𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 10

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𝐿𝓊𝒶

GATILHO: ABUSO SEXUAL (ESTUPRO)

Tudo estava silencioso na casa.

As janelas abertas deixavam o vento forte entrar assim fazendo as cortinas brancas dançarem. Estava apenas de camisola e andava descalça pelo corredor. Até que começo a ouvir uma canção. Eu conhecia aquela voz.

Fui até um dos quartos e abri a porta.

Vi minha mãe de costas para mim perto da janela. Ela segurava algo em seus braços que eu não podia ver.

- Mãe?

Ela parou de cantar e se virou para mim. Naquele momento meu estômago se revirou. Sua garganta estava cortada e jorrava sangue. Em seus braços estava a cabeça de meu pai, seu sangue escorre pelo vestido de minha mãe. Não percebi que havia uma poça de sangue no cômodo. Meus pés estão molhados com aquele liquido.

Eles olharam para mim.

- Corra! - disseram com uma voz estranha.

Começo a ouvir um assovio. Eu conhecia aquele maldito assovio.

- Corra! - repetiram.

Eu comecei a correr sem olhar para trás. Aquele medo de antes passou a correr em minhas veias e meu coração acelerado era possível ouvi-lo.

Passava por cada corredor e aquele assovio parecia estar mais perto assim como seus passos pesados. Sai pelas portas da casa e encarei a neve cintilar com o brilho da lua. Meus pés manchados com sangue faziam as pegadas ficarem em destaque. Eu corria o mais rápido que conseguia até tropeçar em uma pedra e cair. Levantei o olhar e não estava mais fora da casa, mas em uma cela.

Me levantei e reconheci aquele lugar.

- Senti saudades, meu bem.

Meu corpo tremeu.

Olhei para trás e vi ele. Aquele sorriso horrível com os dentes amarelos. Suas mãos grandes e nojentas afiando uma adaga.

Dei passos para trás até sentir aquela parede fria em minhas costas.

- Ir embora sem se despedir é muita falta de educação de sua parte, princesa. - ele me encarava.

Eu odiava aquela voz.

Tateei a parede e busquei meu poder. Mas não havia nada, nenhuma gota. Eu estava imponente de novo.

- Por favor... - disse como um sussurro tentando segurar o soluço.

- Prometo que vou ser delicado como sempre.

Ele anda calmamente até mim. Corro até a porta e tento abri-la mas é inútil.

Suas mãos me agarraram e começo a me debater mas era inútil.

- Selvagem como sempre. - sussurra com a voz abafada contra o meu cabelo. - Sempre gostei desse seu lado.

- Me solta! - me debatia enquanto ele me levava até um canto da cela.

Eu chorava e gritava.

Tentei buscar de novo o meu poder e nada, não havia nada.

Eu lutava, o arranhava, mas era como se ele fosse de pedra, nem sequer reagiu. Ele me jogou contra a parede e minha cabeça latejou com o impacto. Cai de joelhos.

De repente a porta é aberta mas não era minha salvação mas meu pesadelo piorando.

Dois homens entraram com um sorriso e cheiro forte de álcool.

- Não. Não. - repetia chorando.

Eles andaram até mim.

- Eu vou adorar rasgar sua linda camisola, princesa. - diz um deles.

Eu tentei me levantar mas aquelas mãos do primeiro homem me agarraram de novo me jogando na cama dura me prendendo nela. Os outros passavam as mãos em meu corpo e eu chorava mais alto. Eu clamava por ajuda mas sabia que seria em vão. Eles arrancaram minha camisola e começaram a ficar excitados com o meu desespero.

Até que olhei para o lado e vi minha mãe de novo, com um semblante frio e sem sentimento algum como se não se importasse com o que estava vendo.

- Acorde. Você precisa acordar.

Eu acordei por um impulso.

Os objetos do quarto estavam flutuando. As tatuagens brilhavam como estrelas.

Estava tremendo e suando, meu rosto estava molhado mas por lágrimas e suor. Algo em meu peito passou a doer e voltei a chorar. Encolhi meu corpo aproximando os joelhos do meu rosto, uma tentativa falha de abafar o choro. Não queria acordar ninguém pois ainda estava de noite. Mas assim que os objetos caíram eles fizeram um barulho alto acabando com o meu plano de não fazer barulho.

Eu sentia ainda aquelas mãos em mim, aquele medo toda vez que chegava uma certa hora da noite. Bjorn assobiava toda vez que chegava no corredor de minha cela. Uma forma de me atormentar.

Lembro da primeira vez em que aconteceu. O sangue que escorria em minhas pernas, meu corpo dolorido, com marcas roxas e com a voz rouca. Passei dias na cama suja, sem conseguir levantar.

Bjorn apenas usava a adaga para me manter parada. Mas nunca o obedecia. No final acabava com cortes fundos que demoravam para cicatrizar. Ele não ia várias vezes no mês, as vezes passava seis meses sem eu sequer vê-lo. Mas teve uma vez que ele levou amigos seus e foi ali que eu voltei as tentativas de fugir.

Quando acabou, eu havia pegado a adaga de Bjorn sem o mesmo perceber. Esperei alguns dias passarem para cicatrizar os cortes e me sentir bem... ao menos para conseguir ficar em pé sem olhar para o meu corpo.

Quando um dos guardas passavam eu os chamei, falei que havia uma cobra na cela. O que não era impossível de acontecer, aquela cela era imunda, seu cheiro me dava náuseas no início. O guarda entrou e o atingi por trás furando seu pescoço. Antes de correr lembro de seu corpo caído e agonizando com a dor.

Foi isso que Rhys havia visto. Ele viu quando os três saíram da cela com um sorriso no rosto enquanto eu estava encolhida na cama. Ele me viu nua e o sangue na cama. Mas por algum motivo ele não viu tudo, não viu como aconteceu, mas era óbvio o que havia acontecido apenas com aquela cena.

Eu me sentia envergonhada e suja. Mesmo esfregando o corpo toda vez no banho. Minha virgindade foi tirada de mim e as cicatrizes me lembram disso toda vez em que eu as encaro.

Eu só queria esquecer, tentar parar aquela dor, esquecer aquelas mãos mas era impossível...

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𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora