JOE MALKIN
- Oh, meu Deus! - Kim luta para controlar uma risada alta sem espirrar bebida em todas as direções possíveis.
- Aconteceu exatamente assim. - Sorrio ao pegar minha própria cerveja para tomar um gole.
- Okay, agora é sério. - Dá alguns tapinhas no próprio peito e arranha a garganta tentando recuperar a voz - Como foi parar na liga profissional?
- Eu estava na faculdade indeciso sobre o meu futuro. Não sabia se seguiria para o draft da liga profissional ou se pegaria meu diploma e procuraria um emprego na área.
- Você é formado em que?
- Química. Pensei em conseguir um emprego na Indústria ou lecionar em alguma escola, mas mudei de ideia e não me via satisfeito se seguisse esse caminho. - Como uma batata frita antes de prosseguir - Eu era um garoto pobre, filho de um operário de máquinas e uma dona de casa, foi um milagre conseguir uma bolsa para jogar na faculdade. Vivi para o hóquei desde que me lembro e não me perdoaria se simplesmente abandonasse esse grande sonho por medo de tentar.
- De onde você é?
- Essa é a parte interessante. Quer tentar o chute?
- Você não tem sotaque como aquele outro cara... Smith, eu acho.
- Exato.
- Então você não é do sul?
- Não.
- Leste?
- Não.
- Eu sou péssima com adivinhações. Tenha compaixão de mim e conte.
- Sou de uma cidadezinha perto de Baltimore.
- Você é de Washington?! - Surpresa domina seu rosto. Kim pode não entender sobre o esporte, mas aparentemente não é tão alheia assim.
- Nascido e criado.
- O time de Washington não é inimigo mortal do Emperors?
- Sim, uma piada maldosa do destino.
- Nunca pensou em ir para o Capitals?
- No início eu pensava nessa possibilidade, mas então Philadelphia foi o único time a me dar oportunidade no draft e minha mente mudou. Quase não fui escolhido para a liga, praticamente todos os times de dispensaram e foquei em me tornar um dos melhores no que fazia.
- Philadelphia para Missoula é muito chão de distância.
- O Emperors fez uma oferta que eu não poderia recusar. Estudei muito a proposta e o time antes de tomar minha decisão, conversei com pessoas de confiança e percebi que tinha mais a contribuir para o Emperors que continuar na Philadelphia. Os Flyers são ótimos e me deram a grande oportunidade, mas eu sabia que uma hora eles encontrariam alguém que considerassem mais promissor e se livrariam de mim. Ser uma agente livre na liga profissional é perigoso porque os times não te dão tanta importância assim.
- Wow, você realmente pensou em tudo.
- Como eu disse, fui um garoto pobre do subúrbio. Aprendi cedo a ser responsável e fazer planejamentos. Os gastos de casa eram contabilizados até os centavos.
- Foi por isso que disse se identificar com Sean?
- Meus primeiros equipamentos eram caseiros. Pedaços de madeira que eu encontrasse em alguma construção eu levava para casa e o transformava em um taco, bolinhas eram meus discos e o gol era um amontoado de plástico amarrado com barbante.
- Vejo que você sempre foi muito esforçado.
- Não havia outra opção se eu quisesse jogar de verdade. Trabalhei um verão inteiro como entregador de jornal, cortador de grama, passeador de cachorro e tudo que um garoto de treze anos pudesse encontrar de contratação para juntar dinheiro. Meu primeiro kit de verdade foi o mais especial. Até hoje guardo meu primeiro taco, ele está pendurado como um quadro no corredor de casa.
- Mesmo? Eu não notei.
- Está partido ao meio, resultado de uma disputa pelo disco no meio de uma partida, mas ele é meu maior troféu.
Quando minha mente foge das lembranças e retorna para o presente, encontro Kim me olhando deslumbrada, com o cotovelo apoiado na mesa e o punho fechado servindo de encosto para o queixo. Um sorriso tímido aparece em seu rosto e me sinto tímido.
- Você parece bom demais para ser verdade, Joseph.
- O que quer dizer?
- Nada. - Balança a cabeça e noto como ela luta para segurar um sorriso. As maçãs de seu rosto ficam proeminente e avermelham um pouco, ela fica linda assim - Então você é formando em Química, hein? Nunca imaginei.
- É do tipo que acredita que os atletas são burros? - Tento soar ofendido - Pois saiba que é preciso ter um ótimo histórico para conseguir se manter no time.
- Não é como eu me lembro dos atletas da escola.
- Na faculdade é diferente e devo dizer que conciliar treinos, jogos e trabalhos era muito difícil.
- Por que química?
- Além de hóquei, química era a única disciplina que me interessava na escola. Pura lógica e faz sentido para mim. As reações acontecem por um motivo, nada é por acaso quando se trata de química. Sempre há uma explicação.
- Não consigo te imaginar como um químico, desculpe.
- Isso é por que você... - Aponto uma batata frita para ela em acusação - ... tem preconceito contra atletas. Somos muito inteligentes.
- Se você fosse meu professor de química na escola, eu certamente teria me dedicado um pouco mais.
- Então eu estaria interessado em minha aluna hipotética e teríamos um grande problema.
- Não tenho mais idade para estar na escola.
- E, pela matemática, eu não seria seu professor.
- Uma pena. - Dá de ombros.
- Está fantasiando comigo, senhorita Baldrick?
- Seria errado?
- Não. Longe de mim condenar a fantasia de uma senhorita.
- Professor de química... Soa interessante. Consigo te imaginar com uma roupa social e um óculos de grau quadradinho.
- Essa possibilidade não pode acontecer. Mantenha sua visão no atleta. É minha vida pelas próximas seis temporadas.
- Pretende trocar de time?
- Pretendo me aposentar. - Solto uma pequena risada ante a sua expressão de choque.
- Você não é muito novo para a aposentadoria?
- Com trinta? Ninguém consegue durar muito em um esporte de tanto contato. Hóquei sempre tem batidas e briga. Você está sempre em alta velocidade e se chocando contra alguma coisa, seja a parede de proteção ou outro jogador.
- Você teve algum problema de saúde por conta das pancadas?
- Felizmente não. Já me considero sortudo o suficiente por ter mantido meus dentes. Eu sei que você não assiste hóquei, mas se assistisse notaria a quantidade de jogadores que não se dão ao trabalho de repor os dentes perdidos.
- Por que não?
- Por que repor um dentes que pode ser arrancado outra vez? Se você está sempre brigando e batendo o rosto, não há implante que se mantenha.
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Apenas uma Chance - Os Jogadores #1
RomanceJoe Malkin viveu para o hóquei. Tudo em sua vida se resumiu ao jogo desde que ele consegue se lembrar, mas agora deseja mais. Como um dos astros na liga profissional, Malkin tem muitos fãs em suas costas, especialmente um garoto simpático que se mud...