eu vejo Elain com sacolas de compras. Estavam pesadas e uma delas acabou caindo espalhando as frutas no chão. Fui até ela.

Ela se agachou para pegar e logo levantou o olhar para mim que estava juntando as frutas.

- Não precisa. - disse ela.

A ignorei e continuei juntando as frutas na sacola em silêncio.

Então ela desistiu de protestar e parou de tentar pegar as frutas de mim. Assim que terminei me levantei e a ajudei com as sacolas. Até que ela diz algo que nunca tinha dito para mim.

- Obrigada.

Tentei não parecer surpreso.

Em silêncio começamos a caminhar até a casa de Feyre que não estava muito longe.

Mas me perguntava uma coisa. Por que eu não sentia mais Elain? Não sinto mais aquele laço, quando ela precisa de ajuda, quando dorme. Isso era estranho porque antes eu sentia. Pensei em falar com Rhys sobre isso.

- Feyre disse que vai se mudar. - Elain olhou para mim, para os meus olhos.

- Sim. - confirmei. - Hoje entreguei as chaves ao comprador.

- E para onde pretende ir?

- Para as terras humanas, no sudeste.

Ela me olhou com surpresa e depois desviou do olhar olhando para frente, porque já estávamos na porta da casa.

Elain abriu e entrei mesmo pensando que ela me expulsaria depois. Fomos na cozinha e coloquei as sacolas em cima de uma bancada.

- E... onde está Feyre? Preciso falar com ela. - não a vi na sala, por isso perguntei.

- Deve estar no jardim de trás. - disse.

Maneio a cabeça e comecei a andar para fora da cozinha.

- Lucien. - me viro para ela. - Boa sorte na sua nova jornada.

Ela sorriu. Essa foi a primeira vez em que ela havia sorrido pra mim.

Mas algo era estranho, eu não sentia nada. O coração acelerado, as mãos suando, nada.

Acenei com a cabeça com um sorriso sincero e fui até o jardim.

Sentados em uma cadeira de madeira em frente a uma árvore, estava Feyre e Rhys. Eles estavam conversando, mas logo pararam quando perceberam minha presença. Feyre levantou as sobrancelhas e veio em minha direção. Ainda não acreditava que ela estava grávida e que até agora não percebeu.

- Vim me despedir. - digo com meio sorriso.

- Já está indo? Pensei que fosse ficar mais tempo aqui.

- Tenho que ir Feyre...

- Então, boa sorte. - ela me abraçou e eu retribui. - Espero que não se esqueça de nós.

- É difícil esquecer da humana analfabeta. - segurei o riso e ela se afastou e passou a me encarar.

- Vou sentir sua falta, Lucien.

Ela dizia com uma tristeza na voz.

- Também vou sentir, Feyre.

- Parem porque daqui a pouco vou chorar com o drama de vocês. - disse Rhys fingindo emoção.

Feyre fez um gesto vulgar para ele que riu alto.

- E Lua? Ainda não a vi, preciso falar com ela.

Vi o rosto de Feyre mudar. Não consegui distinguir qual era sua expressão mas não era de felicidade.

- Aconteceu uma coisa. - ela diz.

Pedi uma explicação e ela me contou tudo que havia acontecido ontem. Eu escutava com atenção. Rhys também contou algumas partes quando se aproximou.

- Feyre... - ela me interrompeu.

- Eu sei que eu não devia ter insistido mas... - respirou fundo. - Tínhamos que saber mais sobre ela, sobre porquê os móveis simplesmente passaram a flutuar de madrugada. Ou porquê Rhys não pode passar pela barreira. - seus olhos estavam lacrimejando. - Ou porquê ela me colocou em uma barreira.

Feyre passou a chorar e Rhys com um semblante preocupado com a parceira a abraçou e ela chorou mais ainda.

- Eu não preciso de abraços! - exclamou contra o peito do Rhys.

- Eu sei. - Rhys acariciava suas costas.

Olhei para Rhys e ele estava mais confuso do que eu com a reação dela. Eles ainda não sabiam sobre a gravidez. Mas aparentemente isso era apenas reação dos hormônios.

- E onde está a Lua?

- Na Corte Diurna. - respondeu Rhys, franzi o cenho.

- Por que Helion levou ela? - perguntei.

Rhys não me respondeu muito menos Feyre.

Sem dizer mais nada virei as costas e saí.

Eu iria até lá, e descobriria porque demônios Helion queria com ela.

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