Capítulo 33

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KIM BALDRICK

- Estou de saída. - Malkin vem para trás da ilha da cozinha e me dá um beijo rápido nos lábios - Se precisar, me ligue.

- Não se preocupe. - Fico na ponta dos pés para beijá-lo novamente - Estou bem.

- Não custa ser prevenido.

- Bom treino.

- E você aproveite para relaxar hoje, tudo bem? Não precisa mais se preocupar.

- Eu te amo.

- Eu também te amo.

Com um último beijo, vejo Malkin caminhar para a saída da casa. Olho ao redor da casa, é tudo amplo, bem mobiliado e com uma decoração aconchegante. Eu nunca imaginaria que um jogador de hóquei - até pouco tempo solteiro - morasse aqui. Parece um ambiente familiar. Sorrio ao pensar em Sean correndo de um lado para o outro na casa. Consigo vê-lo como um adolescente caminhando por aí com seu equipamento de hóquei. Não sei o que fiz para tê-lo em minha vida, mas não estou deixando Malkin ir. Aquele grande urso roubou meu coração para ele.

- Bom dia, Kim! - Sean entra na sala coçando o olho e bocejando. Quem está na sala tem uma visão ampla para a cozinha e vice-versa.

- Bom dia, querido. - Ando até ele, dando-lhe um beijo nos cabelos.

- Não vai trabalhar? - Olha para para as minhas roupas com o cenho franzido.

- Não. Eu perdi meu emprego. - Acaricio seu rosto, forçando um sorriso tranquilo em meu rosto. Preciso ter sempre em mente que não estou sozinha agora, Malkin está aqui disposto a dividir o peso comigo - Não se preocupe com isso. Nós ficaremos bem.

- Você não parece bem.

- Bobagem. - Passo meu braço por seus ombros e o acompanho até a ilha da cozinha onde deixei seu café-da-manhã - Você precisa comer antes de ir para a escola.

- O cheiro está ótimo. - Ele se senta na banqueta e puxa o prato com ovos e bacon para perto de si.

- Eu gostaria de conversar uma coisa com você antes de ir para a escola, tudo bem?  - Me sento na banqueta ao lado da sua. Uma rápida verificada no relógio da parede e sei que tenho um tempo considerável para conversar com ele.

- Sobre o que quer falar? - Sean pergunta despreocupado.

- Sean, você se lembra da mamãe?

- Não muito. Lembro dela deitada na cama sempre, ela quase nunca saía do quarto. - Dá de ombros, comendo uma grande garfada de ovos mexidos - Pelo menos eu acho que era ela.

- E você já perguntou sobre o papai?

- Ele morreu, não foi? - Toma um gole de suco. Espero ele engolir tudo antes de prosseguir. Não preciso que ele engasgue agora.

- Quem te disse que ele morreu?

- Ele nunca foi para casa e você nunca falou dele. - Dá de ombros novamente - Eu acho que ele morreu.

- Às vezes os adultos fazem coisas confusas, querido. As pessoas fazem coisas erradas e isso pode magoar.

- Então o papai fez alguma coisa muito errada que ele nem pôde voltar para casa?

- O papai e a mamãe não tiveram o felizes para sempre deles. A mamãe ficou doente, por isso nunca saía da cama e o papai encontrou uma mulher que o fez muito feliz. - O bolo de desconforto ameaçou fechar minha garganta, mas me obriguei a continuar. Melhor ter essa conversa agora que esperar mais alguns anos e tê-lo entendendo as coisas por demais - Ele foi morar muito, muito longe. Por isso nunca veio nos ver.

- Por que está falando sobre isso agora?

- Porque o papai está muito doente e pode acabar morrendo.

- Como a mamãe?

- Como a mamãe. - Acaricio seus cabelos, esse hábito desenvolvido com os anos me ajudar a acalmar minhas preocupações - Ele está na cidade e veio me procurar ontem. Ele quer conversar. O que você acha?

- Ele é um estranho. - Sean faz uma careta, como se a ideia de conversar com nosso pai fosse muito azeda para ele - Preciso gostar dele por que ele é nosso pai? Eu não o conheço.

Nem eu.

- Não precisa. Você não precisa falar com ele se não quiser. Não quero te forçar a fazer isso. Por que não pensa a respeito e quando voltar da escola você me responde?

- Você gosta dele, Kim?

- O que? Por que está perguntando isso, querido?

- A mamãe ficou doente por que o papai é feliz com outra mulher?

- Algo assim. Lembra que eu falei sobre os adultos fazerem coisas confusas? Esse é o tipo de problema que você só vai entender quando for mais velho.

- Eu não sei se gosto dele. Ele pode ter ido morar longe, mas as pessoas têm carro e também existe ônibus. Por que ele não veio visitar a gente? Nem no Natal ou no dia dos pais.

- É complicado, Sean.

- Ele sabia onde a gente estava. Ele sabe onde você trabalha. - Me calo porque não tenho uma resposta para isso. Já me sinto desconfortável o bastante - Você quer falar com ele, Kim?

- Eu já falei com ele. E você? você quer?

- Vai me deixar sozinho?

- Claro que não. Eu estarei lá com você.

- Mal vai com a gente?

- Mal? Não sei, querido. Mal está treinando muito. A temporada começará logo, você sabe.

- Eu só vou falar com o papai se você quiser falar também. Não quero conversar sozinho com alguém que eu não conheço.

- Tudo bem. Vou ver o que posso fazer então.

- Ele gosta de hóquei, Kim?

- Não. - Pelo que eu me lembre - Ele prefere futebol.

- Ah. - Sua voz soou tão desanimada que quase me arrancou um riso, considerando que ele está vestindo uma blusa de pijama que escrito "Eu amo Hóquei".

- Termine seu café-da-manhã e se arrume para ir a escola. Hoje é dia de treino, não é?

- O treinador disse que posso jogar no próximo jogo! Você estava estranha ontem e por isso eu não disse. Não é legal? Se eu jogar por alguns minutos eu vou tentar muito fazer um gol.

- E eu estarei lá para assistir. - Sorrio para ele - Estou muito orgulhosa de você, Sean. Você foi o meu maior presente.

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