𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮 𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻 • acotar

𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 27

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𝐿𝓊𝒸𝒾𝑒𝓃

Assim que Estela atravessou eu fiz o mesmo. Ignorando totalmente todos daquela sala apenas segui o puxão. Atravessei e prendi a respiração de imediato pois estava debaixo d'água. A água era fria e não tinha vestígio de ar. Havia lamparinas acesas em forma de conchas na parede. Olhei em volta e não via nada mas até olhar para baixo.

Seu corpo boiava e os cabelos flutuavam dançando em seu rosto no mesmo ritmo que o vestido. O mesmo sentimento da vez que vi ela com a coluna quebrada me atingiu de maneira mais forte ainda. Fui até ela e a puxei para mim assim. Atravessamos.

Chegamos encharcados e molhando o chão. Mas o que importava era Lua.

Quando dei por mim estava pressionando seu peito repetidas vezes, mas ela não reagia. E o sentimento de desespero passou a me consumir. Depois colei nossos lábios soltando ar para facilitar a entrada de ar, mas nada, nenhuma reação. Continuei a pressionar várias vezes seu peito sem parar.

- Vamos Lua! Reaja... - digo com a voz embargada.

Não percebi que de longe estava Estela e Helion olhando horrorizados. Não percebi que Estela tremia, mas pude ouvir seu soluço. Logo Helion havia se aproximado e passou a usar seu poder para ajudar mesmo eu não sabendo o que ele estava exatamente fazendo.

O sentimento de culpa me atingiu. Deveria estar lá com ela para o que quer que estivesse fazendo. Não consegui proteger minha parceira e agora corria o risco de perdê-la. Meus olhos passaram a lacrimejar, a água que escorria do meu cabelo caia nas bochechas de Lua e não conseguia ouvir o bater de seu coração.

- Lucien... - tentou dizer Helion.

- NÃO! - gritei.

Ela não iria morrer. Minha parceira não iria morrer.

Helion já havia parado de usar seu poder e eu continuava a fazer a massagem cardíaca nela.

Foi quando ela reagiu. Arregalou os olhos puxando o ar e passou a tossir. Virei seu corpo para o lado onde a mesma vomitou. Ela tremia e a cor de seu rosto estava voltando normalmente. Helion rapidamente usou sua luz onde pressionou em suas costas e ia se alastrando pela pele molhada.

Aquele desespero se esvaiu e soltei um longo suspiro de alívio. Ela estava bem, tentava repetir isso para mim mesmo. Foi quando Lua envolveu seus braços em meu pescoço apertado que senti o cheiro de seu medo e isso me quebrou por inteiro pois me provou que ela não estava bem.

- Desculpa... - sussurrou.

Aquilo me acertou como uma adaga em meu peito e minha garganta havia feito um nó, logo abracei sua lombar acariciando suas costas.

- Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. - digo contra seus cabelos molhados. Ela ainda estava tremendo.

- Não, não vai ficar.

- Por que? - me afastei segurando seu rosto. - Por que estava lá, Lua?

Estela se aproximou.

- Lucien, ela precisa descansar. Não sobrecarregue ela. - Estela segurou os ombros de Lua.

Ela ainda me encarava mas via que realmente estava exausta, precisava de repouso. Fiz um sinal para que ela fosse.

Ela abriu a boca mas não saiu nada, apenas levantou com ajuda de Estela. Lua deixava um rastro de água enquanto andava e antes de sumir por meio dos corredores ela olhou para trás, como se ainda tivesse algo para dizer mas mesmo assim não o fez.

Eu ainda estava sentado tentando absorver aqueles sentimentos.

- Tem certeza que está bem? - perguntou sério.

- Estou.

Eu fui grosso que fez ele levantar as sobrancelhas.

- Você sabe, não é? - questionei, me secando com o calor que emanava de mim.

Não foi preciso ele me responder apenas sua postura o entregou. E aquilo me fez apertar as mãos em punho.

- Sabia que ela podia morrer, Helion? Sabe o tamanho do risco que está colocando ela?

- Ela não é uma criança, ela sabe os riscos e seus limites, Lucien. - ele se levantou e fiz o mesmo.

- Riscos de quê? - ele não me respondeu. - Me responda, porque se isso custar a vida dela...

- Se Lua quiser te contar, saberá. Mas se não, abaixe o tom ao falar comigo, rapaz.

Ele respirou fundo e depois massageou as têmporas. E agora percebi suas olheiras fundas, como se não dormisse há dias.

- Ela precisa descansar. Espere ela te contar e não a pressione.

Dito isso ele voltou para a sua sala e fechou a porta. Aquilo estava me enchendo mas pude me controlar. Mas não sei até quando.

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