𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 31

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Lucien não me escutava, tentava dizer para ele parar, afinal Ramiel não tinha encostado em mim, eu estava bem até então, mas até que começou a briga.

Uma coisa sobre empatas: as pessoas à nossa volta dominam nossas dores e sentimentos. Quando estava com as crianças do orfanato eu fiquei feliz, animada e agitada por causa delas. Mas quando atacaram Vyridian, todos em desespero e as mortes... o que causou a pior dor da minha vida. A dor se espalha pelo corpo e para no peito e se concentra lá.

E era isso que eu estava sentindo agora. Dor e sentimentos.

Perdi as forças nas pernas e choquei os joelhos no chão. Pressionei a mão no peito na tentativa falha de interromper a dor. Foi quando ousei olhar para Lucien mesmo com os olhos embaçados.

Ele estava irado e não deixava Ramiel se defender em nenhum momento até que aconteceu algo estranho que não sei se ele percebeu. Uma aura de luz estava em sua volta e a mesma luz saiu de suas mãos como um raio em noite de tempestade.

Quando Lucien finalmente parou, Ramiel estava desacordado fazia um tempo e quando viu que Lucien ainda estava lá passou a se arrastar com dificuldade. Senti a raiva se formar de novo e eu sabia que ele iria matá-lo dessa vez e não podia permitir que ele fizesse isso. Não queria sentir o peso da morte novamente igual em Vyridian.

Ele demorou até me encarar e quando viu meu estado, sua expressão mudou. Lucien se sentia culpado por eu ter sentido tudo, mas eu não queria que ele se sentisse assim pois não era sua culpa.

Apenas queria sair dali e abraçar Lucien, ele não estava bem e eu também queria tirar sua angústia e agonia.

Quando atravessamos e abri os olhos, estávamos em uma praia, a brisa era calma e refrescante. Dava para ouvir as gaivotas e o som do mar quando se chocava com as rochas.

Ainda estava abraçada a Lucien pois ainda o sentia desconfortável pela situação anterior.

- Me desculpe... - ele diz e eu o encarei. - Me desculpe por isso. Não deveria ter acontecido aquilo com você lá. - ele me soltou.

Ele estava sendo sincero. Aproximei minhas mãos de seu rosto novamente para fazê-lo me encarar também.

- Não é sua culpa. Eu nasci assim não dá pra evitar.

- Mas eu poderia ter evitado que você sentisse dor. - ele segurou meus pulsos delicadamente como se tivesse medo de me quebrar. - Em vez disso eu apenas ignorei seus sentimentos e me importei apenas com os meus. - abaixou minhas mãos e deu um passo para trás.

- Lucien, deixar se permitir sentir seus próprios sentimentos não é errado. É natural que faça isso. Só não quero que se sinta culpado por algo que não teve culpa alguma.

Ele me encarou e engoliu em seco.

- Lua, não vai conseguir mudar o fato que meus sentimentos fizeram dor a você.

E eu realmente não conseguiria mudar sua opinião mesmo se eu me esforçasse.

- O que eles fizeram para você?

Era muito óbvio que seus irmãos e Beron haviam feito algo para ele. O que deixava mais evidente o fato dele não morar lá e as sentinelas surpresas ao ver o mesmo como se ele não pisasse lá à anos.

Agora sua mágoa havia voltado e ele se virou olhando para o sol radiante e o mar extenso e se sentou na areia branca.

- Há muito tempo atrás eu conheci uma fêmea e me apaixonei por ela. - sentia que aquilo estava sendo difícil para o mesmo contar. - Ela era divertida e astuta, nunca a vi abaixar a cabeça para ninguém, ela sempre correu atrás de seus sonhos e eu a admirava por isso, pois na época eu não era assim...- suspirou. - Ela não era uma Gra-Feérica, era uma feérica inferior que na época eram tratados como lixo, não tinham direito a nada. Tinha uma vida simples sem nenhum tipo de regalias e Beron desaprovou meu relacionamento com ela. Eu imediatamente disse que não iria me separar dela, confessei meu amor por ela e ainda acrescentei que me casaria com ela.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora