Capítulo 53. Atos de amor e coragem.

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     Jonathan deu alguns passos para trás; perdeu as forças nas mãos deixando o pedregulho cair enquanto amarga a realidade da descoberta. Sua face não esconde a tamanha surpresa.
Eis que Harry deixou sua cabeça cair para o lado onde está seu pai e meteu-se a encará-lo.

— Veremos o que você vai fazer quando descobrirem que seu filho, um Smith, é um lobisomem e... — Uma pausa para buscar ar quando ainda expressa enorme dificuldade de respirar. — E... Certamente, você, o próprio dono das empresas Smiths também vai ser um monstro assim como eu e sua nora.

Jonathan levou seu olhar ao ferimento. Um turbilhão de resultados negativos acometeu sua mente no tempo em que refletir sobre o dito de Harry.

— Desgraçado!

Jonathan olhou a pedra e, expressando dificuldade, abaixou para pegá-la,

Harry pôs-se de pé e deu um riso sarcástico quando a raiva expressada pelo pai lhe deu um leve gosto de vitória. Virou-se contra ele e apressou-se para voltar para a mesma floresta que a besta havia surgido.

Jonathan, ainda afrontado pela realidade que aquele ferimento pode lhe trazer, está mergulhado nas possíveis saídas para a maldição que pode estar se formando dentro de si; não teve reação ao assistir seu filho completamente nu, desaparecendo  floresta a dentro.

Largou a pedra e deixou seu corpo cair no solo gramado.
                                                                                           ...

     Suzy despertou e seus olhos focaram na tocha que clareia a caverna carcereira a sua volta. Cuidadosamente tirou a argola de seu pescoço e de seus pulsos. Sabendo que as de seus pés não saem sem abri-las, ela meteu em gatas e esticou seu corpo até conseguir que seus braços chegassem até à chave deixada, precavidamente, distante onde somente com as mãos desacorrentadas ela pudesse pegá-la evitando que a lobisomem o fizesse.

Libertou suas pernas e se vestiu antes de deixar o lugar para voltar à casa da colina.

Ao descer, a moça pensou em ir a alguma outra cidade para passar o dia. Voltou a pensar em Harry e se perturbar com a vontade de chamá-lo para passar o dia com a falsa loura em algum lugar longe dalí. Ainda lhe passou pela cabeça em também arrumar um disfarce para ele.
Lembrou-se da faculdade, nos amigos e desdenhou o tempo em que vai ter que viver assim. "Daqui a dois dias acaba esse ciclo de lua cheia". Pensou. "Vou ver com meu pai o que fazer".

Quando a moça avistou a porta do casebre onde se esconde, reparou a estranheza de a porta estar aberta.

Não viu nada de anormal na varanda. Passou, cabreira, pela porta e meteu seus olhos a vasculham a saleta. Nada. Marchou lentamente adentrando cada vez mais, até que seus olhos avistaram Harry largado, completamente nu, no sofá.

A bizarrice, que é um tanto quanto assustadora, deixou Suzy desnorteada. — Harry?! — disse se achegando do rapaz desmaiado. Reparou consideráveis marcas de sangue em seu rosto, mãos e em alguns pontos do corpo. "Meu Deus, o que eu fiz!" Pensou se autocondenando.
Suas entranhas foram invadidas por uma sensação de desespero profundo. — Nãooooo!!! — Perdeu as forças nas pernas e ajoelhou-se de frente ao namorado ensanguentado. Lágrimas emergem sem freios. Suzy o sacode em desespero. — Harry, pelo amor de Deus!

O rapaz, num ato frenético, acorda alucinado e dá um salto para fora do sofá lançando-se há metros do seu leito. Suzy, se choca com o feito caindo sentada ao chão.
Harry está ofegante, aparentando estar fora de si, ou até mesmo completamente baralhado sem saber onde está.

— Harry, pelo amor de Deus, o que está acontecendo.

O rapaz ficou alguns segundos a tentar se conectar a sua volta.

Ciclo do Lobisomem. 《Concluído》Onde histórias criam vida. Descubra agora