Capítulo 5

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Não aconteceu, e seja lá o que quer que Douglas tenha feito, nos garantiu que o resultado do exame sairia em 24 horas.

Tentando garantir mais um tempo para mim, pedi que só retornasse quando o resultado fosse positivo. Argumentei de forma coerente para que ele entendesse que o melhor para Lucas seria dessa maneira, pois caso contrário quem sofreria era a criança. Ou ele manteria contato se o resultado desse negativo? Essa foi a pergunta incisiva que o fez concordar comigo.

Foi o espaço que precisava para não respirar com a corda no pescoço, e ainda assim, havia o carro preto parado na porta da minha casa, agora não tão em cima, mas não deixou de estar lá quando chegamos do nosso incrível passeio em família.

Meu bebê estava muito afoito com a nova amizade, e isso de certa maneira me preocupava, coração de mãe não se engana e o meu já me dizia que esse resultado seria positivo, e se realmente desse, tudo o que eu acreditei até aqui seria uma mentira, e eu era obrigada a admitir que fui feita de boba pela minha irmã mais nova, da qual eu não tenho contato e nem sei se passa bem.

A última vez que nos falamos, estava viajando por Ibiza, talvez ela esteja ludibriada com tudo que esse homem a esteja mostrando, que nem se preocupou se o filho estava bem ou não. Foi o que pensei na época, agora vejo quão burra eu fui em não perceber que ela nunca quis a gravidez e também não tinha coragem de abortar, só me usou para assumir a responsabilidade do seu problema e sair do Brasil, já que esse sempre foi o seu sonho: casar com um homem rico e ser bancada. Faz mais de quatro anos que não ouço a sua voz, não sei do que se passa em sua vida e se ainda mantém esse padrão. Agora também nem quero saber se ainda passa bem, pois meu instinto protetor me diz que tê-la por perto pode acarretar em mais problemas.

Era início de noite quando alguém bateu em minha porta, pensei ser a pessoa indesejada, mas para a minha surpresa era Anderson, com um pack de cerveja e uma sacola de lanches na outra.

Por causa do cheiro, meu sorriso foi o mais largo possível.

— Você é demais, garota. Olha só o que te deixa feliz? — disse, erguendo as duas sacolas.

Não precisava perguntar, mas ali havia o meu x-bacon com bastante cheddar e também os empanados de frango de Lucas, livre de qualquer tempero, porque ele se preocupa com o meu neném.

— Você é um caso sério, sabia?

Dei passagem para que ele pudesse entrar e fui para a cozinha pegar os pratos. Anderson já é de casa e aprecio a sua preocupação conosco. Ele sabe de todo o perrengue que já passei para estar onde estou, mas infelizmente algumas coisas eu mantenho em segredo para o seu próprio bem.

Contei para ele sobre a aparição repentina do pai de Lucas e ele me confessou sobre um cara que o questionou sobre meu filho.

— Ele apareceu há alguns dias aí, fazendo perguntas de você, do menino. Achei estranho, porque você é sempre toda fechadona, e eu sei do proceder do garoto, né?

— Hoje cedo ele esteve aqui, fomos a uma clínica fazer os exames e me disse que sairia rápido. Você o conhece, sabe quem é?

— Conheço um parceiro dele, sei que os caras trabalha com coisa aí, que é melhor tu nem ter ciência disso.

— Como que Raissa me engravida de gente como essa? Olha o que ela trouxe para a vida do meu filho?

— Tua irmã sempre foi irresponsável, e nem me impressiona ela ter te passado a perna pra dar fuga daqui. Tu foi muito burra, esses anos todos né, taí se privando por um vacilo dela.

— Lucas nunca foi um vacilo, Anderson. Meu filho é minha vida e nunca vai ser impedimento nenhum para mim.

— Não foi isso que quis dizer, neguinha, tu sempre foi essa pessoa foda aí que tu é, e com o coração bom, abraçou aquela vacilona, hoje passa vários perreco, podendolonge daqui, mas nãoporque se privou, pagando passagem e estadia pra aquela vacilona curtir a vida sem nem se preocupar com o menino.

Nem poderia retrucar, porque hoje sei que ele está certo. Usei de minha poupança para pagar a sua passagem e estadia por alguns meses, e tive que batalhar desde o início, novamente para me reerguer e não perder a vaga na faculdade. Sem contar também na correria que foi para que o meu filho fosse diagnosticado com essa alergia. Enfim, antes perderia meu tempo dizendo que ela era só uma menina, hoje reconheço o meu papel de trouxa nessa história.

Conversamos bastante ali no sofá e como sempre, Anderson se aproveitou dos meus momentos de distração para me beijar, isso sempre acontecia e eu nunca o impedia, porque querendo ou não, eu estava fragilizada com toda a carga que a vida exigia de mim. Nunca passamos de nada além disso, e sei também que é errado de minha parte alimentar essa sua esperança de que algum dia poderíamos ter algo, quando eu sei que é impossível.

Para finalizar a noite, assistimos o filme do Relâmpago Mc'Queen para a felicidade de Lucas, e Anderson, com as mesmas desculpas dos outros dias, dormiu em meu sofá.

Ele sempre reclama de que o mesmo é duro e que me dará um mais confortável de presente. A desculpa perfeita para se enfiar em minha cama, porém, quem quis dormir aqui foi ele, então a reclamação é toda sua.

— Boa noite, Mari.

— Boa noite, Anderson — respondi da minha porta.

Por segundos ele me encarou, eu fiz o mesmo, porque se não fossem as escolhas para a minha vida, ele seria a pessoa perfeita para estar comigo para sempre.

Rapidamente ele caminhou até onde eu estava parada e me agarrou, seus lábios me seduziram antes mesmo que o beijo fosse iniciado, e quando vi, estava com as pernas ao redor de sua cintura, sentindo o seu membro duro contra a minha intimidade.

— Anderson, não.

Consegui dizer, quando sua boca estava sugando meu pescoço e sua mão já estava por dentro do meu pijama segurando um dos meus seios.

— Sente o quanto eu te desejo, neguinha, eu sei que tu é virgem, tu sabe o quanto eu sou paradão na tua, custa nada deixar rolar. Tu sabe que eu não vou te machucar.

E quanto eu sabia, mas precisava reprimir os meus desejos, porque isso não poderia terminar bem. Para nenhum de nós dois.


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