Capítulo 45

1.7K 190 19
                                    

DOUGLAS


A firma estava forte, e não era só nós que sabia disso. Sucesso no último assalto, a separação estava acontecendo e logo geral ia receber o faz-me rir, fita de 6 milhões pra cada e ninguém poderia reclamar.

Porque aqui a inteligência tinha que reinar. Não era bandido de fazer assalto pequeno, sempre foquei no grande, me preparei para o grande, para mostrar pra esses filhos da puta que falaram pro meu pai que um preto não poderia vencer eles,mostrando que consigo. Tenta pegar?

Passei em dois escritórios que havia recebido ameaças. Estou ligado que é fita dada, alguém está querendo saber se o dinheiro está comigo. Esses covardes do caralho querem sequestrar alguém, para pegar no fácil o mesmo dinheiro que eles juram fazer a segurança, aí depois, para a sociedade, é só nós que é bandido.

Eu tenho os melhores do meu lado, e sempre ajo com inteligência, nunca dei nó sem saber desatar e nunca deixei rastro para poder ser pego, e o mesmo faço com meus parceiros, e meu tio percebeu isso. Eu disse que nunca me tornaria um bandido, nunca seria um irmão, mas o conceito estava lá, eu era sobrinho do cara, a mente cheia de ódio e doido pra avançar, quem segura?

Montei meu próprio esquema e dinheiro é o que não falta, epra nascer mandadão que vai conseguir me roubar.

A treta com meu tio é antiga, mesmo atrás das grades é ele quem comanda os irmãos aqui fora, tem uns que dá a voz, mas ele está lá de dentro seguindo na caminhada e sabendo que é só gestão inteligente para nunca recuar. No início, há anos atrás, ele chamou meu pai para fazer essas paradas erradas, só que meu coroa era trabalhador, homem de raça mesmo. Porém, essa sociedade filha da puta não deu a devida honra pro caráter dele. Meu coroa trabalhava de entregador, corria por essas ruas de São Paulo de bicicleta e um arrombado acusou ele de roubar um galão de água. Imagina aí, para um preto e pobre que sempre conquistou as coisas com honestidade ser acusado de roubo de um galão de água? Foi foda ver meu pai chegar em casa naquele dia. Meu tio, indignado, pesou na mente dele e o convenceu de participar de um assalto.

Primeira loja deu certo, segundo mercado, terceiro posto de gasolina, até que os planos começaram a ficar ambiciosos. Partiram para um carro forte. A partir daí foi o início do nosso pesadelo, ele foi instruído para atirar em quem entrasse na frente pra atrapalhar, então um dos guardas reagiu, o filho da puta sabendo que não conseguiria e que mesmo se conseguisse a empresa de merda não daria valor pro esforço dele, reagiu.

Fodido de merda!

Carrego esse ódio até hoje, e por esse ódio prometi a mim mesmo que faria o que meu pai não conseguiu fazer, montei meu esquema e não fui emocionado de ir no embalo só pelo dinheiro. Não dou um passo sem ser planejado.

Perambulei pelos locais onde ficavam meus escritórios, confirmando se estava tudo certo nos estabelecimentos de fachada e nisso, meu celular desligado. Não permito que nesses locais usem qualquer aparelho rastreável, justamente para nunca ser localizado. Nós é ladrão, não burro.

**********

Depois de muita dor de cabeça e algumas mudanças, decidi que era hora de voltar para casa. Um transito do caralho pra chegar na Vila Mariana, local que eu achei mais prudente colocar a minha mãe e minha mulher. Era bom para elas morarem próximas e também para eu conseguir fazer uma boa segurança.

Antes de entrar na garagem religuei o celular, esperei todas as mensagens chegarem enquanto estacionava. Lucas veio correndo na minha direção assim que desci do carro e fiquei mais surpreso ainda quando dona Adriana barraqueira veio junto e não Mariana.

— Ué?

— A mãe dele saiu aí e disse que já voltava, mas até agora nada.

Essa porralouca?

— Como assim Mariana saiu?

— Com as pernas, e acompanhada do Dudu.

Ao menos isso essa sem juízo fez de certo. Não estávamos livres da covardia desses abutres, e quando falo abutres, não falo de qualquer pessoa, falo dos civis ou até mesmo militares passa fome que querem tirar um por fora, eles sabem quem nós somos, assim como nós sabemos quem eles são. Cabe a cada um usar suas melhores armas para sobreviver e eu não tinha planos de ser pego por agora e nem nunca, parceiro.

— Vou ligar pra ela.

Peguei meu filho no colo e fui para a cozinha com ela, enquanto puxava o celular do bolso, várias mensagens, vários perreco para resolver. Ignorando tudo, fui direto nas mensagens dela.

"Fui me encontrar com o Anderson para conversarmos".

"Verifica a minha localização".

A mensagem seguinte era a localização em tempo real. Por curiosidade e sei lá, não diria ciúme, mas me incomodou ela ter ido se encontrar com o mano que é parado na dela.

— Pegou esse transito aí?

— Quê?

Estava ligadão na localização da Mariana, e inclusive percebi que ela estava próxima de onde eu acabei de passar. Se soubesse, pegava ela lá mesmo pra dar um perdido.

— O transito aí na avenida? Agoraexplicado.

Encarei a TV que ela assistia, enquanto colocava o suco na frente de Lucas. Estava lá em negrito, grandão: "Assassinato ou queima de arquivo? Casal é morto com muitos tiros nesta tarde em São Paulo". Tentei reconhecer o lugar e para o meu azar foi onde eu passei e se a minha sorte já não estava boa, era onde a localização de Mariana apontava.

Puta merda, que não seja isso. Não parceiro, não!


VIDA REALOnde histórias criam vida. Descubra agora