Capítulo 17

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JOE MALKIN

Espero que Kim se afaste e me dê um tapa no rosto. Não que eu pudesse culpá-la se fizesse isso,eu praticamente a ataquei. Contudo, quando ela relaxa contra mim e se aconchega em meu peito me senti o filho da puta mais feliz do estado.

Kim fica na ponta dos pés para enlaçar meu pescoço com os braços e tento me curvar um pouco para facilitar. Solto seu rosto e agarro seus quadris. Estou louco para afundar minhas mãos em sua bunda, mas não posso acelerar demais agora. Estive - estrategicamente - deixando-a andar um pouco mais a frente para conseguir olhar seus quadris se movimentarem enquanto ela anda sem levantar suspeitas. Posso ser um filho da puta, ao menos sou um filho da puta feliz agora.

Uso minha língua para fazer um pedido silencioso de aprofundar o beijo, Kim cede e abre passagem sem protestar. Sinto seus dedos passarem por meus cabelos e acabo por ceder à tentação, subindo uma de minhas mãos por sua coluna para agarrar seus cabelos perto da nuca e dar um leve puxão enquanto uso minha outra mão para empurrar sua lombar e pressioná-la contra mim. É sujo e Kim merece mais que isso, mas também há esse impulso selvagem que quer mostrar a ela o efeito que ela tem sobre meu corpo.

Mordisco seu lábio antes de retomar o beijo. Sinto uma necessidade incompreensível por ela. Não sei explicar o motivo dessa atração, do desejo e das fantasias que tenho com ela. Também não entendo a razão de acontecer agora, dentre tantas pessoas nesse estado, mas inferno, estou certo que a quantidade de dopamina que Kimberly Baldrick libera em mim não é normal e eu me odiaria eternamente se não explorasse isso.

- Oh, wow. - Kim rompe o beijo para tomar ar. Seu rosto está avermelhado e não sei dizer se é pelo frio, pelo beijo ou por vergonha - Isso foi incrível. Obrigada.

- Obrigada? - Solto uma risada ofegante.

- Melhor primeiro beijo de todos. - Fala jogando os restos de seu sorvete no lixo.

Porra. Logo quando eu pensei que nada mais me surpreenderia. De repente é como se o mundo parasse de girar por um momento, as coisas a nossa volta perdem o foco e tudo o que consigo ver é Kim. Um pouco mais alta que a média, esguia e com uma bonita pele morena, longos cabelos castanhos, olhos escuros e lábios avermelhados pelo nosso beijo.

Essa bela mulher é linda, inteligente, madura, responsável e dedicada. Não há uma fodida chance nessa terra que ela não tenha sido ao menos beijada por alguém antes. Caralho, o que aconteceu com a população masculina que deixou essa bela mulher passar despercebida? Como ninguém tentou antes?

- Foi seu primeiro beijo?

- Eu sei, é estranho uma virgem de vinte e cinco. Quero dizer, estamos no século vinte e um, que mulher não tenta explorar a própria sexualidade e tudo mais? É só que... Sean é minha vida. Estive mais preocupada em nos manter do que namorar.

- Você é incrível. Não houve um pretendente?

- Não. Um ou outro tentava uma aproximação, mas quando descobria que eu tenho um filho perdia o interesse completamente. Não sei se você entenderá. Olhe só para você, todo alto, atlético, bonito e inteligente, deve ter tido muitas garotas, mas eu... De maneira geral os homens me olham como uma boa amiga, nunca um interesse amoroso.

- Impossível.

- Eu não mentiria para você assim, Joseph.

- Eu apenas estou surpreso.

- Estraguei tudo, não foi? Você é Joe Malkin, uma estrela da liga profissional de hóquei e eu sou a Kim. Uma garçonete de café que tem um irmãozinho para cuidar e pouco tempo para viver.

- Não, não é isso. Você é uma mulher jovem que foi obrigada a amadurecer mais cedo do que deveria, que se esforça muito para manter o irmão caçula e a si mesma. Estou surpreso por que não há chance no mundo em que um cara, hétero, possa te considerar apenas uma amiga. Você é deslumbrante, Kimberly.

- Não precisa tentar melhorar as coisas. Eu sou uma mulher crescida, Mal e sei o que eu vivi.

- Você merece mais que um cara excitado no meio do parque.

Sou um idiota. Deveria ter aproveitado a faculdade para conhecer mais sobre as mulheres, assim saberia ler quaisquer sinais que Kim tenha me dado antes de atacá-la. Eu chutaria a minha própria bunda se pudesse. Não foi essa a educação que meus pais me deram. Um arrepio percorre minha espinha ao imaginar como meu pai estaria puxando minhas orelhas neste momento sem me importar que eu seja mais jovem, mais em forma e mais alto que ele. Bom Deus.

Minha crise interna é interrompida quando ouço a risada de Kim. Retorno meu foco para ela, somente para encontrá-la curvada abraçando a própria barriga e limpando uma lágrima que escapava de seu olho de tanto rir.

- Não acho que já tive uma noite tão divertida. - Toma fôlego tentando recuperar a postura - Não precisa me tratar como uma donzela do século quinze só porque nunca troquei saliva com ninguém antes. Eu adorei seu beijo, foi uma ótima iniciação à vida romântica.

- Você merece algo especial.

- Eu não preciso de nada especial, Mal. A noite que tivemos foi incrível, tudo foi perfeito como deveria ser. Hambúrguer e batata frita foi melhor que qualquer restaurante chique em que eu me sentiria desconfortável. Essa caminhada no parque com direito a sorvete e beijo foi melhor que uma caminhada noturna na praia. Você fez esse primeiro encontro ser maravilhoso Joseph e nunca vou conseguir agradecer o suficiente.

- Bem, pode me agradecer me concedendo um segundo encontro.

- Sério? Não vai fugir para longe mesmo sabendo todos os problemas que vem junto comigo?

- Você não é um problema Kim, é uma sobrevivente. Seu irmão também não pode me assustar e se acha que sua história de vida vai me fazer correr, então cometeu um terrível engano. - Me aproximo dela, baixando meu rosto até nossas respirações se mesclarem - Eu estou mais interessado que nunca.

- E se você se arrepender?

- Não vou. - Ergo minha mão com a palma para frente - Palavra de escoteiro.

- Você foi um escoteiro?

- Não, mas um juramente de escoteiro parece mais confiável.

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