Prólogo

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ELORA COOPER

Acordo na madrugada ouvindo um chorinho que sei bem de quem é, saio da cama cambaleando de sono por ter trabalhado até tarde vou até o quarto de minha filha, entro e encontro a razão de todo meu viver com rostinho banhado de lágrimas, dizendo que um bicho queria pegá-la.

Me aproximo dela e a acolho em meus braços colocando a cabecinha em meu ombro.

— Meu amor, calma, foi só um sonho ruim, não tem bicho, a mamãe está aqui com você.

Ela vai acalmando o choro

— Quer dormir com a mamãe?

— Quelo.

Levo ela para quarto comigo, deito com ela, deixo ela mamar um pouquinho e logo o sono a toma, coloco ela posicionada para dormir. Me pego olhando pra tamanha beleza e amor que eu sinto por um serzinho tão pequeno, mas que é toda a razão da minha vida, que é a luz da minha vida depois que o pai dela nos deixou, mas eu sei que em algum momento da vida, ele vai se arrepender de não ter confiado mim.

3 Anos antes....

— Eu estou tão feliz, Kate, vou contar para o Arthur que estou grávida.

— Elora, vocês foram muito rápidos, são apenas 6 meses de namoro e você já está grávida?

— Eu sei que foi rápido, usamos preservativo só algumas vezes, o contato pele com pele é mais gostoso, e mesmo eu tomando anticoncepcional, sei que não é um método seguro e aconteceu, mas estou muito, muito feliz mesmo com essa vidinha aqui dentro.

— E quando você pretende contar para ele?

— Hoje mesmo, vou preparar um jantar bem romântico para gente, já comprei o sapatinho para colocar na caixinha com teste e o exame de sangue, espero de verdade, que ele fique feliz em saber que vai ser pai.

— Elora meu amor, eu sei que você ama muito o Arthur, que esse bebê será muito amado, mas eu tenho medo pela mãe dele, aquela lá é uma cobra e das bem venenosas.

— Eu sei, Kate, ela me odeia. Diz que eu sou a ruína do filho dela, Arthur já discutiu algumas vezes com ela por minha causa, isso é desconfortante, ver eles brigando. Mas ela sempre vem com a mesma conversa, que eu não presto e que, segundo ela, eu só quero o dinheiro dele. Ela tem que entender que eu amo Arthur e ele a mim, e que eu não preciso de um centavo do dinheiro deles, pois temos o nosso, que dá para sustentar umas 3 gerações.

— Tá bom, eu estou indo para o plantão e nos vemos amanhã. Beijos, te amo.

— Ah, Kate, não conta para mamãe que estou grávida, quero fazer uma surpresa para ela, eu contei para você, porque você é minha irmã e melhor amiga.

— Não vou contar.

— Eu te ligo mais tarde, te amo, mana.

Mais tarde...

A campainha toca, vou até a porta achando que é meu amor, acho estranho, são 18:00hrs, ele me disse que chegaria às 19:30hrs. Guardo a caixinha com a surpresa na gaveta do criado mudo. Olho pelo olho mágico e vejo a cobra da minha sogra, o que ela faz aqui? Abro a porta...

— Boa noite, Elora, tudo bem?

— Boa noite, dona Luciana, tudo sim.

— Bem, Elora. Eu vim aqui para conversar, precisamos resolver todo esse conflito.

Eu acho tudo muito estranho, mas já que ela veio para conversar, vou ver o que ela tem a me dizer.

— Certo, sente-se. Aceita uma água, café ou suco?

— Aceito uma água.

Fui até a cozinha peguei a água para ela e um suco para mim e voltei para sala,

— Eu sei que começamos com pé esquerdo e vim aqui pra me desculpar com você por tudo que eu disse, eu sou um pouco... digamos que, obsessiva quando se trata dos meus filhos, quando tiver os seus, você irá me entender.

— É, eu acho que lhe compreendo.

Não acredito em nada que essa cobra está me dizendo.

— Quero que você participe de jantares em minha casa e frequente. Chiara vai gostar muito de ter você lá, ela está voltando de Londres.

Ouço meu celular tocar, está na cozinha, vou até lá para pegá-lo, vejo o nome do Arthur na tela.

— Oi, amor.

— Oi, princesa, eu liguei para dizer que vou atrasar um pouquinho pra sair daqui da empresa, mas daqui a pouco chego aí para te ver.

— Tá bom, amor, beijos.

Voltei para sala, tomei meu suco e continuamos a conversar, na verdade, eu queria que ela fosse embora logo, ela em minha casa estava me incomodando muito. Ela queria levantar a bandeira da paz, mas eu não acredito nela. E de repente, me sinto tonta, penso que deve ser da gravidez e aí tudo fica escuro...

Acordo com o Arthur esbravejando furioso no quarto, tento abrir os olhos, mas minha cabeça pesa uns mil quilos. Com muito esforço os abro e me dou conta de que tem alguém deitado ao meu lado e que estou apenas de lingerie, olho para o lado e vejo Vicente. O que? O que ele faz no meu apartamento e no meu quarto só de cueca?

Vou me situando de tudo ao meu redor, olho para o Arthur e em seus olhos eu via raiva, decepção e mágoa.

Vejo ele voar para cima de Vicente, socando seu rosto e o levando para fora do quarto e do apartamento. Ele volta ao quarto, eu tento levantar, mas minha cabeça fica tonta e acabo sentando na cama outra vez. Arthur volta para onde estou.

— Eu sabia que você era igual a todas, uma vadia que na primeira oportunidade me trai e ainda com Vicente, o meu amigo. Eu quero que você suma da minha vida, para nunca mais te ver.

— Amor, eu não sei o que aconteceu, eu estava com sua mãe aqui, ela veio para a gente fazer as pazes.

— Deixa de ser mentirosa, minha mãe não é de se desculpar com ninguém e com você muito menos. Cala a boca, Elora! Você achou que ia me enganar até quando, sua safada?

Olho para a porta do quarto e Vicente estava lá.

— Calma, cara, não era para você saber assim. Eu e a Elora temos um caso há um pouco mais de 2 meses.

Olhei para Vicente sem reação, como ele é capaz de mentir assim? Comecei a me desesperar, como ele podia mentir assim?

— Para de mentir pelo amor de Deus, eu nunca tive nada com você, me respeita.

Peguei um vaso que tinha no criado mudo e joguei nele, acertando a porta, logo ele saiu novamente do quarto.

— Elora, como você foi capaz de fazer isso comigo? Minha mãe dizia que eu ia me arrepender de estar com você, que você estava me traindo, e eu cego e burro, não quis acreditar, quem sabe pra quantos mais você não já abriu as pernas enquanto eu estava na empresa...

Levantei a mão e dei na cara do Arthur.

— Escuta aqui, me respeita que eu nunca te traí, isso tudo foi uma armação, eu não sou o tipo de mulher com quem você costumava se envolver, e você sabe que você foi o meu primeiro homem, eu entreguei para você minha virgindade e meu amor. Quer saber Arthur, some da minha vida, eu só te digo uma coisa, um dia você vai se arrepender de tudo que me disse e vai correr atrás do meu perdão.

— Vou sumir sim, você não passa de uma vagabunda.

Quando ele saiu do apartamento, me encolhi no canto do quarto e chorei, chorei muito, por tudo que estava acontecendo e chorei por ele não acreditar em mim. Passei a mão na minha barriga e a partir daquele momento seria só eu e meu filho.

Ainda Posso te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora