•Yasu Aburame•

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Quando paro para pensar sobre meu passado, me sinto satisfeita por ter aguentado e superado todas as perdas de modo que agora eu pudesse sorrir e aproveitar a companhia das pessoas que ainda me cercam.

Não vou mentir pra mim mesma numa tentativa de me convencer que foi algo fácil. Porque definitivamente não foi.

Eu já nasci perdendo algo extremamente importante para o crescimento de uma criança, minha mãe. Sobrando meros retratos em que me agarrei durante toda a infância e me apropriando das mais sutis características de minha genitora. Talvez minha versão mais nova pensasse que se fosse parecida com a Senhora Aburame, aquele buraco doloroso deixado no coração de minha família fosse embora, assim como o que eu mesma carregava.

Os cabelos dourados foram herdados dela, portanto tratei de mantê-los na altura dos ombros junto a uma franja que caia sobre a testa exatamente como Suyen Aburame. Trajes típicos do clã preenchiam meu guarda-roupa, já que ouvia dos mais velhos que minha mãe tinha orgulho de nossos costumes. Os óculos também estavam lá, grandes demais para o rosto pequeno.

Eu queria ser parecida com ela, a todo custo.

É angustiante pensar que uma criança se culpa pela morte da mãe, mas foi dessa maneira que cresci, apenas para ter meu pai arrancado de mim pouco tempo depois.

Isao Aburame.

Foi um homem de grande importância e orgulho, não só para o clã, mas para a Vila da Folha.

Tendo total confiança de Shibi, líder de nosso clã, meu pai era o mais forte Aburame da época. Liderou diversas missões na Terceira Grande Guerra Ninja e trouxe a vitória para Konoha em cada uma delas. Era conhecido e temido pelo toque mortal e seu kinjutsu capaz de dizimar toda uma aldeia.

Quando o conflito com Iwagakure alcançou o território da Grama Oculta, Isao liderou um esquadrão ao mesmo tempo que Minato Namikaze destruía a ponte Kannabi. Foi quando seu jutsu de Jarro Venenoso ficou conhecido pelas nações ao exterminar completamente uma das bases da Pedra. Mais de dez anos depois, a paisagem de uma parte do território de Kusagakure ainda denúncia o jutsu utilizado.

Mas, mesmo depois da paz, o rancor guardado no peito dos ninjas não pôde ser simplesmente apagado. Dessa forma, meu pai morreu; assassinado por um ninja da pedra e, para que ambos os países não entrassem em uma relação cheia de incertezas novamente, esse fato foi totalmente encoberto pelo governo de Konoha.

Inicialmente eu não deveria saber dos detalhes, mas acabei por acordar no meio da noite com o barulho dos fogos de artifício. Era a semana do aniversário da Hokage-sama, toda Vila ficava enfeitada para comemoração e os grandes líderes de nossos países aliados vinham parabeniza-la.

Saí do meu quarto a procura do meu genitor que já devia ter retornado de sua ida para o centro, mas não o encontrei, nem mesmo meu irmão estava na casa. Então fui para casa de Shibi, a quem eu considerava como um tio. Só não esperava encontrar uma aglomeração de Aburames frente a ela.

Entrei pelos fundos evitando a multidão e procurei pelo líder do clã, chegando ao escritório. A porta tinha uma pequena fresta aberta que foi o bastante para que avistasse Torune, mas antes que eu anunciasse minha presença meus ouvidos capturaram uma frase que me fez paralisar. Consequentemente, escutei cada detalhe do ocorrido.

Naruko Uzumaki| Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora