Capítulo 39. Confidência emocional.

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- Sabe Paul - disse John ao abrir a porta do celeiro para deixar os cavalos após a desejada cavalgada pelo seu sítio -, quando estou sozinho, assim, questionando os meus pensamentos, falando à minha subconsciência, eu sempre chego à conclusão que minha vida nunca mais fora a mesma desde que Michelle desapareceu.

- Eu não gosto muito de falar de dona Michelle - disse Paul num tom de lamento. - Ela faz falta para todo esse lugar, às coisas aqui nunca mais foram as mesmas desde que ela se foi! Franc fala dela muitas vezes, além dos outros funcionários.

- Imagino. Becker sempre foi atenciosa com todos em nossa família.

- Posso fazer uma pergunta? - disse Paul cautelosamente. John consentiu com a cabeça. - Sei que não me diz respeito esse assunto, mas, tanto eu quanto Franc, nos perguntamos, às vezes em que falamos de Amy - Paul calou-se buscando uma forma branda de entrar num assunto que pode ser tenebroso. - Sabe-se que às faculdades inglesas são às melhores do mundo, eu acho, então por que Amy foi estudar tão longe, na Alemanha? A gente até compreende que, talvez, ela queira estar longe daqui, pois tudo lembra a mãe dela e todo esse mistério que ainda cerca o desaparecimento da dona Michela, mas, pelo o que se vê é que ela não está somente longe daqui, Amy está longe de você. Várias vezes eu a vejo falar com Suzy em ligações demoradas e...

- Sabe Paul? - contou John já percebendo o teor da pergunta. - Nossos filhos são tesouros de valor imensurável. Por eles nós faríamos o impossível, no entanto, cabeça dos outros é terra desconhecida. Amy tem a certeza que eu tenho algo haver com o sumiço da mãe dela.

- Mas isso é loucura!

- Tu pensas assim, eu penso assim, Suzy também pensa assim, mas a irmã, não.

- Mas você não tentou conversar com ela e falar sobre essa desconfiança maluca?

- Lembra da discursão que tive com ela na semana seguinte após o desaparecimento de Michelle?

Paul forçou sua mente.

Lembrou-se dos gritos que Amy dera em seu quarto naquela tarde. Foi uma surpresa para todos, pois nenhuma das meninas nunca antes haviam elevado à voz contra seu pai.

Paul, gestoculando com a cabeça, afirmou que sabia do dia que John que referiu.

- Pois bem. Naquela tarde ela veio com essa história que iria estudar na Alemanha. Achei estranho e questionei os motivos. Dalí começou a discursão onde ela jogou em minha cara que tinha certeza que eu tinha algo a ver com tudo isso, e que sua mãe não sumiria assim.

- Ela pode até tem razão sobre o mistério do sumisso da mãe, mas você e dona Michelle eram nitidamente felizes, como ela poderia supor que o senhor pudesse fazer algo contra sua própria esposa?

- Ela não achava que eu fiz algo contra ela, não diretamente.

Paul adentrou em seus pensamentos tentando desvendar o enigma lançado por seu patrão. Foi então que ele entendeu e se surpreendeu com a conclusão.

- Ela acha que o senhor traiu dona Michelle?

John se pôs em silêncio e deu uma acariciada no pescoço do manga-larga que ele meteu num dos cárceres do celeiro.

- Eu nunca trairia minha esposa! Michelle era uma pessoa incalculável em sua importância para mim.

- Eu sei - afirmou Paul o tocando no ombro num gesto de companheirismo.

- Sabe Paul, às vezes eu vejo casais perfeitos se separando por motivos que... - fez uma pausa buscando palavras que não distorcessem sua ideia -... são resultados da elevada vaidade egocêntrica dos parceiros.

Ciclo do Lobisomem. 《Concluído》Onde histórias criam vida. Descubra agora