𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 18

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒸𝒾𝑒𝓃

Pensei em chamá-la para entrar, esperei ela entrar, mas ela apenas sorriu - queria que eu fosse sozinho. Entrei e de cara vi minha mãe na cama, sentada e olhando a vista da janela, aquele olhar estava morto. Mas quando aqueles olhos avermelhados se encontraram com os meus e logo se encheram de lágrimas. Ela se levantou da cama e veio na minha direção e na mesma hora me alertei. 

- Mãe você não pode... - ela me abraçou.

Ela me abraçou forte e eu fiquei sem reação.

- Filho... - disse entre lágrimas em consequência a abracei também. Admito que também estava com saudades dela. - Não sabe o quanto senti saudades. - ela se afastou e começou a me avaliar deslizando seus dedos que estavam mais finos que o costume pelo meu rosto. - E como está? Está comendo direito? Parece tão magro, filho.

- Mãe eu estou bem. - segurei suas mãos. - Está tudo bem.

Mas ela não estava, o conjunto de olheiras, lábios secos e clavícula marcada a entregavam. 

- E como está? - perguntei enquanto nos sentávamos na cama de frente com o outro. Ela não soltou minha mão em nenhum momento.

- Bem. - suspirou.

Ela passou a mão em minha bochecha e acariciou com o polegar com ternura avaliando a cicatriz feita anos atrás. Seus olhos estavam tristes apesar do sorriso forçado.

- Quem é ela? - ela havia escutado Lua no corredor e agora estava sentindo seu cheiro em mim.

- Uma amiga.

- Só uma amiga? - arqueou a sobrancelha e eu confirmei. Logo vi seu desapontamento. - Meu filho, não acha que deveria já ter se casado.

- Mãe! - e lá estava o assunto que ela sempre tocava quando estávamos a sós. Já perdi a conta do quando ouvi essa frase.

- Eu quero te ver feliz, Luci. - ela me chamava assim quando eu era criança. - Feliz com alguém ao seu lado e...

Respirei fundo. Ela não sabia, então esse era o momento de contar.

- Mãe eu tenho uma parceira. - digo por fim.

- Que bom! - ela apertou a minha mão.

- Mas ela não me aceitou. - digo em um tom mais desanimado.

- Sinto muito. - ela apertou mais a minha mão. - Sinto muito por não estar ao seu lado, era meu dever como mãe e...

- Isso não é sua culpa. Simplesmente aconteceu. Eu sabia que os parceiros podiam recusar o laço, mas não achei que fosse acontecer comigo. Quando finalmente achei ela, pensei que tudo ia ficar bem, que eu iria conhecer a felicidade que aquela dor do passado iria sumir. Mas ela só piorou, mãe. Exatamente tudo.

Nunca tinha contado isso a alguém e nunca tinha sequer dito em voz alta.

- Mas algo mudou. Eu não sinto mais ela. - era isso que me deixava mais atordoado durantes os últimos meses. - Quando a parceria é negada, ainda sentimos a sensação e é por isso que a maioria dos machos enlouquece. Portanto, comigo não acontece nada. Chegou um dia que nunca mais senti ela, simples assim.

Ela olhava para mim como se estivesse pensando.

- Aconteceu alguma coisa diferente? - perguntou com o cenho franzido.

- Como assim?

- Qualquer coisa que ache que não foi nada e que ignorou?

- Chega no ponto final, mãe.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora