𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 37

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✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

𝐿𝓊𝒶

Estávamos no subterrâneo depois de passar por várias portas e descer lances de escadas. Estava a uma distância segura de Cronos e agora percebi mais suas características físicas. Ombros não muito largos, corpo não musculoso e cabelos bem longos, ele era alto mas não tanto quanto Cassian mais como Lucien. Seus cabelos cinzas me lembravam as rosas do jardim de Vyridian.

- Seus amigos realmente não gostam de mim. - ele quebrou o silêncio.

- E por que acha que eu não tenho a mesma opinião que eles?

- Não disse isso. Acho que você é inteligente o suficiente para saber de qual lado deve ficar. - ele me encarou por cima do ombro.

- E qual lado seria esse?

- O lado da verdade, é claro. - voltou a olhar para frente.

Isso eu iria descobrir qual seria a verdade. Se Cronos estava sendo verdadeiro ou não.

Paramos em um beco sem saída, só que a parede logo a frente era de pedra branca. Diferente das paredes ao lado.

- Vem, quero te mostrar uma coisa. - fui até ele e parei ao seu lado.

Ele pegou meu pulso e estendeu minha mão. Logo me esquivei de seu toque.

- Somente quem é um de nós consegue entrar. - bufou.

- Mas eu não sou feérica. - ele riu pelo nariz.

- Não é isso que faz ser uma de nós. A lua quem faz. - olhei confusa para ele. - Apenas coloque a mão na pedra que irá entender.

Olhei intercalando entre a parede e Cronos que parecia um pouco sem paciência comigo. Respirei fundo e minha mão entrou em contato com a parede gelada.

Ela passou a desenhar linhas tortas que brilhavam até atingir a parede inteira. Assim que fez isso, ela passou a se desmontar, abrindo então a parede.

O cômodo a frente a princípio me atingiu com a luz clara que tive que piscar algumas vezes para me acostumar com a claridade. Mas logo passei a escutar risos de crianças. Eu senti uma alegria imensa. Vi o que poderia ser considerado o paraíso, o lugar onde você vai depois que morre. Era lindo.

Almofadas espalhadas no chão. Uma linda árvore com galhos brancos e folhas de prata estava logo no meio daquilo. Vi aves planando calmamente pelo ar, vi quadros coloridos com a tinta prestes a secar e vi... crianças.

Elas eram diferentes. Sem cabelos curtos e com os olhos totalmente pretos como ônix. Seu corpo pequeno e magro, brilhavam como diamantes. Eram belíssimas e transmitiam algo muito diferente do que poder. Era amor e calmaria. Como se essa fosse uma visão de um futuro distante. De uma paz que talvez nunca fosse existir.

Eu estava paralisada, olhava maravilhada para a perfeição à minha frente. Até que uma delas veio na minha direção.

- Que bom que veio. Venha, tem que ver uma coisa.

Estendeu a sua mão pequena com dedos magros. Por algum motivo aquela criança não me dava medo nem receio, então estendi minha mão e ela segurou meu indicador me guiando. Olhei de relance para Cronos e ele estava escorado na parede com os braços cruzados e um sorriso pequeno no rosto, logo ele saiu e assim a parede branca se fechou. Minha concentração voltou para a criança, ela parou e me pediu para sentar em uma das almofadas aconchegantes.

Fiquei na sua altura e ela me lançou um sorriso sincero e meigo.

- Aceita um chá? - um bule e uma xícara estavam flutuando na nossa direção. - Ele vai ajudá-lo a recarregar seus poderes. - ela passou a me servir e depois me entregou a xícara.

𝓒𝓸𝓻𝓽𝓮  𝓛𝓾𝓷𝓪𝓻  • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora