Capítulo 24

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JOE MALKIN

Fecho a porta da geladeira no instante em que a campainha toca. Pelo horário, não precisa ser um gênio para saber quem está ali. Deixo minha garrafa de água no balcão e caminho até a entrada para Kim entrar. Ela está linda em seu tímido rabo de cavalo, o uniforme de garçonete a deixa fofa e ela está com a mesma blusa de frio simples de sempre.

- Olá! - Me saúda com um grande sorriso e se estica na ponta dos pés para me dar um beijo casto - Onde está Sean?

- Dormindo. - Fecho a porta e me apresso em ajudá-la com a bolsa e o casaco - Ele teve um treino longo hoje e podemos ter praticado um pouco mais quando ele chegou da escola.

- Mesmo? - Kim caminha até a sala olhando para os sofá em busca dele.

- Sim, o coloquei em um dos quartos da casa. Espero que não se importe.

- Ele foi muito trabalhoso?Crianças nessa idade ostentam energia.

- Nada a reclamar. Nós nos divertimos muito.

- Obrigada por ficar com ele. - Acaricia meu rosto - Vou levá-lo para casa.

- Ou podemos deixá-lo dormir e você pode aproveitar um tempo com o seu namorado. - Enlaço sua cintura e a puxo contra mim. Seus braços automaticamente circulam meu pescoço e ela tem um daqueles lindos sorrisos no rosto outra vez - Estive ansiosa para vê-la.

- Tem certeza que não é problema Sean ficar?

- Nenhum.

- Então eu adoraria ficar com meu namorado. - Kim solta uma pequena risada e me dá um beijo casto - Mas eu realmente preciso de um banho. Sinto que estou fedendo.

- Você está ótima.

- E você diz as coisas mais gentis, mas um banho é muito bem-vindo. Eu volto já.

- Tome banho aqui.

- Eu preciso buscar roupas de qualquer maneira.

- Ou pode vestir as minhas.

- Eu não acho que suas roupas caibam em mim. - Responde com a voz risonha e eu apenas dou de ombros.

- Posso encontrar uma blusa confortável para você usar para dormir. Amanhã de manhã eu a acompanho até em casa para pegarmos algumas roupas.

- Claro, por que eu moro muito longe, não é mesmo?

- Eu cuido da segurança da minha garota. - Dou-lhe outro beijo rápido.

- Eu aceito sua oferta.

Me obrigando a soltá-la, sigo até meu quarto e pego uma das minhas blusas de algodão para ela. Sei que ficará como um vestido, mas é confortável o suficiente para Kim dormir. Também pego uma toalha no armário e uma escova extra. Nunca se sabe quando um dos caras dormirá por aqui e eu sempre tenho escovas descartáveis.

Entrego tudo para ela e indico o banheiro. Enquanto Kim está no banho me apresso em preparar algo para comermos. Sean comeu uma omelete grande antes de apagar no sofá e eu não me preocupei realmente com comida.

Explorando a geladeira, peguei uma vasilha com pedaços de frango temperados e os coloquei na frigideira com um pouco de azeite. Costumo deixar opções de comida para a semana já cortadas e temperadas na geladeira. Chego dos treinos cansado e não gosto de cozinhar algo elaborado depois.

Eu ainda estava me movimentando pela cozinha, terminando a salada de batata quando Kim entrou. Minha camisa tem um tom mais fosco de vermelho e combinou perfeitamente com seu tom de pele naturalmente bronzeado.

- Cheira muito bem.

- Espero que esteja com fome. - Sirvo nossos pratos na ilha da cozinha - O que quer beber? Tenho refrigerante, suco, cerveja e vinho.

- Eu aceito o suco.

- Feito. - Sirvo dois copos de suco antes de me juntar a ela nos banco altos.  Kim corto uma parte do frango e comeu junto com a salada. Observei em silêncio enquanto ela fechava os olhos e soltava um gemido que me fez ter pensamentos nada adequados para o momento de refeição.

Eu podia vê-la fazendo essa mesma expressão enquanto a tomava por trás. Entrando lentamente para explorar seu calor. Eu preciso de paciência, é claro. Kim nunca dormiu com alguém antes e sei que preciso respeitar o tempo dela, mas foda-me, estou mais que disposto a mostrar toda a parte divertida de ser um casal.

- Mal? - Sua voz me puxa de volta para a realidade e só então percebo que estava olhando fixamente para a boca dela - Está tudo bem?

- Sim. - Minha voz soou mais rouca do que eu pretendia. Merda, estou parecendo um fodido adolescente. Arranho minha garganta tentando recuperar um pouco da minha dignidade - Estou perfeitamente bem. O que achou da comida?

- Está ótima. Não sabia que cozinhava tão bem.

- Digamos que o maior medo da minha mãe era que eu crescesse e passasse fome por não saber ligar um fogão. Aprendi uma coisa ou outra.

- Sua infância parece ter sido muito boa.

- Foi. - Lembro do meu próprio prato e começo a comer. O cheiro de baunilha que rodeia Kim não está ajudando na minha concentração agora - Não foi uma infância luxuosa. Na maioria das vezes estávamos com as finanças apertadas e sempre tínhamos que cortar alguma coisa dos gastos, mas foi uma boa infância a sua maneira.

- Como o hóquei entrou nisso?

- Meu pai era um grande fã do Capitals, eu assistia aos jogos com ele desde que me lembro. Foi natural, eu diria. Minhas brincadeiras sempre envolviam hóquei e como não tínhamos dinheiro para comprar os equipamentos eu construía com o que encontrava. Pedaços aleatórios de madeira viraram o gol e o stick, um pedaço de plástico virava o disco e assim eu continuava meus jogos.

- Você foi uma criança muito criativa. - Me presenteia com uma pequeno sorriso - Como conseguiu os equipamentos para jogar? Você contou que conseguiu uma bolsa para a faculdade.

- A maioria dos jogadores começam a infância, eu comecei na adolescência porque foi quando consegui juntar dinheiro suficiente para comprar meus equipamentos. Guardei todos os trocados que meus pais me davam, trabalhei depois da escola em algumas lojas da região, fui passeador de cães, cortei a grama dos vizinhos e guardei cada centavo do que consegui.

- Foi muita determinação da sua parte. Sempre aparece algo que nos faz querer gastar, principalmente na adolescência. Não se tem muita noção financeira nessa época.

- Verdade, mas eu tinha um foco e precisava trabalhar para conseguir. Meus pais ajudaram no que puderam, mas estávamos sempre endividados.

- Onde seus pais estão agora?

- Ainda em Baltimore. Me ofereci para comprar uma casa aqui ou em qualquer outro lugar que eles quisessem, mas os dois são ligados àquele lugar e eu respeito isso. Eles gostam de viver uma vida simples. - Dou-lhe um meio sorriso - Ao menos não estão mais endividados. Eu não sou rico, mas ganho o suficiente para lhes dar uma vida confortável.

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