Capítulo 32

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JOE MALKIN

Kim sai do quarto em que colocou Sean para dormir e caminha até onde eu estou sentado no sofá. Não quis invadir o espaço dela. Para mim é lógico que ela não estava bem e a julgar pela maneira que estava calada quando a tirei do parque e a coloquei no carro ou pelo abraço apertado que deu em Sean quando fomos pegá-lo na casa da senhora Brown eu sabia que ela precisava de um momento sozinha com o irmão.

Ela continuou calada quando se sentou sobre suas pernas no sofá e deitou a cabeça em meu peito. Não quero forçá-la ou que se sinta coagida de alguma maneira, por isso escolho ficar de boca fechada e esperar por ela.

- Eu te amo também.

- Você me ama? - Tiro meus braços do encosto do sofá e a abraço.

- É impossível não te amar, Joseph Malkin.

- Bem, eu te amo também. - Sua risadinha ao escutar minha resposta me relaxa.

- Acho que estou desempregada.

- Você acha?

- Sim, Rudy não é a pessoa mais compreensível do mundo e nunca me aceitará de volta depois do que aconteceu hoje. Ele não se importará que um dia tive o desprazer de chamar aquele homem de pai ou se comoverá com tudo o que ele nos causou. Para Rudy eu agi de maneira imperdoável e destratei um cliente. Não precisa ser um gênio para saber que estou fora.

- Você gostava do seu trabalho.

- Não, mas pagava as contas e para mim isso bastava.

- O que você queria fazer?

- Não tenho ideia. Antes de tudo acontecer eu pensava seriamente em ser advogada, eu era uma daquelas jovens que planejava a vida inteira.

- O que te impede de cursar direito agora?

- Está brincando comigo? - Kim se afasta para me olhar - Não sei como pagarei o aluguel desse mês ou as contas, de onde eu tiraria dinheiro para fazer faculdade?

- Eu posso cuidar disso. - Dou de ombros - Você e Sean podem vir morar comigo e você não precisa trabalhar, pode voltar para a faculdade e cursar o que quiser. Se deseja direito, então será direito.

- Joseph, eu não tenho como pagar.

- Kimberly, eu vou cuidar disso. Não se preocupe com o financeiro.

- Não posso aceitar algo assim. É loucura.

- Você é minha namorada, eu te amo e você me ama, Sean já tem um quarto aqui e você agora tem a oportunidade para retomar seus estudos. Se não gostar dessa ideia e quiser seguir outro caminho, terá meu apoio da mesma forma. Podemos fazer isso dar certo.

- Não posso te explorar dessa maneira.

- Eu não estou sendo explorado. Minhas finanças são mais que suficiente para cuidar dos meus pais, de nós e de Sean sem nos preocuparmos. Você está me tirando da sua vida?

- É claro que não.

- E no futuro? Pensa em me ter fora da sua vida?

- Não.

- Então é isso. Não há mais nada a ser dito.

- Isso soa quase como uma proposta de casamento. - Kim ri ao encostar a cabeça em meu peito.

- Não é uma proposta de casamento ainda, mas faremos isso acontecer em breve. Por enquanto quero ter você e Sean aqui comigo.

- O que você está falando é muito sério, Mal.

- Eu sei. Quero que essa casa seja sua também. Quero que Sean fique com aquele quarto e quero você na nossa cama. Esse pode não ser o planejamento perfeito que você teve quando era mais nova, mas é um começo, não acha?

- Estamos juntos há pouco tempo.

- Isso não muda o que estou sentindo e para você?

- Também não, mas...

- Pare de se preocupar tanto, babe. Estou aqui para cuidar dos problemas, se lembra? Apenas me diga se aceita vir morar aqui com Sean e terei isso feito o mais rápido possível.

Kim se afasta novamente e me olha séria por um momento. Posso ver o conflito em seus olhos, a desconfiança de uma mulher que desde jovem precisou cuidar do mundo sozinha e nunca recebeu nada fácil. Não acho que Kim tenha noção do tamanho da minha admiração por ela. Sua força, determinação e esforço para manter Sean e ela mesma. Ela se sacrificou tanto que agora me sinto na responsabilidade de deixá-la viver tudo o que precisou abrir mão. Quero vê-la retomar os estudos, escolher uma carreira e correr atrás dos próprios sonhos sem medo algum porque sabe que Sean e eu estaremos aqui para apoiá-la no que escolher.

Me mantenho inexpressivo, permitindo que Kim encontre em meu rosto o que estiver procurando e sabia que é seguro me deixar entrar em sua vida. Eu não me importo com o tempo, se estamos juntos há poucas semanas ou dezenas de anos, quero o melhor para ela. Sempre.

- Eu aceito.

- Obrigado.

- Pelo que?

- Por confiar em mim.

- Sou eu quem tem muito para te agradecer, Joseph. - Kim se inclina para me dar um beijo casto  - Obrigada.

- Está se sentindo melhor? - Sua expressão apaixonada perde um pouco do brilho quando arrisco fazer a pergunta, mas somos um casal e temos que compartilhar as coisas um com o outro.

- Tenho uma questão ainda.

- O que seria?

- Ele disse que me procurou porque está morrendo. Ele nem pareceu se preocupar com Sean e isso me incomodou. Se ele estivesse saudável continuaria ignorando nossa existência? Isso soa tão errado para mim. Estou errada?

- Não posso dizer o que é certo ou errado nesse caso, babe. Só você sabe o quanto sofreu e tudo o que precisou sacrificar depois que ele abandonou vocês. Não quero te dizer o que fazer. É uma escolha sua e eu não quero influenciar sua decisão. Te apoiarei independente do que escolher.

- Mas eu preciso de uma luz. Estou tão confusa sobre isso.

- Você e Sean são um pacote, certo? Ele não pode apenas aparecer e querer falar com você sem considerar seu irmão. A única coisa que tenho a dizer é que você precisa pensar um pouco mais a frente. Um dia Sean pode perguntar sobre os pais e o que você dirá a ele?

- Engraçado. - Kim deita em meu peito - Sempre achei que as mães direcionavam suas forças e energias para os filhos e com os meus pais aprendi que essa não é uma verdade absoluta.

- Seus pais não foram os pais de Sean, você foi. É você quem repensou toda a sua vida para ter aquela criança. É você quem cuida dele e o conhece melhor que ninguém.  Você é a mãe de Sean.

- Nós somos um pacote.

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