KIM BALDRICK
- Estou de saída. - Malkin vem para trás da ilha da cozinha e me dá um beijo rápido nos lábios - Se precisar, me ligue.
- Não se preocupe. - Fico na ponta dos pés para beijá-lo novamente - Estou bem.
- Não custa ser prevenido.
- Bom treino.
- E você aproveite para relaxar hoje, tudo bem? Não precisa mais se preocupar.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
Com um último beijo, vejo Malkin caminhar para a saída da casa. Olho ao redor da casa, é tudo amplo, bem mobiliado e com uma decoração aconchegante. Eu nunca imaginaria que um jogador de hóquei - até pouco tempo solteiro - morasse aqui. Parece um ambiente familiar. Sorrio ao pensar em Sean correndo de um lado para o outro na casa. Consigo vê-lo como um adolescente caminhando por aí com seu equipamento de hóquei. Não sei o que fiz para tê-lo em minha vida, mas não estou deixando Malkin ir. Aquele grande urso roubou meu coração para ele.
- Bom dia, Kim! - Sean entra na sala coçando o olho e bocejando. Quem está na sala tem uma visão ampla para a cozinha e vice-versa.
- Bom dia, querido. - Ando até ele, dando-lhe um beijo nos cabelos.
- Não vai trabalhar? - Olha para para as minhas roupas com o cenho franzido.
- Não. Eu perdi meu emprego. - Acaricio seu rosto, forçando um sorriso tranquilo em meu rosto. Preciso ter sempre em mente que não estou sozinha agora, Malkin está aqui disposto a dividir o peso comigo - Não se preocupe com isso. Nós ficaremos bem.
- Você não parece bem.
- Bobagem. - Passo meu braço por seus ombros e o acompanho até a ilha da cozinha onde deixei seu café-da-manhã - Você precisa comer antes de ir para a escola.
- O cheiro está ótimo. - Ele se senta na banqueta e puxa o prato com ovos e bacon para perto de si.
- Eu gostaria de conversar uma coisa com você antes de ir para a escola, tudo bem? - Me sento na banqueta ao lado da sua. Uma rápida verificada no relógio da parede e sei que tenho um tempo considerável para conversar com ele.
- Sobre o que quer falar? - Sean pergunta despreocupado.
- Sean, você se lembra da mamãe?
- Não muito. Lembro dela deitada na cama sempre, ela quase nunca saía do quarto. - Dá de ombros, comendo uma grande garfada de ovos mexidos - Pelo menos eu acho que era ela.
- E você já perguntou sobre o papai?
- Ele morreu, não foi? - Toma um gole de suco. Espero ele engolir tudo antes de prosseguir. Não preciso que ele engasgue agora.
- Quem te disse que ele morreu?
- Ele nunca foi para casa e você nunca falou dele. - Dá de ombros novamente - Eu acho que ele morreu.
- Às vezes os adultos fazem coisas confusas, querido. As pessoas fazem coisas erradas e isso pode magoar.
- Então o papai fez alguma coisa muito errada que ele nem pôde voltar para casa?
- O papai e a mamãe não tiveram o felizes para sempre deles. A mamãe ficou doente, por isso nunca saía da cama e o papai encontrou uma mulher que o fez muito feliz. - O bolo de desconforto ameaçou fechar minha garganta, mas me obriguei a continuar. Melhor ter essa conversa agora que esperar mais alguns anos e tê-lo entendendo as coisas por demais - Ele foi morar muito, muito longe. Por isso nunca veio nos ver.
- Por que está falando sobre isso agora?
- Porque o papai está muito doente e pode acabar morrendo.
- Como a mamãe?
- Como a mamãe. - Acaricio seus cabelos, esse hábito desenvolvido com os anos me ajudar a acalmar minhas preocupações - Ele está na cidade e veio me procurar ontem. Ele quer conversar. O que você acha?
- Ele é um estranho. - Sean faz uma careta, como se a ideia de conversar com nosso pai fosse muito azeda para ele - Preciso gostar dele por que ele é nosso pai? Eu não o conheço.
Nem eu.
- Não precisa. Você não precisa falar com ele se não quiser. Não quero te forçar a fazer isso. Por que não pensa a respeito e quando voltar da escola você me responde?
- Você gosta dele, Kim?
- O que? Por que está perguntando isso, querido?
- A mamãe ficou doente por que o papai é feliz com outra mulher?
- Algo assim. Lembra que eu falei sobre os adultos fazerem coisas confusas? Esse é o tipo de problema que você só vai entender quando for mais velho.
- Eu não sei se gosto dele. Ele pode ter ido morar longe, mas as pessoas têm carro e também existe ônibus. Por que ele não veio visitar a gente? Nem no Natal ou no dia dos pais.
- É complicado, Sean.
- Ele sabia onde a gente estava. Ele sabe onde você trabalha. - Me calo porque não tenho uma resposta para isso. Já me sinto desconfortável o bastante - Você quer falar com ele, Kim?
- Eu já falei com ele. E você? você quer?
- Vai me deixar sozinho?
- Claro que não. Eu estarei lá com você.
- Mal vai com a gente?
- Mal? Não sei, querido. Mal está treinando muito. A temporada começará logo, você sabe.
- Eu só vou falar com o papai se você quiser falar também. Não quero conversar sozinho com alguém que eu não conheço.
- Tudo bem. Vou ver o que posso fazer então.
- Ele gosta de hóquei, Kim?
- Não. - Pelo que eu me lembre - Ele prefere futebol.
- Ah. - Sua voz soou tão desanimada que quase me arrancou um riso, considerando que ele está vestindo uma blusa de pijama que escrito "Eu amo Hóquei".
- Termine seu café-da-manhã e se arrume para ir a escola. Hoje é dia de treino, não é?
- O treinador disse que posso jogar no próximo jogo! Você estava estranha ontem e por isso eu não disse. Não é legal? Se eu jogar por alguns minutos eu vou tentar muito fazer um gol.
- E eu estarei lá para assistir. - Sorrio para ele - Estou muito orgulhosa de você, Sean. Você foi o meu maior presente.
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Apenas uma Chance - Os Jogadores #1
RomanceJoe Malkin viveu para o hóquei. Tudo em sua vida se resumiu ao jogo desde que ele consegue se lembrar, mas agora deseja mais. Como um dos astros na liga profissional, Malkin tem muitos fãs em suas costas, especialmente um garoto simpático que se mud...