Capítulo 48

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DOUGLAS


Mariana era uma mulher forte, foda pra caralho e eu enxergava isso nela. Único defeito capaz de coibir essa mulher era o emocional, e uma pena ela não saber controlar ainda. Sim, ainda, porque agora estava comigo, e por enxergar esse grande defeito, eu mudaria essa situação.

Ela foi a mulher que eu escolhi, apesar dos pesares, e por entender seu potencial, eu a faria ser uma versão minha, só que feminina.

Quem me olha em qualquer lugar, pensa que sou um playboy que curte a vida e não pensa no futuro, mas quem ouve o meu vulgo sabe da história que ele traz.

Respeito, medo, imponência. E tudo isso... meu parceiro, não foi do nada.

Admito que quem meu tio é, me fez achar o caminho mais fácil, mas a minha fama eu mesmo construí. E essas porras não podem achar que vão mexer com os meus e que vai ficar por isso mesmo.

Quando descobri sobre o que Raissa pretendia fazer, a minha visão foi de sangue, aquela vadia quase me matou uma vez, não daria chance para o erro novamente, e quando soube que quase matou o meu filho, ah, parceiro. Sem comentários.

Sobre o Vampeta, foda-se, o cara desejava a minha mulher, foda-se o destino dele. Porém agora, olhando nos olhos de Mariana eu estou vendo a garota que ela sempre demonstrou ser capaz.

A mulher com determinação e sagacidade suficiente para destroçar quem vier contra.

Eu sabia o que estava acontecendo e não precisei de muito para descobrir que o fodido do Rocha desobedeceu a ordem do meu tio de deixar a mina em paz, porque agora ela era cunhada, isso porque eu já havia lhe comunicado. É minha, parceiro, e com quem é da família, nós não mexe.

Do carro mesmo liguei para minha mãe, ela precisava sair da cidade com meu filho. A coisa não iria ficar bonita, eu estava indo nadar em uma piscina de sangue e pelo andar da carruagem a minha mina também.

— Ele está bem, já jantou e agora estamos brincando.

— Beleza, vocês precisam sair da cidade, o negócio não vai ficar bonito a partir de agora.

— O que aconteceu?

— Problemas, dona Adriana, assuntos da família. A senhora precisa se proteger e proteger meu filho. Vai pro sítio do Rambo.

Ela acha que eu não sei, e eu prefiro que não me fale, até porque eu não sei se gostaria de ouvir que elade treta com um do meu bando. Respeito o Rambo porque o coroa é firmeza, vem de anos nessa caminhada, consideração e respeito ali tem de sobra, e saber quede rolo com a minha mãe é foda, parceiro. Tem certas coisas que é melhor se manter cego, mas eu sei que aquele velho vai cuidar do que no momento é mais importante para mim e me torna vulnerável.

— Estamos indo, e se cuida meu filho.

— Já sou grande demais, dona Adriana.

Desliguei o celular e abri o porta-luvas, depois de pegar uma Glock e deixar a outra para Mariana, joguei o celular desligado lá dentro e partimos para o nosso destino.

Ser bem recebido eu sabia que não seríamos, mas na cara, eles não teriam a coragem de peitar. Então precisava ser articulado.

Dito e feito, a minha mente já trabalhava com a possibilidade de o Rocha não estar na quebrada, então seria uma caça aos ratos. Ele sabe que fez merda, e agora eu iria cobrar. Na casa dele não estaria, então fui na casa da mulher, a que eu sei que ele não abandonaria nem se estivesse fodido.

A rua estava silenciosa, apenas as luzes dos postes, porém meus olhos sempre atentos viram as sombras dos homens parados estrategicamente.

— Isso é campo minado, espero que você saiba o que está fazendo.

— Eu sei o que estou fazendo.

— Olho nas costas – alertei.

Foi a única coisa que lhe disse quando paramos no portão de Dandara.

Depois de algumas porradas quem deu as caras foi o Junior.

— Ele não tá. Passou aqui mais cedo e disse que ia meter o pé.

Esse moleque era firmeza, ouvi histórias de que não gostava do pai pelo que fazia com a mãe, apesar de eu saber que nenhum dos dois era inocente, porque se ela não gostasse do tratamento recebido era só meter o pé, se bem que minha mente agora está me acusando, mas são histórias diferentes, jamais teria coragem de esfregar na cara da minha mulher várias amantes pela rua.

— Cadê a Dandara?

Se tem alguém que conhecia qualquer passo que o Rocha dava era essa mulher.

Ele ficou em silêncio.

O silêncio era a resposta que eu precisava. Olhei para o carro e vi Mariana descer arrumando a blusa.

Notei também os homens que estavam espalhado pela rua sair da escuridão.

Ignorei todos, e conduzi a minha mulher para dentro da casa, porque se ela quis participar, agora não tinha mais como voltar atrás.

Dandara estava sentada no sofá, as penas balançando, demonstrando seu nervosismo. Ela sabia que o marido fez merda, e não foi merda com qualquer um.

— Cadê ele?

— Não sei. Eu não sei, Mestre.

— Eu não sou idiota, Dandara. Abre o bico e nada te acontece.

— Ele só passou aqui, se despediu e disse que precisava se esconder por um tempo até as coisas se acalmarem.

— Onde ele está? Pra quem dizia que te amava, te deixar pra trás, tendo acabado de tentar matar a minha mulher, é muita covardia, não?

— Não, não é. Eu te conheço, tu me conhece, sabe que nunca me envolvi nas coisas do Rocha.

— Certo. Não vou fazer nada contigo por enquanto, mas um conselho: some! Some porque se eu não achar ele, vou ser obrigado a vir na tua direção e eu com raiva não enxergo quem é amigo ou não.

Depois de ver seus olhos se encherem de lágrimas, encarei Junior.

— Leva a tua mãe pra onde eu não consiga achar ela. Não gosto de mexer com família, mas se teu pai não entendeu isso, não sou eu que vou respeitar.

Sem esperar resposta, puxei Mariana dali. Eu precisava ser mais articulado que Rocha e analisar todas as opções, pelo fato de ter deixado segurança ao invés de tirar Dandara da favela. Isso me dizia que ele saiu correndo e fazia pouco tempo, ou seja ainda estava pelos arredores.

— Onde vamos achar ele? — perguntou assim que entramos no carro.

— Tu era boa no teu trabalho, né? É hora de botar pra rolo, vamos à caça, doutora.


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