Capítulo 10. A volta.

88 15 13
                                    

A madrugada tranquila dos Smiths foi deturpada quando carros da polícia e ambulâncias adentraram o lugar.
Harry não teve outra alternativa: Dominic está morto, teve que chamar os homens da lei.
O agente White foi acordado pela a ligação que denunciava uma morte no sítio dos Smiths. Chegou no local, o mais rápido possível, para conduzir as investigações.

As luzes azuis e vermelhas das sirenes, além de perturbarem a escuridão nos Smiths, deixam tenso o momento, já que, diferente da primeira vez, a gravidade chegou ao estopim quando a vítima o fatal deixou de ser animais.

Anthony está atormentado e a insanidade lhe perturba a mente. "Aquilo não era um urso." diz ele repetidamente. Sem condições de dar depoimentos, ele foi levado ao hospital.

- Eu estava acordado - declarou Harry ao investigador White - e escutei o barulho do tiro que Dominic deu no urso...

- Então - interrompeu White, - o senhor afirma que o que atacou vocês fora um urso?

- Não tenho certeza. Estava muito escuro, mas, pelo tamanho e pela cor, só poderia ser um urso - tentou simplificar Harry. - Ele correu quando eu cheguei.

Bochanan anota num bloco ao que acha pertinente.

- O senhor chegou a ver o tal urso atacando o senhor Dominic Taylor?

- Não. Quando eu cheguei tudo já havia acontecido. Ele estava para atacar o Anthony e se assustou quando cheguei com meu cavalo.

- Ou seja, o senhor não viu o tal urso de perto?

- Não senhor.

- Mas - disse White num olhar ameaçador -, a única afirmação que se pode ouvir, com clareza, da boca do senhor Anthony Johnson é que aquilo não era um urso.

- Como eu disse, senhor White, estava muito escuro.

White se manteve a olhar para o semblante de Harry. Parecia querer ler sua mente.

- Entendi. - disse-lhe deixando um sorriso irônico se formar em sua face.

- Acabou?! - perguntou Harry se mostrando impaciente.

- Por enquanto, sim.

Harry se despediu e sentiu o olhar incrédulo do detetive acompanhá-lo até que ele entrasse em casa. Evelyn estava à porta e o acolheu.

O detetive não se fiou ao depoimento do filho mais velho do Smiths. "Nunca ouvi  dizer que ursos atacavam no meio da noite!". Pensou.

White se vê num quebra-cabeças com pouquíssimas peças à mostra.

- O que acha! - Perguntou a Bochanan.

- Há algo errado nisso tudo! - respondeu Bochanan numa expressiva reflexão investigativa. - O tal urso não se assustou com o barulho dos tiros, e - levou a mão ao queixo -, nem com a aparição de Anthony Johnson quando ele chegou montado em seu cavalo, entretanto, segundo o Smith, o urso se assuntou quando ele chegou da mesma forma que a segunda vítima!

White impressionou-se com a reflexão investigativa do então inábil policial.

- Se o Smith tiver razão - disse White respeitando o pensamento pertinente de seu "Watson" -, há um urso noturno devorador de gente nas redondezas; por outro lado, se o enlouquecido Anthony Johnson tiver razão, em dizer que aquilo não era um urso, o que poderia ser?

Viajaram, por uns poucos segundos, em algumas possibilidades.

- O que seria tão grande quanto um urso?! - disse Bochanan em tom baixo, como se estivesse falando pra si mesmo.

- Por hoje não temos mais o que fazer por aqui - afirmou White. - Avise a guarda florestal para que logo assim que o sol nascer, montar um grupo de homens a fazerem uma varredura nas florestas de Inverness.

Ciclo do Lobisomem. 《Concluído》Onde histórias criam vida. Descubra agora