Prólogo

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" — Você não passa de uma garotinha medrosa, Naruko. Por que não desiste logo de ser uma ninja? Não é algo para garotas."

Sasuke havia dito isso a alguns meses, no caminho do País das Ondas onde protegiamos o construtor da ponte, segundos antes de eu furar minha mão com uma kunai e fazer um juramento. Depois de tanto tempo suas palavras ainda não saiam da minha cabeça, eu o havia perdoado mesmo o Uchiha não pedindo desculpas, ele tinha sido cruel mas não atrapalharia nossa amizade por coisas bobas como essa. Seria uma idiota se ainda estivesse chateada pelo seu comentário?

O senhor, que possivelmente tinha idade pra ser meu bisavô, depositou a tigela em minha frente desejando uma boa refeição e sumiu para os fundos do estabelecimento. Já tinha lhe contado sobre meu problema com Sasuke a dias atrás e ele, como um sábio amigo, aconselhou-me a chutar a bunda de Sasuke até que desaparecesse do país do fogo. Não era uma má idéia, pensava nisso todos os dias ao acordar, mas nem a idéia de acabar com o moreno me animava.

Era uma noite quente e solitária onde, novamente, a tigela de lamen não me animava, nem o fato da comida ser de graça. Tinha certeza que minha áurea estava tão horrível que era o motivo para o Tio do lámen ter corrido de mim nos últimos dias, não o julgaria, meu semblante estava péssimo e nada lembrava a garota hiperativa e insuportável que sou.

Empurro a tigela para longe de mim, o aroma me enjoava e não estava com um pingo de fome.

Dou um pulo do banco em que estava ao ouvir um trovão, seguido de um raio cortando o céu. Uma gota desliza pela lateral da minha cabeça e bufo ao ouvir as gostas de água caindo lá fora. Parece que Naruko Uzumaki não estar com fome era digno de uma tempestade nessa época do ano.

— Ótimo! — Digo com ironia apoiando os cotovelos no balcão e meu queixo nas costas da mão direita. Além de frustrada, voltaria pra casa encharcada.

— Definitivamente não esperava por essa chuva. — Meu sensei adentra o estabelecimento com as mãos nos bolsos e totalmente seco.

— Eu também não, mas parece que Kami está contra mim nos últimos meses.

Ele se senta ao meu lado, um semblante confuso e talvez surpreso. Normalmente eu o receberia com um abraço caloroso, um sorriso de rasgar bochechas e um comprimento tão alto que até os habitantes de Suna ouviriam. Mas apenas analiso a decoração da tigela com macarrão a alguns centimentros de mim. Seu olhar caí sobre o lamen, e ao julgar sua expressão embasbacada, ele rapidamente nota que as coisas estavam ruins o suficiente para eu perder o apetite. Escuto seu suspiro enquanto debruça sobre o balcão.

— Tem alguma coisa te incomodando, não é? Percebi seu desconforto nos últimos dias, mas você escondeu tão bem que pensei estar delirando. — O encaro por alguns segundos. Parecia preocupado.

— Não é nada. — Minto desviando meu olhar para a comida novamente. Ele afaga meus fios dourados.

— Você sabe que pode contar comigo, caso queir...

- Sabe o que eu acho engraçado, Obito-Sensei?! Sempre tratei Sasuke muito bem, e como ele me agradece? Sendo grosseiro e arrogante! Usando o fato de eu ser uma garota como uma ofensa! — Tudo bem, talvez eu não tivesse o perdoado totalmente.

Cruzo os braços frente ao peito e meus olhos azuis fitam o Uchiha transmitindo toda minha frustração. Os atos e palavras do meu companheiro de time já haviam esgotado com toda minha paciência. O considerava meu melhor amigo, mesmo com todas as implicações e brigas; éramos praticamente uma família desde o começo do time sete, e até onde sei, famílias deviam apoiar e incentivar os sonhos uns dos outros, não pisar e cospir como se não valessem de nada.

Naruko Uzumaki| Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora