Capítulo 54. Atos de amor e coragem. 2

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Eram pouco mais das sete horas da manhã quando o desejo de Jennifer foi realizado e ela entrou no leito de sua filha empurrada numa cadeira de rodas por Noah.

Nenhuma consciência tem o poder  preparar uma mãe para ver um filho seu em estado quase que vegetal num leito hospitalar.
Sua empatia se elevou ao ponto de desejar trocar de lugar com sua filha.
Ela levantou-se de seu transporte e beirou-se da maca.

Da testa para cima, a cabeça de Evelyn está completamente coberta por ataduras. Lágrimas rolam por sobre a pele envelhecida do rosto de Jennifer enquanto seus pulmões atiram golpes de ar num choro expressivo que se iniciar ao deitar seu rosto sobre o tórax da enferma.
A mão quente de seu marido lhe pesa nas costas como um sinal de apoio do pai que revela seus sentimentos num choro silencioso e recluso do homem forte que sempre foi.

- Chame a enfermeira - disse ela quebrando o silêncio.

- Para que, Jennifer?

Noah viu sua mulher vir-se a ele expressando hostilização no olhar pela pergunta mal dita. Sua face denota a evidente resposta. "Apenas cumpra o que eu disse".

Minutos depois Noah volta com a enfermeira.

- Bem, minha senhora! - Sussurrou Jennifer assim que a enfermeira entrou no leito. - Espero que você entenda que não haverá uma discussão aqui após minha informação. Você vai falar com quem quiseres para trazer minha cama para este quarto. - A empatia da enfermeira foi fortemente atingida pela imagem lamentável daquela senhora completamente desesperada em tentar segurar suas emoções ao falar. Seus olhos estão inchados e avermelhados - Eu não saio desse quarto sem a minha filha. Volto a lhe dizer: não haverá negociação, conversa ou acordos ou o que quer que seja. Só saiu deste quarto com minha filha, ela precisa de...

- Senhoras Jones - cortou a enfermeira completamente sentida pela cena assistida -, eu vou agora mesmo falar com minha chefa sobre seu desejo! Acho que não haverá problemas em trazer sua maca para cá.

A resposta caiu como um ponto final para às dezenas de palavras que a boca de Jennifer haveria de lançar caso contrariada fosse.

Sorriu palidamente e agradeceu a mulher que saiu em busca da permissão para o feito.

Noah foi até sua esposa aflita e lhe acaricio o rosto.

- Fique calma, Jennifer. Nossa filha precisa da gente bem. Você não suportaria outro ataque daqueles, por favor, pense nisso.

A senhora consentiu com um gesto de cabeça.

- Vou lá acalmar nossos netos que estão loucos para ver a mãe deles.

Deu-lhe um beijo na testa antes de ver sua esposa voltar-se para a filha encamada e acariciar-lhe o rosto delicadamente.

Noah foi em direção à porta e antes de fechá-la ouviu sua esposa começar a cantar a música que sempre cantou para sua Evelyn desde quando era pequena todas as vezes que esteve doente: "Bridge Over Troubled Water", a música que fala sobre estar presente em momentos difíceis como uma ponte sobre águas turbulentas.

...

- Você não acha estranho eles saberem tanta coisa? - Perguntou Harry sentado ao lado de Suzy ocupando a poltrona-carona no carro dela.

Os dois têm os olhos no veículo da frente onde Boyman e seu marido, estão sendo seguiadores  deles.

- Lógico! - concordou Suzy. -Chega a ser assustador!

- Pois é! Como foi que eles sabiam exatamente onde eu deixei meu carro ontem à noite?!

- Não sei amor. Só sei que no primeiro dia que eu os conheci, ela me disse que seus ancestrais eram tidos como bruxos ou feiticeiros e alguns foram até queimados vivos!

Ciclo do Lobisomem. 《Concluído》Onde histórias criam vida. Descubra agora