Ciclo do Lobisomem. 《Concluído》

Capítulo 45. Encarando a destruição do passado.

A tarde está para terminar quando, passados uns vinte minutos desde o pedido da entrega à domicilio, a campainha no apartamento de Scarlet alertou no momento em que ela se preparava para ir buscar outra cerveja a mando de Jonathan que se manteve no sofá assistindo a um programa de TV.

- Onde está o dinheiro para pagar? - Perguntou a amante.

- Pega em minha carteira.

Scarlet abriu a porta após a campainha voltar a insistir.

Foi golpeada pelo olhar repugnado de uma mulher parada de frente a sua porta: a esposa do homem que está à vontade no sofá de sua sala, Evelyn.

O semblante de Scarlet se chocou numa rapidez espantosa. A surpresa fora tamanha que seu cérebro entrou num colapso a impedindo de dar meia palavra que fosse. Sua reação deixa claramente a informação: Eu sou a amante de seu marido.

Evelyn não espera ver uma mulher de no mínimo uns quinze anos mais jovem que ela. Destroçando por completo sua autoestima, a mulher exibe um corpo invejável expondo alguns poucos músculos modelados em algum ginásio de academia.

Scarlet foi empurrada quando Evelyn invadiu a residência feito um touro furioso parando quando chegou à sala onde encontrou seu marido portando apenas um caução enquanto relaxa no sofá do apartamento daquela estranha mulher.

Jonathan levantou-se num agiu movimento como os de um soldado que fora surpreendido ao ver um superior aparecer sem aviso.

- Evelyn?! - sussurrou demostrando um desconcertto ao extremo.

O sorriso pálido que se montou na face de Evelyn não escondeu o desgosto que está gritante dentro de si. Ver a face desgovernada numa feição indistinguível de seu marido ali calado em sua frente, lhe feriu como um punhal cortando-a sem dó seu coração em pedaços irreparáveis. Seu casamento estava definitivamente destruído.

Todos os três protagonistas da angustiosa cena, estão sem reação. Nenhum dos três estava preparado para passar e ou sair de uma situação tão imprevisível.

Evelyn se aproximou de Scarlet em cautelosos passos enquanto a examina numa explícita face de desdenho. Ao chegou a um metro dela, eis que numa inesperada façanha certeira, esbofeteou a cara da amante numa inédita demonstração de força até mesmo para si. A tapa foi de tamanha pressão que lançou a mulher ao solo como se fosse atravessar o mesmo numa escapada para apartamento de baixo.

- Evelyn! - bradou Jonathan extremamente abismado com a cena que assiste.

Sua esposa lançou lhe um olhar tão intenso o bloqueando de imediato como se tivesse poderem sobrenaturais sob seu corpo. Voltou a olhar para concubina caída a sua frente e lhe esclareceu algo arranhando sua voz raspando sua garganta pausadamente em notória fúria:

- Isso não foi por causa dele, ele não merece nenhuma atitude desta baixeza vinda de mim! É pelo grave fato de você ter deixado este caso acontecer sabendo que este crápula é casado e tem uma família ou ele te obrigou a isso? - Calou por uns segundos enquanto encara Scarlet numa deplorável cena de olhos arregalados enquanto acolhe o lado da face agredida com uma de suas mãos. - Essa cara de vítima me eleva ainda mais o nojo que tenho de gente como você! Para mim, mulher que aceita de ser "a outra" não é digna de pena...

Evelyn! - cortou Jonathan quase ao gritou atraindo o protagonismo para si.

Aproximou-se dela e a puxou por um dos braços num solavanco que a virou para si os deixando face a face.

- Chega dessa palhaçada! - disse-lhe num tom intimidador em sua voz.

Evelyn levou seu olhar ao seu braço firmemente seguro pela mão severa de Jonathan e voltou a encará-lo.

- Tire essa sua mão imunda de mim! - deixou seus olhos fixos aos dele. - Eu já não tenho mais o que fazer nesse antro de suas imoralidades com esta pessoa.

Evelyn, num golpe de supetão, deu um puxão violento arrancando definitivamente seu braço da garra de seu marido. Virou-se e em passos largos e veloz, saiu do lugar deixando o ambiente áspero a ser degustado por Jonathan e a amante.

Rapidamente chegou ao carro e arrancou-se daquele lugar tão atordoada ao ponto de não se aperceber do alarme interno que indica a ausência do cinto de segurança. Evelyn dirige devastada enquanto toda a sua vida ao lado de Jonathan está passando diante de suas memórias, as quais estão judiando ainda mais o terrível momento. Dezenas de carros passam despercebidos por seu sentido ocular, é como se existisse somente ela no mundo a sua volta, nada está presente em sua mente a não ser aquela mulher jovem, linda e esbelte que seu marido a trocou numa injustiça por tudo o que ela representou para ele ser o que é hoje.
Evelyn está padecendo por amar Jonathan e com isso sentindo na própria pele o que alguns clientes seus relataram que sofria em alguns casos que enfrentou na corte do país: amar quem quer odiar.
Os sentimentos de ódio, desgosto, queda, vazio e angústias são tão martirizantes que, no ápice do descontrole emocional, sem dar pré-aviso ao motorista do veículo detrás do seu, ela estaciona desgovernadamente no canteiro da autoestrada e deixa o pranto se expelir num choro desesperador enquanto deixa sua resta sentir o volante ao calçar sua cabeça nele.

...

Becker está estarrecida com tudo o que seu marido lhe contou vindo do patrão deles. Levantou-se e foi acompanhada pelos olhos de Paul enquanto ela caminhou até à janela. Os olhos de Becker pararam em direção da solitária lua cheia no céu. Enquanto observa às machas acinzentadas que o astro apresenta, foi acometida pela sensação de amparo num alto nível de empatia pelo que imagina que Suzy tem passado nesses últimos cinco dias, ou sendo mais precisa, nas cinco últimas noites.

- Como eu gostaria que minha menina estivesse aqui para eu cuidar dela!

- Eu também - corroborou Paul -, aquele lugar no meio do nada, tão longe de tudo e todos! Mas, seria muito perigoso, você viu o que ela fez no centro anteontem. O mundo...

- Não foi ela! - Cortou Becker indignada. - Minha menina nunca faria aquilo!

Paul foi até sua esposa e a envolveu em seus braços.

- Eu sei. Não podemos fazer nada - completou Paul com seus olhos na majestosa lua de frente a sua janela -, nós só podemos esperar que tudo saia como o planejado deles. Tudo vai dar certo.

Voltaram para cama e se confortaram para o descanso noturno.