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𝐿𝓊𝒶
Jurian me contou tudo desde o início.
Sobre Amarantha e sua maldição sobre a Corte Primaveril, como Feyre salvou todos das mãos dela, sobre a obsessão de Tamlin em Feyre e logo depois Feyre e Rhys se tornando um casal. Sobre como Tamlin reagiu a parceria de Rhysand e Feyre, as irmãs de Feyre transformadas contra a vontade delas, sobre como a guerra se iniciou e como acabou.
Foi uma água fria na minha cara. Muita informação de uma vez.
Jurian também disse sobre o laço de parceria e como funcionava. Ele era um elo forte que unia dois indivíduos feéricos que o caldeirão escolhia.
Eu demorei pra raciocinar, minha cabeça estava uma bagunça. Mas eu não perguntei, apenas deixei que Jurian me contasse e eu apenas prestava atenção.
Mas tinha algumas coisas que eu não entendia. Por que Lucien continuava indo à Corte Primaveril? Por que ele esteve do lado de Tamlin quando as irmãs de Feyre foram transformadas?
Tinha furos que apenas Lucien poderia me responder e era isso que eu estava fazendo agora.
O relógio marcava meia noite e Lucien não havia voltado. Eu estava na sala inquieta. Às vezes andava de um lado para o outro, outras batia o pé repetidas vezes no chão e outras eu roía as unhas. A ansiedade de esperar estava me matando que mal consegui pregar os olhos. A mansão estava silenciosa e só era possível escutar os móveis rangendo e o som do vento passando pelas árvores. Vestida com uma camisola longa que uma das criadas de Vassa me ofereceu. Ela era de seda e solta em meu corpo.
Deu uma hora decidi voltar para o quarto, ele não iria voltar hoje. Mas até subir as escadas e escutar um barulho vindo do lado de fora no jardim. Voltei a descer as escadas depressa e fui até uma janela que dava vista para o jardim e minha garganta travou quando vi Lucien caído no chão.
Sem pensar muito atravessei a parede e corri até ele. Ele estava machucado.
- Lucien!
Havia cortes por seu rosto como se tivesse sido socado várias vezes. Olhei para seu estômago onde ele pressionava com o braço, quando afastei o braço mesmo ele recusando, eu fiquei sem palavras. Havia um corte não muito profundo mas muito sangue.
Sangue...
Desviei o olhar e passei seu braço por cima do meu ombro e o levantei com dificuldade.
Entramos na mansão, o coloquei com cuidado no sofá e rasguei seu casaco para ver melhor o ferimento. Fiz aparecer um balde de água morna e panos. Me ajoelhei e peguei um dos panos que havia molhado e encarei o ferimento. Eu travei, comecei a lembrar das pessoas mortas, do sangue por todo o jardim onde iria acontecer o casamento, do sangue dos meus pais, do sangue em minha cama quando...
Apenas reagi quando Lucien grunhiu de dor. Comecei a passar levemente sobre a pele o pano branco que logo ganhava uma cor de vermelho vibrante. Eu estava tremendo mas não parei, meus olhos ardiam mas não parei. Lucien estava ferido e ele precisava de cuidados. Não iria parar por uma coisa boba.
- Lua. - Lucien me chamou, mas ignorei e continuei a passar o pano no ferimento. - Lua!
Dessa vez ele segurou minha mão com calma me fazendo encará-lo. Eu segurava para não chorar, não queria chorar na frente dele.
- Está tudo bem.
- Não, não está! Você está sangrando! - eu encarei o ferimento.
- Eu posso me curar, lembra?
E realmente, o ferimento estava lentamente se fechando. Mas a mancha de sangue na pele ainda estava lá. Peguei outro pano limpo para limpar as manchas.
- Foi o Tamlin que fez isso? - perguntei.
Ele ficou em silêncio e de novo o senti tenso. Ele percebeu que eu já sabia boa parte da história.
- Quando Feyre e Rhys ficaram juntos, - começou cortando o silêncio. - Tamlin enlouqueceu. Passou a ser obcecado na ideia de ter Feyre de volta e fez de tudo para conseguir, mas como sabe, não deu certo. Quando Tamlin explodia eu era quem estava lá para receber os gritos e socos. Quando a corte passou a desmoronar aos poucos, eu estava lá para instruí-lo a fazer o melhor... - ele suspirou. - Mas ele nunca me escutou. Tentei ao máximo fazer ele parar, parar de machucar a Feyre, deixar ela livre, mas ele nunca me escutou, e quando eu tentava fazer algo ele explodia. Depois da guerra, a Corte Primaveril nunca mais foi a mesma.
- E por que continua indo lá? - o encarei. O ferimento já tinha se curado principalmente o do seu rosto, e eu já tinha limpado as manchas de sangue.
- Porque quando eu mais precisei era Tamlin que estava lá para lutar por mim. Quando tiraram toda a minha felicidade e não tinha para onde ir, foi Tamlin quem me acolheu. Quando me chamavam de bastardo pelas minhas costas e diziam que eu não era digno de qualquer coisa, foi o Tamlin que me deu o título de Emissário da Corte Primaveril. - eu sentia tristeza em suas palavras, remorso e culpa. - O Tamlin errou e eu nunca vou esquecer das coisas que ele fez ou perdoá-lo, mas...
- Quando precisavam, estavam lá um pelo outro de certa forma. - conclui.
Eu entendia ele, Lucien se sentia pagando uma dívida com Tamlin. Se sentia obrigado a pagá-la.
Me aproximei dele e olhei no fundo daquele olho de ouro que rangia a cada piscar.
- Uma vez, há muito tempo minha mãe me disse que existem pessoas que se afundam mas não escolhem ser ajudadas. E que mesmo sem ver, você vai querer ajudar e trazer a pessoa à superfície, mas as vezes deve se deixar afundar. Não devemos nos afundar para salvar alguém que não mereça nossa atenção, que não mereça salvação. - fiz um pausa. - Lucien o que eu quero dizer, é que não deve se sentir obrigado a salvá-lo, vocês podem ter sido grandes amigos no passado mas agora olha onde essa amizade o levou. Vale a pena se afundar por alguém que quer se afundar?
Lucien estava pensativo olhando para o nada. Respirei fundo e fiz as toalhas e a bacia de água desaparecerem, em troca fiz uma coberta aparecer. Ela era um pouco pesada mas o suficiente para proteger do frio.
- Sabe que eu controlo o fogo, não sabe? - ele encarou a coberta em minhas mãos.
- Não, eu não sei. - digo com voz de desdém.
Me levanto e o cubro até o quadril. Antes de sair o beijei, em cima da sobrancelha onde a cicatriz se iniciava, a cicatriz que Amarantha havia feito. Afastei e o senti mais calmo, mas estava cansado, ele precisava descansar.
Esperei por pequenos segundos caso ele me pedisse para ficar, mas ele não o fez. Então eu apenas subi para o quarto e me deitei.
Lucien não era obrigado a me ouvir mas ele quem tinha que decidir o que faria daqui pra frente.
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𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮 𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻 • acotar
FanfictionE se o laço da parceria pudesse ser rompido e se refazer novamente, só que com outra pessoa? Lua uma garota de outro mundo que acabou sendo literalmente jogada para Prythian, um mundo onde ela não conhece que é totalmente diferente do seu. Mas há se...